Por Antônio Morais
Tentativa frustrada.
Prosseguindo na entrevista, comenta Antonio de Amélia: todos
reunidos ao pé da fogueira contavam anedotas ou relembravam fatos
pitorescos ocorridos em outras ocasiões. Medalha levanta-se e se encontra a
um pé de catingueira, enquanto Fortaleza se ampara em um toco. escorou o embornal e
ficou voltado para o fogo. Limoeiro, ao lado de Antonio Tiago, ouvia
as histórias que outros contavam. Foi neste momento que, ao me aproximar
cautelosamente de Fortaleza, baixei o mosquetão em cima dele, mas pinou a
bala. Foi quando procurei despistar colocando rápido o rifle às costas, e
fui passando debaixo dos galhos das árvores.
Nisto gritou:
- O que foi?
Foi o galho que pegou aqui na mira do rifle.
Passando o episódio, frustrada a
primeira tentativa de liquidar os bandidos, pude distanciar-me um pouco e
sacudi a bala fora, colocando outra na agulha. Antes, justifiquei o caso afirmando inexperiência no
uso de armas daquele tipo.
A hora da
vingança. O momento da vingança chegou: disse o tenente Antonio, de volta
após mudada a bala que falhou e colocada outra na agulha, desci o mosquetão e
o primeiro tiro pegou na cara do bandido Fortaleza, que enterrou os pés e caiu
em seguida por sobre os paus. Dei o segundo tiro que o atingiu no ombro. Nisto
ouvir disparo: Era compadre Antônio Tiago havia atirado em Limoeiro,
enquanto numa sequência rápida, Sebastião pegou Suspeita pelo meio.
Alfredo ataca Medalha e saíram aos trancos e barrancos numa
luta corporal danada. Corri para lá e encontrei suspeita com Sebastião
imprensado na ribanceira do riacho, tentando puxar o punhal que, por ser grande demais, não dava para arrancar da cintura. Sebastião então grita para mim:
- Chegue se não este cabra me mata!
Bati com a boca do mosquetão no pé
do ouvido do cabra que o sangue acompanhou. Nisso Sebastião pode dominar
Suspeita e jogá-lo no chao. Quis usar novamente o mosquetão, mas Sebastião
gritou:
- Não atire que você pode errar e me atingir, e mesmo o bandido
já está morrendo!
Em seguida corremos para o lugar onde Antonio Tiago
e Limoeiro se engalfinhavam numa luta de gigantes. Eram dois negros
enrolados numa luta feroz. Nisso Sebastião pegou nos cabelos de Limoeiro e
exclamou:
- Foi este bandido que sangrou o finado Mizael! Fui mandado,
disse Limoeiro.
Pelo amor de Deus não me sangrem. Atirem na minha cabeça, mas
não me sangrem!
Um tiro reboou na mata. Caia morto o terceiro bandido.
Estava vingada a morte do amigo de Antonio de Amélia. Partimos
para o lugar onde Alfredo estava pegado com Medalha, tentava matá-lo. Alfredo é
desses cabras vermelhos de cabelo ruim que quando pegam um, não soltam. Ao nos
ver disse:
- Decá uma faca! Deixem eu matar este peste!
Não permiti que
matasse, explicando que deveria levá-lo para ser entregue às autoridades.
Praticamente
encerrado o impasse entre matar ou prender, entra em cena novamente Alfredo, de
arma em punho. Com revólver colocado por cima dos ombros de Tião,
desfechou um tiro certeiro na cabeça de Medalha. Tombou o quarto bandido.
É o próprio Tenente Antonio de Amélia, explica a interferência de Alfredo no caso Medalha. No meio da luta,
o pai de Alfredo, ao se aproximar do local do acampamento foi atingido por uma
bala no peito esquerdo, e foi fulminado na hora. O filho, como um louco, viu o
pai cair morto e não teve outra alternativa a não ser matar, com a pistola de
Limoeiro, mais um bandido do grupo sinistro de Lampião.
Andanças e
lembranças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário