Por Antonio Morais
Atendendo a
uma sugestão de Sebastião, Antonio de Amélia conta que, em companhia de pessoa
indicada por Sebastião, se dirigiu para o local não muito distante do sítio, onde o seu parente teria encontro com os cabras de Virgulino. Ali aguardaria as
notícias de Sebastião ou a ordem para se apresentar na casa onde estavam os
bandidos. Antonio de Amélia conta que, durante oito horas, escondido no mato,
ficou à espera de Sebastião, que só apareceu as 10 da noite, esclarecendo que teve
que realizar algumas compras em Inhapi e, de volta, demorou numa festinha de
casamento.
Pensei - disse
Antonio de Amélia, que tivesse denunciado o plano do seu parente: Não vai dar
jeito para vocês, apesar de Lampião não ter vindo com os cabras que já estão
aqui. Quem veio comandando os cangaceiros foi Luiz Pedro, agora, tem muita
gente. Estão distante daqui uma légua.
Fingiram haver
morto um soldado para gozar da confiança dos cangaceiros. Distante uma légua do
sítio onde se encontravam Antonio de Amélia, seu primo Sebastião e Antonio
Tiago, compadre do primeiro e amigo para enfrentar as mais difíceis situações,
estava acampado um dos grupos do famoso bandoleiro do Pajeú. Foi neste local,
conta Antonio de Amélia, que Sebastião, conhecido do grupo, pois para eles
trabalhava em serviço de consertos de armas, costura de embornais e outras
atividades de sua profissão, apresentou-me a mim e ao compadre Antonio Tiago: "- aqui é gente minhas, esclareceu na hora da apresentação, adiantando: " - Eles
mataram um soldado e estão refugiados na Casa de João Aires. A polícia os anda
perseguindo, embora não saiba onde eles se encontram.
A história da
morte do soldado, ardilosamente criada por Antonio de Amélia, foi o bastante
para que os estranhos passassem a gozar da simpatia e confiança do grupo. Para
eles, cabras de Lampião era herói quem assassinasse um soldado e duas vezes
herói quem matasse um oficial.
Integrados ao
grupo, Antonio e seus companheiros passaram a dar os últimos retoques no plano.
Pelo menos já haviam conseguido penetrar no bando, o que muito facilitaria a
execução de tudo quanto imaginaram perpetrar para vingar a morte do sócio
Mizael. Naquele mesmo dia, a sombra das árvores, comeram, beberam e dançaram,
homem com homem.
Interessante
observação nos fez o Tenente Antonio de Amélia, a nos explicasse que mesmo
sendo em pequeno grupo, os cabras de Lampião jamais dormiram todos agrupados
num mesmo local. Na hora de dormir, se espalhavam, a fim de garantir uma reação
no caso de serem surpreendidos por uma visita desagradável dos volantes
policiais.
Andanças e lembranças.
CONTINUA...
http://blogdosanharol.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário