Por Clerisvaldo B. Chagas, 4 de dezembro de 2014 - Crônica Nº 1.317
Em todas as
histórias lidas por nós, sobre o cangaço lampiônico, uma despertou atenção
especial. Foi a retirada de Mossoró, corrida após a frustração de Ferreira em
um ataque anunciado.
Foto: memorial da resistência (Wikipédia)
Lendo vários
autores, ficamos impressionados com a segurança, clareza e elegância de textos.
Alguns conseguem até colocar o leitor no meio real das ações.
Essa retirada,
debandada, fuga, carreira ou outra denominação que se dê, daria um bom filme de
longa metragem. Não um filme fantasioso, distante da realidade, mas um
documentário minucioso em tudo. Com certeza o filme seria uma epopeia em ação e
credibilidade cinematográfica junto à história.
No caso, não
falamos apenas da retirada, mas também do avanço, desde o início pelas terras
da Paraíba (descrito por alguns com mestria) até a passagem do quase extinto
bando, para as terras baianas.
Era preciso,
entretanto, alguém comprometido com a verdade nua e crua e sua capacidade de
realização, para escrever todos os episódios pulverizados em uma só história: a
marcha a Mossoró, a retirada e a continuação, até o dia da passagem a Bahia.
Essa epopeia
cangaceira, supera em muito o combate da Serra Grande, auge da luz de
Virgolino. Ficaria registrado num livro homogêneo e num filme épico, como
documentário de peso.
Em nossa
humilde opinião, ainda o maior erro de Ferreira no tema “Invasão de Mossoró”,
foi ter trocado a diplomacia (que ele tão bem sabia fazer) pela sanha, por onde
passava. Virgolino não ignorava que no sertão as notícias correm com velocidade
espantosa de folha em folha, de garrancho em garrancho. O terror chegou
primeiro a Mossoró e o machismo da população falou mais alto: estava preparada
a defesa.
Pode ser que
haja quem diga que ele queria amedrontar com as notícias e encontrar uma
Mossoró covarde. Não creio nisso. Ferreira não quis abandonar a arrogância, a
soberba, julgando-se invencível e dono do mundo. Dessa vez sua estratégia
militar foi jogada na lata do lixo.
De
qualquer maneira, fica aí a sugestão: um clássico do cangaço para ser
transformado em película rica, vestida de epopeia em três partes.
Lampião quando
correu
Da cidade
Mossoró
Somente o
silvar da cobra
No lugar do
chororó
Matava a raiva
fumando
Nos cigarros
de boró
(CHAGAS).
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