Por Valdir
José Nogueira - pesquisador/ escritor
No centro histórico da cidade de São José do Belmonte, dominando a paisagem da
bonita e tradicional Praça Pires Ribeiro, um imponente casarão chama atenção
por sua extrema beleza.
Pouca gente sabe, mas o casarão foi construído, entre os anos de 1911 e 1912,
pelo Coronel Luiz Gonzaga Gomes Ferraz, importante comerciante, fazendeiro e
pecuarista nascido no vizinho município de Floresta.
Esta imponente casa, em estilo neoclássico, é uma herança dos tempos opulentos
em que o poder oriundo da borracha da maniçoba, dominava o cenário local.
Por toda a extensão do casarão há belos elementos decorativos, não apenas no
frontão, mas por todas as paredes que compõem a fachada do imóvel.
A importância deste Casarão não se resume apenas aos seus belos traços
arquitetônicos, vai muito além uma vez que está intimamente ligada ao fenômeno
do cangaço em Belmonte. Esta casa, no alvorecer do dia 22 de outubro de 1922
foi atacada por cangaceiros dentre os quais Lampião, em parceria com um parente
do chefe cangaceiro Sinhô Pereira, Crispim Pereira de Araújo, conhecidos por
“Ioiô Maroto”.
Como não poderia deixar de ser, o ataque à residência de Gonzaga foi implacável. A resistência ofertada pelo proprietário e por policiais da guarnição de Belmonte arrastou-se longo tempo, mas o local foi invadido, saqueado, arrasado e o comerciante sumariamente executado em um quarto contíguo a sala de visitas.
O trauma provocado pelo trágico desaparecimento do coronel Luiz Gonzaga Gomes
Ferraz, levou a sua esposa Martina a retirar-se definitivamente do Município de
Belmonte com sua família.
Entre os anos de 1930 a 1934 o Casarão passou a sediar o Paço e Conselho
Municipal de Belmonte (Prefeitura), até ser adquirido no ano de 1936 pelo Sr.
João Batista Frutuoso de Pádua, tabelião local, pela quantia de quatro contos
de réis. Seu João de Pádua foi casado com dona Pergentina Nunes da Silva,
descendente do antigo sesmeiro Aniceto Nunes da Silva e prima legítima do
escritor Rodrigues de Carvalho, autor do livro “Serrote Preto, Lampião e seus
sequazes”.
Hoje o Casarão pertence aos herdeiros do Sr. João de Pádua, cuja neta Perginha, residente no imóvel, ao longo do tempo vem lutando com todas as forças para preservar este grande patrimônio, histórico, turístico e cultural de São José do Belmonte.
Valdir José
Nogueira de Moura
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