Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.054
O cavaleiro montou defronte o “Bar de Maneca” e instigou o animal em direção ao rio Ipanema, descendo à Rua Barão do Rio Branco. Chegando entre a padaria e o cinema, o burro empancou. O cavaleiro o esporeou. O burro não quis prosseguir e preferiu rodopiar com o cavaleiro. Este, claramente começou a babar de ódio e a esporear o animal, sem trégua. O burro continuava rodopiando, mas não avançava um palmo na direção que o cavaleiro queria. O povo parava para contemplar a cena de tortura animal. Da barriga do burro, o sangue espanava e escorria perigosamente. Não vimos um só adulto interferir na cena que chocava a população. E o bicho bruto montado continuava sua tortura revoltante por longo período de tempo. Não podemos afirmar o que aconteceu depois, pois foge à lembrança.
Mas é sabido que os muares, principalmente, costumam ver cenas do outro mundo nas suas viagens com montaria. Muitas dessas visões acontecem em beira de riachos com espíritos ou com objetos sobrenaturais. Como o insensível é bruto, tortura o animal na espora desesperadamente e muitos ainda acham pouco e passam a lhe bater com pau na cabeça. E se visse o que estava vendo o burro, seria machão suficiente para disparar numa corrida louca de volta a casa. O trato dos humanos com os animais, ainda está longe da compreensão de simbiose entre ambos.
Afinal de contas, quem é o mais estúpido, o que é montado ou o que monta?
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