Por Rangel Alves da Costa
Seu João de Laura,
aura sertaneja, aura... Irmão de cangaceiro (Bom de Vera), trilheiro das
caatingas, mateiro, o maior dos caçadores. Facão descido da cintura, chapéu de
couro, camisa de manga comprida, apragata de cortar chão, do sertão a feição.
Bicho de mato correndo de sua presença, cobra tinhosa se escondendo de sua
passagem, até cascavel e jararaca se tremiam com medo do caçador. Nunca saio
pelos matos pra não voltar com o aió abarrotado do que quisesse, noutros tempos
assim dizia. Mas não existe mais nada pra caçar, confessou-me. A gente caminha
pelas veredas nuas apenas para entristecer, revelou-me. Mataram o mato,
derrubaram tudo, acabaram com o sertão. O pó e a poeira do tempo. A nudez
desfolhada sobre o chão. Mas ele ainda vive, ainda está entre nós com sua voz,
seu encanto, sua aura, com a grandeza que existe em Seu João de Laura.
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