Por José Arnaldo Fiuza Lima
Em resposta à
Nota Pública da Assessoria de Comunicação do Governo do RN, acerca dos atrasos
no pagamento dos salários dos servidores do Executivo, a bem da verdade,
importa esclarecermos ao povo potiguar o seguinte:
1. Os atrasos
nestes pagamentos vem sendo reiterados há quase dois anos, e cada mês que se
passa, tornam-se mais dilatados. Para corroborar com tal afirmação, o pagamento
da folha de setembro só foi concluído no dia 10 do mês corrente, com uma
intempestividade de cerca de 40 dias;
2. Quanto ao
pagamento da folha salarial de outubro, importante informar, até como
demonstrativo de que o quadro de atraso se agravou, que sequer os servidores
que ganham entre R$ 2 e 3 mil, receberam ou tem data estabelecida pelo Governo
para perceberem seus salários relativos a tal mês;
3. Seguindo-se
o cronograma de pagamento que vem sendo adotado nos últimos meses, após se
pagar os servidores que ganham entre R$ 2 e 3 mil, receberão os da faixa entre
R$ 3 e 4 mil, depois, em data posterior, os que ganham um pouco mais,
perceberão uma parcela de R$ 4 mil, para em outro momento, estes receberem o
restante de suas remunerações, demonstrando claramente que os constantes
atrasos não são representados por meros 25 dias, como inferidos na Nota Pública
do Governo do Estado, tentando passar um quadro de certa normalidade, que nem
de longe existe. O cenário é tão grave e preocupante para os servidores do
Executivo, que nem o próprio governo consegue afirmar quando concluirá o
pagamento da folha de outubro;
4.
Acrescentado a tudo já dito, importa ainda informar ao povo potiguar que boa
parte dos servidores do Executivo, tem para os próximos 35 dias, o direito de
receberem 4 salários, referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro e o
décimo-terceiro, que por sinal, quanto a esta última rubrica, não houve e nem
há provisão mensal para a sua quitação, ficando latente e cristalino a todos a
situação de descontrole total das finanças do Governo, que gera tensão e
desesperança nos seus funcionários, não só em função dos já repetidos e
alongados atrasos já ocorridos, mas também quanto à perspectiva deles piorarem
mais ainda;
5. Nestas
pegadas, não temos como não apontar que tal grave situação só quem vem sofrendo
são os servidores do Executivo, passando-se um sentimento de que estes, para o
Estado do RN, são menos importantes para o funcionamento da máquina pública do
que os que trabalham para os Poderes Judiciário e Legislativo, bem como para o
Ministério Público, a Defensoria Pública e o Tribunal de Contas do Estado,
sensação esta inaceitável e absurda, pois os serviços públicos mais prementes
para a população, saúde, educação e segurança são prestados pelos servidores do
Executivo. Não esposamos a tese de que servidores do Executivo sejam mais
importantes para o Estado e para a população do RN do que os que labutam para
os demais Poderes, mas também não aceitamos que raciocínio contrário seja tido
como verdadeiro, pois todos, dentro de suas funções e atribuições prestam
serviços públicos relevantes à sociedade e devem perceber tempestivamente seus
salários;
6. Ademais,
preocupa-me mais uma vez o nível de insensibilidade política e social dos
Chefes dos demais Poderes com a situação financeira caótica do Estado do RN e
desesperadora dos servidores do Executivo, pois, mesmo diante do quadro
relatado, permitem-se ainda pagamento de auxilios-moradia retroativos e de
férias e licenças-prêmio vencidas aos seus membros, com dinheiro público,
arrecadado, diga-se de passagem, pelo Poder Executivo, através dos Auditores
Fiscais e técnicos administrativos da Secretaria de Estado da Tributação. E
agora, mesmo diante de tamanho despautério, os Poderes se acertam entre si, com
o fito de intentarem ações judiciais para garantia do recebimento dos
duodécimos deles em dia e de todos os atrasados que dizem ter direito quanto ao
orçamento de 2017, sob pena de, em não sendo tais valores pagos, multa diária
para o Governador e para o Secretário de Planejamento, esquecendo-se que
receberam a maior do que o devido, nos exercícios anteriores, muito mais do que
o que agora cobram, que a título de exemplo, só para o Poder Judiciário, tal
quantia perfaz por volta de 400 milhões. Ah, e vejam que as ações acordadas
entre os Poderes serão julgadas pelo próprio TJRN, ressalvada a que este
processualmente é parte. Assim, fica fácil todos nós, já de antemão, sabermos o
que constará destas decisões judiciais. Mais um vez serão os sofridos
servidores do Executivo que pagarão esta conta, de duodécimos inflados desde à
época anterior à copa do mundo de 2014, mantenedores de regalias imorais de um
lado e de penúria e sofrimento do outro.
José Arnaldo
Fiuza Lima
Auditor Fiscal
Auditor Fiscal
Domingo, 26 de
Novembro de 2017
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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