Por Luís Bento - 10-10-2021
Sempre que vinha ao Cariri, o que acontecia com frequência nos anos de 1926 a 1928, o então Distrito Macapá atual JATI era porta de entrada de Lampião e seu grupo Cangaceiro. Aqui seu grupo era engrossado por Horácio Novaes ou Horácio Grande, por ser muito alto, que vivia escondido na fazenda Agrestim, arredores de Porteiras, por ter crimes na sua terra natal, Floresta Pernambuco.
Por volta do ano de 1925, Horácio Novaes, pernambucano, mas marando na Cidade de Porteiras, briga com Franclim Tavares Pinheiro, Franco Pinheiro, Prefeito daquela Cidade. Horácio Novaes prática um crime matando um morador de Porteiras e é perseguido pelos policiais desta cidade a mando do Prefeito Franco Pinheiro. Horácio foge para sua cidade natal, Floresta. Lá forma um bando com Lampião e manda avisar que voltará para queimar a fazenda Conoa de propriedade de Franco. E pouco tempo após ele cumpre a ameaça ao atear fogo na localidade de Canoa. Ele não esquecera.
Foto da antiga Macapá atual Jati-CE
Quando começa o incêndio, um vaqueiro que ia passando viu o fogo e corre para avisar a Antônio Teixeira leite, seu Tonho da Piçarra. Ele se arma e vai correndo para a cidade com a finalidade de avisar ao primo Franco Pinheiro do fogo na fazenda. Quando chegaram os bandidos já haviam fugidos e o fogo tinha destruído tudo. Era a maior tristeza, ver uma fazenda tão bonita e destruída por instinto de vingança.
Um mês depois Antônio da Piçarra recebe uma carta de Horácio Grande pedindo uma grande quantia em dinheiro, dez mil contos de réis ( o valor da sua fazenda )e que em caso negativo ele queimaria a Piçarra, assim como fez com a fazenda Conoa. Era muito dinheiro. Antônio aconselhado pela mulher resolver ir pedir conselho ao Padre Cícero na cidade de Juazeiro do Norte. Naquela época todos pediam opinião e conselho ao Padre Cícero quando tinham que tomar decisões. Depois de ouvir toda a história, o Padre Cícero fala:
" Pois você cheque em casa, faz uma carta pra esse Cangaceiro Horácio dizendo que não pode pagar. Inventa de uma compra e diz que não tem dinheiro agora, ou melhor, diz que está pagando a propriedade e diz que não quer intriga com ele. Diz que não tem nada a ver com a briga dele com Franco "- aconselha o Padre Cícero.
" Mas meu Padim, fui eu quem avisou a Franco do incêndio na propriedade dele, saí em perseguição com mais de quinze homens armados. Ele sabe de tudo, até do meu parentesco com Franco" - insiste Antônio,
" Mas aí você diz que não sabia que era ele. Se soubesse não tinha ido, você pensava que era outro Cangaceiro ". - sugere o Padre Cícero em tom bem apaziguador.
Como se tivesse uma visão de futuro, o Padre coloca a mão na cabeça de Antônio e diz em forma de orientação e muita fé;
" Não venda a sua fazenda, fique lá. Você vai morrer velhinho na sua casa, ninguém vai lhe matar."
Antônio volta a Piçarra e manda uma carta a Horácio por uns cabras lá da fazenda Riacho do Navio, gente valente também do Cangaço. Estes tinham contato fácil com Horácio Novaes.
Naquele tempo todo Nordestino procurava o Padre Cícero para pedir conselhos e principalmente abrigo. Dois tios de Lampião, perseguidos pela polícia de Pernambuco, viajam para Juazeiro do Norte com a finalidade de pedir apoio. Foi aí que o astuto Padre lembrou do caso entre Antônio e Horácio: A ameaça de Horácio em tocar fogo na fazenda Piçarra porque Antônio saiu no percalço perseguido-o quando este ateou fogo na fazenda Canoa de seu primo Franco Pinheiro.
O Padre viu que de uma atitude única resolveria vários problemas e manda uma carta para Antônio solicitando que ele receba os dois casais com seus filhos. Antônio dar moradia e contrata este pessoal como rendeiros associando a ideia do Padre Cícero que uniu o útil ao agradável.
" Eu fique até satisfeito, diz Antônio, porque eles sendo primos de Lampião, Horácio o chefe do bando, num ia mais me perseguir porque Lampião era o elemento mais importante depois de Horácio ". Dito e feito. Horácio esquece toda a desavença com seu Tonho. Pôr insistência da família decide deixar a vida do Cangaço e vai embora".
Fonte - Antônio Euzébio Teixeira Rocha Im memoriam ( Saga de Antônio da Piçarra de Padre Cícero a Lampião ). Pág - 109 - 110.
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