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quarta-feira, 22 de março de 2017

OS CHEFES DOS GRANDES CANGACEIROS - CORISCO (PARTE 3)

Por Geziel Moura

Se o Cangaço Lampiônico, seguisse o sistema das antigas capitanias hereditárias, certamente que Cristino Gomes da Silva, o Corisco, seria o próximo "donatário" após Lampião, principalmente pela sua experiência e independência. Entretanto, se o seu "reinado" iria durar tanto tempo, é outra questão.


Para o escritor Sérgio Dantas, em sua obra: "Corisco, a sombra de Lampião" a data de nascimento do Diabo Louro, é incerta, pois não há documentos oficiais, que apontem para o dia e ano em que veio a este mundo, entretanto, por deduções de outros acontecimentos, aposta que o seu natalício foi em 10 de agosto de 1902, ao pé da Serra da Jurema e Caraibeiras, na então, Matinha de Água Branca ( AL), atual Água Branca (AL), ou mesmo Pariconha (AL)


Como se não bastasse as incertezas, do local e data de nascimento de Corisco, temos ainda, a dúvida de sua filiação paterna, pois sua mãe, Firmina Maria da Conceição, estava separada do seu primeiro companheiro, Manoel Gomes da Silva, quando o cangaceiro nasceu, sendo que neste período sem o marido, se relacionava com José Francisco da Silva, o José Peba. Portanto mais uma lacuna na biografia de Corisco.


O futuro cangaceiro Corisco trabalhou na famosa fábrica de linha, do falecido, Delmiro Gouveia, porém sempre dado a bebedeira e brigas, se envolveu em contenda com um cabo da polícia, no mesmo lugar da fábrica de linhas, isto é, Vila da Pedra, atualmente, Delmiro Gouveia (AL), o que favoreceu sua saída do trabalho e da comunidade.


No ano de 1922, ao completar vinte e um anos (Naquele tempo era esta a idade de alistamento, hoje 18 anos) Cristino Gomes da Silva alista-se ao Exército Brasileiro em Matinha de Água Branca, e vai servir no Vigésimo Oitavo Batalhão de Caçadores de Aracaju, nesta capital. O tempo de caserna de Cristino não perdurou por muito tempo, pois em 1924, ele se envolveu no levante militar chamado, Revolta Paulista ou Revolução do Isidoro, o que provocou sua deserção, das fileiras do Exército.


O primeiro contato de Corisco com Lampião, ocorreu no povoado de São Francisco (PE) em 1926, oportunidade em que conheceu, outro ex-soldado do exército, que serviu no Rio de Janeiro e não era desertor como ele, ou seja, José Leite de Santana, o Jararaca, para alguns, o autor do apelido Corisco, dado a Cristino.


Provavelmente, a primeira empreitada de Corisco, como cangaceiro, oficializado do bando de Lampião, foi o combate da Fazenda Tapera, de Manoel do Nascimento Gilo, em agosto de 1926, que culminou na morte do proprietário, e de outros membros da família deste.


O primeiro momento do cangaceiro Corisco no bando de Virgolino Ferreira da Silva, também foi breve, pois em novembro de 1926, após o fogo no Sítio Favela, entre os cabras de Lampião e a volante pernambucana, de Manoel Neto, faz com que aquele cangaceiro novato solicite sua saída do bando, ao chefe Lampião que de pronto é aceito.


O reencontro de Corisco com Lampião, vai ocorrer quase dois anos depois, quando este atravessa para a Bahia, em agosto de 1928, sendo que neste lapso de tempo, o Diabo Louro operava com seus primos Hortêncio Gomes (Arvoredo) e Rafael Gomes, além do pai deles, Faustino Gomes da Silva (Pai Velho), nas regiões dos seguintes municípios baianos: Jaguarari, Campo Formoso, Senhor do Bonfim, Chorrochó, dentre outros, do sertão da Bahia.


A partir de 1929, quando Lampião dividiu o sertão do São Francisco em áreas, cuja atuação ficaria a cada subgrupo, as regiões das margens daquele rio, ficaria com Corisco, tais como: Pão de Açúcar (AL), Maravilha (AL), Santana do Ipanema (AL), Palmeira dos Índios (AL) e outros.

Oficialmente, Corisco foi o último cangaceiro do nordeste, foi alvejado, na Fazenda Cavaco, na região de Barra do Mendes (BA), em 25 de maio de 1940, cujo proprietário era José de Sousa Pacheco, pela volante baiana de José Osório de Farias, o Ten. Zé Rufino, vindo a falecer na madrugada do dia posterior (26 de maio de 1940) próximo ao, então, município de Djalma Dutra, atualmente, Miguel Calmon (BA). (Continua)
Fotos Benjamin Abrahão Botto

Revistas Fatos e Fotos publicadas em 17.04.1969 e 12.11.1972

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