Texto
e fotos por Wagner Barreira
“Em novembro
de 2017, viajei pelo sertão nordestino para as pesquisas de Lampião e
Maria Bonita – Uma História de Amor e Balas. Percorri 2.427 km de carro, outros
100 km em picape 4×4 dentro do Raso da Catarina, na Bahia, mais 20 km de
voadeira no rio São Francisco na divisa de Alagoas e Sergipe, alguns outros em
caminhadas.
Estava em
busca de pesquisadores, relatos e da geografia do cangaço. De Recife, onde
começou a jornada, até Serra Talhada, berço de Virgulino Ferreira da Silva, o
próprio caminho testemunha as mudanças da “quebrada do mar” ao sertão profundo.
Os muitos rios e a vegetação espessa da capital de Pernambuco rapidamente dão
lugar à Zona da Mata e ao agreste e suas plantações. À medida que a viagem
prossegue rumo ao interior, o verde vai mudando de tonalidade até desaparecer,
cedendo lugar a árvores pequenas e retorcidas, cada vez mais cinza.
A estrada, em
excelente estado de conservação, corta os rios do alto sertão. O Moxotó e o
Pajeú se revelam cursos d’água por causa das pontes. Embaixo, há areia e
desolação. O líquido só se conserva nas cisternas, frutos de uma ação do
governo federal no começo do século, nas pequenas propriedades que se sucedem
pelo caminho. Foi nesse cenário, que conhecia como poucos, que Lampião
instaurou seu reinado. As marcas ainda estão por lá.
Algumas são
visíveis, como os tiros na casa em ruínas de seu primeiro inimigo, Zé
Saturnino, em Serra Talhada. Ou as cruzes que marcam o local da morte do
cangaceiro e de Maria Bonita e outros nove fora da lei, em Angico, Sergipe.
Outras são mais dissimuladas. Há “museus do cangaço” em dezenas de cidades, com
acervos variáveis – mas sempre há um rifle e uma sanfona em exposição. Nas
feiras, camisetas e esculturas de barro representando o casal são artigos
fáceis.
Nas conversas
que tive com pessoas idosas, todos guardam uma história de Lampião envolvendo
familiares, umas verossímeis, outras, não. Lampião e Maria Bonita, mais de
oitenta anos depois da morte, estão no cotidiano dos sertanejos. A perseverança
da memória de um casal que viveu à margem da sociedade, em fuga permanente da
polícia, foi o que mais chamou a minha atenção. Mas isso é tema para um novo
post…”
***
Wagner
Barreira nasceu em São Paulo, em 1962. Jornalista, trabalhou nas
revistas Veja e Aventuras na História, no jornal O Estado de S. Paulo
e na TV Cultura. Também foi diretor editorial de mídias digitais na
Editora Abril e professor de Técnicas de Reportagem e Teoria do
Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica paulista. Vive em São
Paulo e tem três filhos. É o autor de Lampião e Maria Bonita – uma
história de amor e balas; saiba mais sobre o livro clicando
aqui.
http://www.blogdaplaneta.com.br/2018/11/06/cangaco-lampiao-maria-bonita/?fbclid=IwAR16coHvLYDPCJE6HUDTUZSv5Zc3QHgvXUGelFpOjayYwcbG8JGHqct5HTc
blogdomendesemendes:
Não sei, mas talvez você encontrará este livro através deste e-mail:
franpelima@bol.com.br
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