*Rangel Alves
da Costa
Sou contra
proibir vaquejada sob alegação de maus-tratos, e a mesa humana de cada dia
chegar recheada de dores e sofrimentos. Ou será que não maltrata o animal ter o
seu pescoço puxado, ser sangrado, tomar paulada para morrer?
Sou contra
qualquer tipo de fiscalização ambiental para derrubar barracos de pescadores,
rasgar redes e apreender barcos de pesca e sobrevivência, quando as orlas e as
margens, ao longo de terras praieiras ou ribeirinhas pertencentes à União estão
abarrotadas de mansões inatacáveis.
Sou contra
criar leis proibitivas de tudo e sobre tudo, como não falar ao telefone ao
volante, e depois afrouxá-las a ponto de afeiçoa-las ao desuso. Ou a lei tem
eficácia, passa a ser eficientemente aplicada, ou servirá apenas para aumentar
as páginas dos códigos absurdos como alguns existentes no país.
Sou contra
primeiro ficar, transar, ir a fundo, como se diz por aí, para somente depois o
rapazinho e a mocinha passarem a ser conhecer ou até mesmo tomarem conhecimento
do nome um do outro. Tal banalização do sexo, tamanha permissividade do corpo,
tão esdrúxulo modo de ser, a nada mais serve senão para a proliferação de uma
sociedade onde a vulgarização tomará o lugar de todo o caráter e de toda a
honra.
Sou contra a
existência da saudade. Se há algo que bem poderia não ser relegado ao ser
humano, este seria a saudade. E assim por que ter saudade é continuar no
sofrimento, no padecimento, na aflição, como um martírio que não se afasta e
que ataca cada vez mais forte quando a pessoa já parecia refeita de toda dor e
de toda perda.
Sou contra
casamento, absolutamente contra. Quando os enamorados se reconhecem aptos à
união, que procurem fortalecer os laços vivendo conjuntamente, sem necessidade
de formalismos cartoriais nem celebrações religiosas. E será a liberdade em
cada um que dirá se a união deverá persistir.
Sou contra
campanha eleitoral, categoricamente contra. Para que pleitear uma prefeitura se
o melhor candidato será sempre o dinheiro? E para que entrar numa disputa
eleitoral se o candidato em si não tem nenhuma valia, mas tão somente o que ele
tenha para gastar?
Sou contra
tomar somente uma dose, absolutamente contra. O bom da bebida é o foguinho, não
a bebice. O bom da bebida é a alegre euforia trazida pela golada, e não o
exagero. E só fica eufórico e com foguinho bom é quem toma mais de uma dose.
Por isso sou contra tomar somente uma dose, completamente contra.
Sou contra
etiquetas, cerimoniais, formalismos e outras frescuras. Absolutamente contra
sentar à uma mesa chique, pedir uma comida de nome estrambólico, depois ser
servindo com um nadinha dentro de um prato e ter de pagar uma fortuna. Sair com
fome e ainda ter de dar gorjeta gorda ao empregado que nada lhe satisfez.
Sou contra,
infinitamente contra que em nome da finura a pessoa passe a esconder ao mundo
as suas reais preferências, os seus gostos, aquilo que realmente lhe dá prazer.
Gosta de cuscuz com tripa assada e diz a todo mundo que não, Gosta de comer com
a mão, de chupar osso de galinha, mas diz a todo mundo que não. Gosta de comida
de feira, de se lambuzar com guloseimas, mas diz a todo mundo que não.
Sou
absolutamente contra esconder sentimentos, negar a si mesmo e aos outros suas
dores íntimas. No verdadeiro e puro do ser humano não se deve fingir ou
esconder pequenos rompantes que martirizam a alma e todo o ser. Sim, chorar,
soluçar, gritar, dizer que ama, repetir que ama, não ter vergonha de revelar
suas verdades.
Sou contra não
pensar assim. Contudo, apenas opiniões pessoais. Não sou contra o que os outros
fazem ou deixam de fazer. Uma questão de respeito e de liberdade de pensar,
agir e fazer.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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