Quando chegou
ao Brasil vindo da Argentina em 1961, Mengele passou a se chamar Peter
Hochbichler e foi morar em Nova Europa, a 318 km de São Paulo. Por intermédio
de Wolfgang Gerhard, um simpatizante de Hitler que morava no país desde 1948,
foi apresentado ao casal Geza e Gitta Stammer.
Como estavam à
procura de alguém para administrar sua fazenda de café, resolveram contratá-lo.
Um ano depois, se mudaram para Serra Negra. "De tão campesino, nosso
município não tinha sequer asfalto. Era o lugar ideal para alguém se
esconder", afirma o historiador Pedro Burini, autor de O Anjo da Morte em
Serra Negra (2013). "Como os Stammer eram húngaros, Mengele ficou
conhecido na região como Pedro Hungarês. Ou, simplesmente, Pedrão."
Filho de um
rico industrial do ramo de equipamentos agrícolas, Josef Mengele nasceu em
Günzburg, na Alemanha, no dia 16 de março de 1911
Sob o pretexto
de observar pássaros, Mengele mandou construir uma torre, com cerca de seis
metros de altura, no telhado do sítio. Munido de binóculos, passava horas lá em
cima, vigiando quem entrava e saía da propriedade.
"Mengele
vivia sob constante tensão. Tinha pavor de ser capturado por agentes do Mossad,
o serviço secreto de Israel", relata o jornalista francês Olivier Guez,
autor de O Desaparecimento de Josef Mengele, previsto para ser lançado, ainda
este ano, pela editora Intrínseca.
"O pavor
era tanto que deixou o bigode crescer. Acreditava que, por debaixo dele,
ninguém o reconheceria. O problema é que, de tanto mastigar os fios do bigode,
formou-se uma bola de pelos em seu estômago, que o obrigou a fazer uma
cirurgia."
Paranoico,
Mengele raramente saía de casa. Passava os dias recluso, lendo Goethe e ouvindo
Strauss. Quando precisava ir à cidade, vestia capa e chapéu. Não satisfeito, ia
escoltado por uma matilha de cães que ele mesmo adestrou.
A amizade com
os Stammer chegou ao fim em 1975, quando Geza descobriu que Mengele e sua
mulher tiveram um caso. Foi quando o criminoso de guerra mais procurado de
todos os tempos se viu obrigado a mudar de endereço. Dali em diante, perambulou
por diversas cidades paulistas, como Caieiras, Diadema e Embu.
Procura-se
vivo ou morto. Recompensa: US$ 3,4 milhões
Seu último
esconderijo foi a residência dos Bossert, no bairro do Brooklin, na capital
paulistana. À época, Gerhard precisou regressar para a Áustria e deixou toda
sua documentação com Mengele.
De saúde
frágil, o médico de Auschwitz queixava-se de insônia, hipertensão e reumatismo.
À noite, não ia para a cama sem esconder uma velha pistola Mauser, uma
semiautomática de origem alemã, sob o travesseiro. Faz sentido. Sua cabeça
valia, na ocasião, um prêmio estimado de US$ 3,4 milhões, algo em torno de R$
12 milhões.
Em outubro de
1977, quando morava na Estrada do Alvarenga, próximo à represa Billings,
Mengele recebeu uma visita inusitada: Rolf, seu filho. Ao longo de duas
semanas, quis ouvir do pai sua versão sobre Auschwitz.
Em entrevista
ao programa The Phil Donahue Show, de 17 de junho de 1986, Rolf Jenckel, hoje
advogado em Munique, na Alemanha, relata que, em nenhum momento o velho
demonstrou culpa ou remorso: "Não admitiu que fez nada de errado. Disse
apenas que estava cumprindo ordens."
Sob o nome
falso de Wolfgang Gerhard, o corpo de Mengele foi sepultado no cemitério de
Nossa Senhora do Rosário, em Embu das Artes. Provavelmente estaria lá até hoje
se, em maio de 1985, a polícia alemã não tivesse interceptado cartas dos
Bossert endereçadas a Hans Sedlmeier, um ex-funcionário da família Mengele.
Desconfiadas,
as autoridades alemãs acionaram a polícia brasileira que, sob a
responsabilidade do superintendente da PF em São Paulo, o delegado Romeu Tuma,
resolveu fazer buscas na residência do casal e descobriu toda a verdade.
Fonte BBC News
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