"A
fazenda Nascença pertenceu aos Santos até 1850, data em que foi adquirida pelo
coronel Simplício Pereira da Silva, célebre mandatário do Pajeú. Depois de
Simplício, a Nascença passou, respectivamente, às mãos de João Alves Biró,
Manuel Inácio Medeiros, Antônio Leite Rabelo da Cunha, Raimundo Tavares de
Souza, Basílio Gomes da Silva e José Jacinto de Araújo." (Otacílio Anselmo
e Silva).
Simplício
Pereira da Silva, o "Peinha de Mão", nascido no ano de 1784, consta
ter falecido na fazenda Baixa Grande, freguesia de Jardim, Ceará, aos 10 de
janeiro de 1859, com 75 anos de idade. Capitão, depois Tenente Coronel da
Guarda Nacional, promovido em 19 de novembro de 1842, quando prendeu os
implicados na Revolta do Exú, denominada de Pré-Praieira, foi proprietário das
fazendas Olha D'água da Boa Vista e Cachoeira, residia em Belmonte (atual São
José do Belmonte) e seus interesses políticos abrangiam as vilas de Barbalha e
Santo Antônio na Barra de Jardim, também comarca de Crato. Foi um grande líder
da família Pereira do Pajeú, destemido e inquieto.
Por sua
pequena estatura era alcunhado por Peinha de Mão. Cel. Simplício participou de
muitas aventuras e a literatura diz que gostava de matar índios. Entre
batizados e pagãos, matou até perder a conta. Peinha de Mão lutou com um bando
de cabras do Pajeú contra o Coronel de milícias, Joaquim Pinto Madeira, o homem
da "Coluna, do Trono e do Altar". O coronel Simplício foi um dos
principais combatentes dos fanáticos da Pedra do Reino, ocorrido em Belmonte,
Pernambuco, em 1838. Neste fato triste e cruel, Simplício Pereira perdeu dois
irmãos: Alexandre Pereira da Silva e Cipriano Pereira da Silva.
Dizem que
Simplício Pereira, guiado por um índio traiçoeiro, assassinou na Serra Negra,
município pernambucano de Floresta, o chefe do Partido Liberal em Pajeú de
Flores, o Cel. Francisco Barbosa Nogueira Paz.
O coronel
Simplício casou duas vezes, primeiro com Ana Joaquina do Amor Divino (Dona Ana
Nunes), falecida na fazenda Baixa Grande, em Jardim, aos 12 de junho de 1878,
com origens na Casa da Torre, filha de Aniceto Nunes da Silva e de Antônia
Lourenço Aragão. O segundo casamento foi com Cândida Firmino dos Santos,
realizado no pátio da Fazenda Nascença, no arraial de Brejo dos Santos,
freguesia de Jardim, adquirida em 1850. Sua permanência lá durou ao menos até
1858, quando foi batizada sua filha Maria Pereira dos Santos, fruto do segundo
casamento.
As histórias
sobre Simplício Pereira, em seu tempo, são infinitas. O apelido de Peinha de
Mão ocorria por ser um homem pequeno, porém o que lhe faltava em altura,
sobrava em coragem e ousadia. "Conta-se que certa vez Simplício foi
aprisionado por sete ou oito índios e um deles o levava nas costas amarrado.
Por ser ele pequeno como a peia que se colocava nas patas dianteira dos cavalos
no sertão, conseguiu soltar-se com uma faca que trazia escondida e cravou o
índio, saindo em desembalada correria para a casa da fazenda, ali assediado de
flechas, entrincheirou-se e matou os índios que o levavam preso".
O Brejo é
Isso!
por Bruno
Yacub Sampaio Cabral
Fonte
Bibliográfica
- NEVES,
Venício Feitosa; O Patriarca, Crispim Pereira de Araújo "Ioiô
Maroto"; Editora e Gráfica Real; Cajazeiras - PB; 2016;
- OLIVEIRA,
Tomas Paoliello Pacheco de; Revitalização étnica e dinâmica territorial,
Alternativas contemporâneas à crise da economia sertaneja; Contra Capa Livraria
Ltda; Rio de Janeiro - RJ; 2012;
- SILVA,
Otacílio Anselmo e, Esboço Histórico do Município de Brejo Santo, em revista
Itaytera N° 2, Instituto Cultural do Cariri, Crato - CE, 1956;
- CABRAL,
Bruno Yacub Sampaio; Dos Santos do Brejo ao Brejo dos Santos; Revista O Brejo;
Ano 1; N° 1; 2019; Brejo Santo – CE.
— em Brejo Santo.
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