Por André Nogueira
Jararaca em
foto rara da época - Wikimedia Commons
Um dos mais
famosos e populares dos bandoleiros nordestinos, principalmente no Rio Grande
do Norte, Jararaca faz parte da cultura do povo mais pobre. Anos após a sua
morte, o túmulo em Mossoró ainda é visitado por simpatizantes em prece ao nome
dele, que virou santo.
Nascido em
Pernambuco e batizado de nome José Leite de Santana, Jararaca entrou no
exército aos 19 anos, tornando-se soldado raso e servindo em São Paulo. Nessa ocasião,
participou das campanhas das tropas do general Isidoro Dias Lopes, o Marechal
da Revolução de 1924. Ou seja, ingressou um importante movimento tenentista do
sudeste, em busca de mudanças institucionais.
Jararaca
serviu até 1926, ano em que largou a instituição e, em meio às especulações de
melhoria de vida no banditismo, adentrou ao Cangaço, participando do famoso
bando de Lampião. Com conhecimento de artilharia, ele foi bem aceito no grupo,
no entanto, a carreira foi curta.
Cangaceiros /
Crédito: Wikimedia Commons
Segundo
relatos vindos do próprio Jararaca, ele acompanhou diversos casos atrozes do
bando, como o episódio em que Lampião teria invadido a festa de casamento de um
inimigo e, com seu próprio punhal, causado a morte do noivo. Já a noiva teria
sido estuprada na caatinga pelos cabras do bando.
De acordo com
fora da lei, Virgulino também ordenou que os convidados de um baile tirassem as
roupas e dançassem xaxado completamente nus. Todavia, Vera Ferreira, neta de
Lampião, que hoje cuida das memórias do avô em Aracaju, Sergipe, vê muito
folclore nesse tipo de história.
Combate
Na tarde de 13
de junho de 1927, feriado de Santo Antônio, Lampião e seus 53 cangaceiros
enfrentaram, ao menos, 150 homens armados
na defesa de Mossoró, uma das mais prósperas cidades do Rio Grande do
Norte.
Um dia depois
do episódio, quando o povo de Mossoró ainda temia o possível retorno de Lampião
e partiu em busca de vingança, Jararaca, de 26 anos - segundo registros
oficiais -, foi capturado e arrastado num matagal.
Mesmo com um
rombo de bala no peito conseguiu gargalhar durante uma entrevista na cadeia.
Segundo o relato de Lauro da Escóssia, então repórter do jornal O Mossoroense,
que acompanhou o caso, o cabra de Lampião dizia que era por causa das
“lembranças divertidas do cangaço”.
Fato é que, na
cadeia, o criminoso virou atração pública na cidade potiguar. Quando já
apresentava alguma melhora do ferimento, mesmo sem ser medicado, ouviu que
seria transferido para a capital, Natal. Era mentira.
“Alta noite,
da quinta para a sexta feira, levaram Jararaca para o cemitério, onde já estava
aberta sua cova”, relata Escóssia. Pressentindo a armação, Jararaca disse: “Sei
que vou morrer. Vão ver como morre um cangaceiro”.
O capitão
Abdon Nunes, que comandava a polícia em Mossoró, relatou dias depois os
momentos finais do capanga
de Lampião: “Foi-lhe dada uma coronhada e uma punhalada mortal. O bandido deu
um grande urro e caiu na cova, empurrado. Os soldados cobriram-lhe o corpo com
areia”. O então soldado João Arcanjo teria sido o responsável pela bala final
que matara o bandido.
Pelas
circunstâncias da morte, o túmulo de Jararaca virou local de romaria. Na
cultura popular, acredita-se que Jararaca é um santo, pois se arrependeu de
seus pecados no momento antes de sua morte e teria gerado graças diversas
depois de assassinado. Até hoje as pessoas rezam e fazem promessas com pedidos
ao cangaceiro executado. Na terra do Sol, Deus e o Diabo ainda andam juntos.
Pesquisas
feitas pelo próprio Escóssia revelam que o cangaceiro nunca ordenou ou praticou
estupros coletivos que o bando realizava. Em constante embate em relação aos
rumos de sua vida, Jararaca era um bandido muito singular.
Segundo Paulo
Medeiros Gastão assessor da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, ao
Jornal Gazeta do Oeste, “a história do milagre se confunde muito com o
misticismo, com a conduta cultural de um povo”. Ele explica que “Jararaca
apenas foi consagrado por conta de sua bravura”.
“O povo sempre
busca o menor para enaltecê-lo. Nós sentimos isso no próprio cemitério, quando
o túmulo de Rodolfo Fernandes não recebe o mesmo número de visitas
correspondentes ao tumulo onde está Jararaca”.
O túmulo de
Fernandes, político que comandou a defesa de Mossoró contra Lampião,
é grande e rico, pois o político era de família grande e poder forte (o que não
iria atrair os olhares populares, das pessoas que tinham que ser submissas a
ele).
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