Até Gilberto
Freyre apresentou um plano “infalível” em parceria com um cangaceiro
A década de 30
começou com uma mania nacional: os incontáveis planos de combate a Lampião. O
primeiro e mais desumano deles, posto em prática em 1928, foi batizado pelo
povo do interior de lei do diabo. Segundo o historiador Jovenildo Pinheiros de
Souza, autor de uma tese de mestrado sobre o tema, tal plano foi elaborado pelo
sociólogo Gilberto Freire em parceria inédita com o cangaceiro Antônio
Silvino, que cumpria pena na Casa de detenção do Recife.
O plano
idealizado por Freire e Silvino era simples: partindo do princípio que os
cangaceiros precisavam de ajuda dos coiteiro para sobreviver na caatinga, a
polícia deveria perseguir todos eles. Aqueles que não colaborassem com a
polícia seriam eliminados sumariamente. O efeito foi devastador: inocentes
foram enterrados na caatinga, outros passaram anos presos sem processo e alguns
ingressaram nas volantes com medo da represália policial. Aparentemente os
resultados eram bons. Mas era só aparência. Lampião escapou do cerco e quase
mata o chefe de polícia Eurico Souza Leão.
Depois houve uma sucessão de planos exóticos. Os jornais cariocas realizavam concurso para escolher o plano vitorioso, políticos e militares divulgavam suas ideias de tática de guerra. O governador do Rio Grande do Norte, José Augusto, pregava a “conjugação de esforços de todos os governadores”, a Associação Comercial Baiana defendia a nomeação do oficial Juarez Távora para chefiar a repressão ao cangaço. Estranho mesmo foi o plano do leitor Raimundo Vasconcelos, do jornal carioca Diário da Noite: ele acreditava que seria possível matar o cangaceiro se um grupo de policiais, disfarçados de bandidos, simulasse saques e assassinatos para poder se aproximar de Lampião e mata-lo.
Em 1931, outro plano inútil foi executado. O chefe de polícia da Bahia, João Facó, criou postos fixo nas fronteiras do estado, contratou mercenários batizados de provisórios, armou nove volantes com metralhadoras, montou hospitais de campanhas, construiu estações de rádio, depósitos de munição e comprou lunetas. Nos comunicados oficiais o tom era sempre otimista: “Lampião está com os dias contados. Sua prisão é questão de dias” era a frase mais repetida nos informes da polícia. Em 1932, Lampião desmoralizou todo o esforço baiano vencendo volantes de três estados na batalha de Maranduba.
Publicado no DIÁRIO DE PERNAMBUCO
Caderno Especial do dia 7 de julho de 1997
Caderno Especial do dia 7 de julho de 1997
Fonte II - Facebook
Página: José João Souza
Grupo: Lampião,
Cangaço e Nordeste
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