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sexta-feira, 3 de junho de 2011

A beleza da mulher cangaceira

 Por: Alcino Alves Costa

           
            Há muitos anos, dominado pela minha obsessão em pesquisar as coisas do sertão, em especial, as coisas do cangaço, eu vivo à procura de fatos quase que impossíveis de serem encontrados dos tempos de Lampião.

Lampião
            
             Carrego em meu sentimento uma vontade louca de encontrar fotos daquelas mocinhas que se bandearam para o cangaço. Será que fotografias não conhecidas poderiam ainda ser encontradas? – assim eu imaginava. Eu tinha quase a convicção que não.

Baiano
       
           Você, meu querido vaqueiro da história, você já imaginou encontrarmos uma foto de Lídia Pereira de Sousa, a famosa Lídia de Zé Baiano, nascida no Raso da Catarina, no lugarejo Salgadinho, o mesmo local do nascimento de Nenê de Luís Pedro e de Naninha de Gavião?

Neném do Ouro e Luiz Pedro
         
            Como se sabe, dizem que Lídia era a mulher mais linda e mais atraente do cangaço. A sua história foi triste e medonha. Em 1934 foi assassinada. O assassino foi seu próprio companheiro, o desalmado “Carrasco de Chorrochó”, o antigo pedreiro Aleixo, celebrado no cangaço com o nome de Zé Baiano. Uma versão dá conta de que ela foi enterrada no Riacho do Quatarvo, nas terras da antiga fazenda Paus Pretos, do coronel Antônio Caixeiro, em terras do município de Poço Redondo.


João de Sousa Lima e Juriti

            
             Será que existem fotos da bela Maria de Juriti, nos tempos de sua juvenil mocidade ao lado deste famoso cangaceiro?

Lampião e Juriti  - ambos  esposos das Marias
           
            Quem é de nossos confrades que conhece uma foto de Dinda, a mocinha filha de Poço Redondo que foi para a companhia de seu noivo, João Mulatinho, irmão de Adília de Canário, alcunhado no bando de Delicado?

Adília, à esquerda, Sila, à direita
             
              Quem conhece uma foto de Rosinha, de Mariano e de Adelaide, de Criança, caboclinhas irmãs, filhas que eram de Lé Soares? 
Quem antes dessa postagem conhecia uma foto de Enedina, a única mulher casada do bando de Lampião? Com certeza absoluta ninguém. 
Pois bem! Meus amigos e companheiros no rastejar a história dos povos sertanejos, em especial a história do cangaço e de Lampião, neste mês de fevereiro de 2011, eu tive uma grandiosa surpresa. Surpresa que me deixou pleno de felicidade. Emocionado mesmo.

Zé de Julião, companheiro de Enedina
          
             Conversando com Antônio Neto, um grande artista de Poço Redondo, neto da falecida Maninha, que era irmã de Enedina, a Enedina de Zé de Julião, a Enedina que morreu em Angico ao lado de Lampião, ele me disse que sua mãe, dona Antonieta, tinha uma foto da esposa do cangaceiro Cajazeira de pouco antes dela ter ido para o cangaço. Ainda mais. Que aquela foto havia sido tirada no dia de seu casamento que aconteceu na igrejinha de Poço Redondo, em 15 de Agosto de 1937.
          Fiquei atarantado com aquela inesperada novidade. Ter esta foto em minhas mãos era algo de um valor extraordinário. Tonho Neto se comprometeu em ir buscá-la na Pia do Boi, fazendinha do município onde a sua mãe reside. A minha expectativa era enorme. Eis que no dia 20 deste mês, este meu querido amigo me entregou a foto, esta foto que tenho a felicidade de mostrá-la a todos os que pesquisam e estudam o cangaço.

Enedina, esposa de Zé de Julião,
antes de entrar para o cangaço

               Vejam meus companheiros o quanto Enedina era bela. Uma menina-moça que carregava em seu corpo e em seu espírito uma lindeza incomparável. E saber que uma jovem e linda mulher, como Enedina, no fulgor de sua mocidade, perdeu a vida, com a sua cabeça esbagaçada por uma infeliz bala, na subida de uma das serras de Angico, é um acontecimento que ainda hoje, após tantos anos, nos deixa tristes e desconsolados.
             Olhem devagar e com muito carinho esta foto. O que é que vocês acharam? Que tal! Aí está a prova do quanto a mulher sertaneja era e é bela, linda, maravilhosa. 
             A beleza da mulher cangaceira era realmente invulgar. Além de Lídia, considerada a mais bela de todas, não podemos desconhecer a beleza

de Maria Bonita,
de Maria de Pancada,
de Dulce, a segunda companheira de Criança;
de Sila de Zé Sereno,
o jeito trigueiro e belo de Dadá de Corisco
 e Inacinha de Gato

e tantas outras que com sua beleza e seu fascínio alucinavam os jovens cangaceiros que tinham naquelas lindas flores campestres, flores em forma de gente, a essência do amor e do desejo se derramando aos dengos em seus másculos braços, alucinadas de desejos, dominadas por uma volúpia incontrolável, dando e recebendo quase que divinais momentos de felicidade e prazer, mesmo que em um ambiente quase que perene de sofrimento e gravíssimos perigos da própria vida.
             A história tem sido injusta com a mulher cangaceira. Elas mudaram o viver do cangaço. Foram verdadeiras heroínas que amenizavam a brutalidade dos cangaceiros. Foram elas as sertanejas que ali estavam, naquele tão perigoso meio, unicamente para estarem ao lado do homem amado, dando e recebendo carinho, arriscando a vida em troca do prazer e da felicidade em acompanhar e estar ao lado do homem de sua vida.
             Elas eram lindas. Enedina era uma prova do que estou afirmando. Admirem esta foto que é uma relíquia da história de Poço Redondo e da história do cangaço.

Alcino Alves Costa
Caipira de Poço Redondo

Já deu uma olhadinha no blog "Cariri cangaço" hoje?

Extraído do blog "Conversas do Sertão"

3 comentários:

  1. ADERBAL NOGUEIRA20:10:00

    Nosso amigo Alcino passa por uma situação delicada. Amigo, saiba que estamos torcendo por você, e como um valente sertanejo que é, com certeza logo estará totalmente recuperado. Aderbal Nogueira

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  2. Infelizmente o que houve eu não sei.
    Neste blog foram postados 25 conteúdos, do blog(T)ralha, lá de Portugal, Lisboa.

    Se é problema da operadora, eu não tenho a mínima ideia, mas acredito que isso será passageiro.

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  3. Eu não sabia Aderbal Nogueira, que o caipira de Poço Redondo, Alcindo Alves da Costa anda meio adoentado. Mas logo se recuperará para novamente se montar no seu cavalo simbólico, para procurar cangaceiros e cangaceiras nestes sertões a fora.

    Força caipira, e muita fé, pois Deus está te olhando lá de cima para lhe trazer novamente aos palcos do cangaço.

    José mendes Pereira - Mossoró-RN

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