Ao
lado do filho Gonzaguinha, o Velho Lua canta Asa Branca, hino nordestino que
completou 70 anos em 2017 (Foto: Reprodução)
Canções que só
haviam sido tocadas na vitrola, em vinil, estão disponíveis para serem baixadas
ou ouvidas em streaming.
É só chegar
junho para o forró reinar quase que absoluto na maioria das festas e aparelhos
de som do Nordeste. Hoje o que se chama de forró vai muito além dos ritmos
tradicionais como o baião, a quadrilha ou o xaxado e já alcança versões mais
contemporâneas como o forró universitário e o eletrônico.
No entanto,
quem não abre mão do dois pra lá e dois pra cá e gosta mesmo de dançar
agarradinho ao som de um bom pé de serra ganhou, no início deste mês, a
oportunidade de reviver, em formato digital, a obra de Luiz Gonzaga
(1912-1989), o maior nome da música nordestina.
Isso porque a
Sony Music Brasil, detentora dos títulos originais do Rei do Baião, relançou
parte da discografia do artista. Agora, canções que só haviam sido tocadas na
vitrola, em vinil, estão disponíveis para serem baixadas ou ouvidas em
streaming.
Tesouros
Gonzagão é o quarto tesouro do catálogo da gravadora a ganhar lugar nas plataformas digitais. Antes dele, a discografia do Planet Hemp, Bezerra da Silva e Jackson do Pandeiro já havia sido relançada no formato.
No total,
foram disponibilizados 15 álbuns do Velho Lua, lançados originalmente entre
1970 e 1988. Neles, há duetos de Gonzagão com Alceu Valença, Geraldo Azevedo,
além de participações de Sivuca, Dominguinhos e Altamiro Carrilho.
Uma boa pedida
para quem quer sentir o clima das festas juninas do interior é escutar o disco
Luiz Gonzaga & Fagner (1984), onde sucessos como São João na Roça, Baião e
Boiadeiro ganham releituras que pegam fogo, e que, em 1988, se completam com as
versões de Vem Morena, ABC do Sertão e Xamego, registradas na continuação da
parceria, em Gonzagão & Fagner 2 - ABC do Sertão.
Com o filho
Gonzaguinha, o Rei do Baião divide Asa Branca, música que em março deste ano
completou 70 anos. Marca registrada de Gonzaga, Asa Branca canta a saudade do
amor perdido com o exílio forçado devido à seca. A força da canção pôde ser
vista em 2009, quando a Revista Rolling Stone Brasil publicou uma lista com as
100 maiores músicas da história do país. Um honroso 4º lugar, ficando atrás de
clássicos como Carinhoso, Águas de Março e Construção.
Polêmica
Na última semana, Asa Branca esteve no centro de uma polêmica, devido a uma versão pornográfica feita pelo funkeiro paulista MC Yuri. A música Festa Junina da Putaria colocou sobre a melodia do clássico nordestino uma letra de cunho sexual, que revoltou a família de Gonzagão.
Em postagem
feita no Facebook, o filho de Gonzaguinha, Daniel Gonzaga, criticou a versão.
“Achei mais uma fuleiragem de garagem do que um hit.... Nem engraçado achei.
Deem atenção não que passa. Se ficar falando nisso... volta. Ajudem o
ostracismo a fazer seu trabalho”, escreveu. Nas redes sociais, muitas foram as
pessoas que consideraram a versão do MC um desrespeito à obra do Rei do Baião e
digna de processo judicial.
Asa Branca foi
composta por Luiz Gonzaga ao lado do médico Humberto Teixeira (1915-1979) e
passou dois anos para ser concretizada. Essa é só uma das muitas faixas
compostas em parceria com Teixeira, que inclusive é homenageado por Gonzagão na
música Doutor do Baião, presente no disco De Fiá Pavi (1987).
O clima de
homenagem também dá a tônica do disco O Canto Jovem de Luiz Gonzaga (1971), uma
homenagem aos grandes nomes da cena musical brasileira, a quem Gonzaga então
comemorava fazer companhia na lista de atrações dos grandes shows e festivais
do país.
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