Por Rubens Antonio
13 de abril de 1928, no “A Tarde”: O “TRUC” DE UM GOVERNADOR Como o sr. Costa Rego desarmou o sertão de Alagoas
RIO, 12 (A TARDE) – Numa roda de amigos em que se achava conhecida figura, provinda de Maceió, ouvi a seguinte interessante narrativa:
Empenhado em acabar com o banditismo no Estado de Alagoas, o governador Costa Rego architetou e poz em pratica uma medida original.
Allegando receios de reacção contra o seu governo, o sr. Costa Rego teria dirigido aos chefes politicos do interior, dos quaes alguns eram protectores conhecidos de cangaceiros, uma circular alludindo a essas suspeitas e pedindo o apoio a cada umd elles, apoio que consistiria em reunir o maior numero possivel de homens destemidos, embarcando–os para a capital, para onde deveriam vir logo armados e municiados, trazendo a maior quantidade de armas e munições que fosse possivel arrecadar.
Á vista dessa circular, e querendo dar arrhas de maior dedicalão ao governo, cada umd esses chefes entrou a empregar os maiores esforços, na demonstração da sua força.
Dahi resultou que legiões e legiões de cangaceiros vieram para a capital, promptos para combate. A cidade, pode dizer–se, ficou invadida por esses maus elementos.
Á proporção que iam chegando, o sr. Costa Rego ia arranchando esses cangaceiros nos quarteis e em casas que para esse fim destinou. E lá um bello dia, depois de pagar pelo governo as despezas da sua estada, deu passagens de volta a todos elles, fazendo–os portadores de cartas para os alludidos chefes politicos, nas quaes lhes agradecia o concurso prestado, que já não era, porém, preciso por haver passado a temerosa crise.
Quando, porém, esses chefes reclamaram as armas que tinham vindo, o sr. Costa Rego, então, lhes declarou, em nome do governo, que não havia necessidade de gente armada no interior do Estado.
Extraído do blog: "Cangaço na Bahia" do professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.
http://cangaconabahia.blogspot.com/2011/12/alagoas-desarmada-por-costa-rego.html
Informação ao leitor:
Lembrando ao leitor que o português usado no texto é de 1928, não podendo ser corrigido.
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