Por Karla Karine J. Silva
Coronel Delmiro Gouveia - www.anchietagueiros.com
Negociador
ousado, de pulso firme, elegante e sedutor, sua fama circundou todo o Nordeste
de 1885 a 1917. Delmiro Gouveia era considerado pelos que o conheceram e
posteriormente pelos seus biógrafos como “modernizador do sertão”, “rei das
peles”, “bravo caboclo nortista”.
Empreendedor corajoso reformou e dirigiu o
Mercado do Derby (1899-1900), um grande centro comercial e de lazer no Recife,
inédito devido a sua iluminação elétrica.
Criou a primeira usina hidrelétrica
do Brasil, Angiquinho (1913), em Paulo Afonso-BA, e fundou a primeira fábrica
de linhas de coser, a Fábrica da Pedra (1914), na cidade de Pedra-AL,
atualmente Delmiro Gouveia, sertão alagoano.
Mercado do Derby em Recife
Usina
Angiquinho vista do Limpo do Imperador, lado alagoano.
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Natural de Ipu, Ceará, Gouveia nasceu em 5 de junho de 1863. Mudou-se para Recife ainda pequeno, após a morte do pai na Guerra do Paraguai (1864-1870). Com o falecimento da mãe, em 1877, ingressou no mercado de trabalho com apenas 14 anos de idade. Trabalhou como tipógrafo, maquinista na Brazilian Street Railways Company, mascate e despachante de barcaças no Cais de Ramos. Ingressou no negócio de peles (bodes, carneiros etc.) e fundou, em 1886, a empresa Delmiro & Cia, tonando-se o único exportador de peles do Nordeste para os EUA.
Na Pedra, era também o coronel, e como afirmaram seus memorialistas: “o coronel dos coronéis”. Delmiro se encaixava bem no papel: proprietário de terras, construtor de estradas e escolas, aliado de governadores como Euclides Malta e Joaquim Paulo Malta, e dos coronéis Ulisses Luna e Manoel Rodrigues da Rocha.
Coronel Delmiro Gouveia - site radar 89
Elegante, ditou moda no Recife com os famosos “colarinhos Delmiro Gouveia”. Vestia-se sempre de branco, perfumado, com chapéu e bengala. Mesmo na vila da Pedra no sertão alagoano, sua imponente figura era reconhecida a distância pelos operários de sua fábrica ou moradores da cidade devido a sua vestimenta impecavelmente branca e ao seu perfume marcante. Sua reputação de sedutor seguia-o de perto.
Tinha por costume enviar rosas e bilhetinhos apaixonados às amantes.
Morreu assassinado em 17 de outubro de 1917 em seu chalé, próximo a sua fábrica em Pedra. Especula-se que tenha sido vítima de coronéis da região ou que sua morte tenha sido encomendada pelo Machine Cottons, grupo inglês concorrente da fábrica de Delmiro que havia se empenhado ferrenhamente pela compra de sua indústria.
Por tudo que realizou, Gouveia é lembrado como alguém que rebateu uma ideia prevalecente no resto do Brasil da época, de que o Nordeste, especialmente o sertão, era atrasado, incivilizado e refúgio de desordeiros. Alguns anos após sua morte, seu legado despertou o olhar para políticas que discutissem opções de modernização, industrialização e usos do rio São Francisco como fonte de energia e irrigação.
Coronel Delmiro Gouveia - http://www.fernandomachado.blog.br/novo/?p=112846
O coronel vestido de branco virou mito, símbolo da modernização e vítima do atraso “sertanejo” e do capital estrangeiro. Sua vida e obra podem ser encontradas nas páginas de suas biografias ou em acervos pelas regiões que mais sentiram sua influência: Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Ceará. Dizem que a figura do coronel pode ser vista ainda hoje, passeando as margens do São Francisco pelas bandas da antiga cidade da Pedra, reconhecida de longe pelo terno branco e o perfume marcante.
Karla Karine
J. Silva é graduada em História pela Universidade Federal de Sergipe e
mestranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFS. É
integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET). O artigo integra as
colaborações feitas à coluna do GET.
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