Por Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2020 - Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.294
O rio São
Francisco extrapola o leito e forma inúmeras lagoas, muitas das quais se
tornaram famosas de Pão de Açúcar a Penedo. Matam a fome do povo ribeirinho com
plantio de arroz, peixes e pastagem de várzeas para bovinos e gado miúdo. Os
rios intermitentes do semiárido não produzem lagoas: nem o Ipanema, nem o
Traipu, Capiá, Desumano, Canapi, Farias, Jacaré... Quando sem corrente, apenas
poços em lugares pedregosos. Entretanto, o Sertão possui inúmeras lagoas que em
grande parte desapareceram vítimas do desmatamento, da ignorância e da apatia
de moradores que sempre delas precisaram. Elas são pequenas e quando possuem 50
m2 já são enormes. Formam-se em depressões de terrenos com bons lençóis
freáticos abastecem rebanhos domésticos, bichos selvagens e os humanos.
As lagoas sertanejas sempre demarcaram lugares sendo denominações de sítios,
porém, muitas delas extintas deixaram apenas o nome nos históricos dos
municípios. Em Santana do Ipanema temos os sítios rurais: Lagoa do Algodão,
Bonita, De Dentro, Garrote, João Gomes, Junco, Mijo, Morais, Pedro, Redonda,
Torta, Volta e outras lagoas sem o nome do lugar. O desmatamento do entorno de
muitas delas, foi o primeiro golpe. Em seguida vieram a areia tangida pelo
vento; barro, areia e cascalhos trazidos pelas enxurradas das chuvas
torrenciais. Depois, a indiferença do homem que nunca fez limpeza alguma de
assoreamento nem reflorestou pelo menos em vinte metros às suas margens. Quem possui
lagoa em suas terras, possui riqueza traduzida em água para a família e para o
rebanho, vida selvagem, umidade, refrigério e plantio, mas onde está o “faz que
te ajudarei” proposto pela Natureza?
Pena não podermos oferecer subsídios sobre os nossos mananciais sertanejos, uma vez que não encontramos apoio para um trabalho extraordinário que iniciamos sobre a zona rural. Autoridades não ajudam a produzir nem a publicar documentários sobre interesses coletivos. A conversa é sempre a mesma: “mas, mas, mas...” Que só não enche o saco de bajuladores.
Esta crônica foi inspirada em relatório publicado por órgão estadual falando sobre a enorme perda de nossos mananciais.
A propósito, a família Chagas em Santana do Ipanema, é originária da sua fixação no sítio Pedra da Lagoa, a cerca de 12 km do centro da cidade. Região do alto d’Ema.
TÍPICA LAGOA
DO SEMIÁRIDO. (IMAGEM: blog fatos e fotos da caatinga).
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