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sábado, 24 de setembro de 2011

PADRES E CANGACEIROS

Por: Ângelo Osmiro


A relação entre religiosidade e banditismo no sertão nordestino é antiga. O sentimento religioso do sertanejo é especialmente voltado para o culto católico, este ainda remetendo ao catolicismo medieval, onde Deus estava ligado ao castigo, ao fim do mundo.
Predominou por muito tempo essa cultura religiosa nessas paragens, onde a religião ainda repleta de superstições, os milagres ajudavam a suportar as agruras.

A ligação entre cangaceiros e padres atingiu os dois extremos: amigos e conselheiros, mas também ferrenhos inimigos, chegando a travarem combates bélicos.



O cangaceiro Adolfo Meia-Noite ainda no século XIX, após entendimentos prévios com o Padre Bernardo de Carvalho Andrade, sacerdote que ficou conhecido como bom samaritano dos flagelos da seca em virtude de sua atuação em favor dos flagelados da seca de 1877, uma das mais devastadoras que aconteceu no nordeste, conseguiu a realização de seu casamento. Após a realização da cerimônia o padre foi autorizado pelo cangaceiro a dizer o seu paradeiro, pois segundo o mesmo, estava pronto para morrer sem escolher ocasião.

Henry Koster no seu excelente trabalho Viagem ao Nordeste do Brasil cita o padre Pedro, que na década de 1800 mantinha em suas terras, a vinte léguas do Recife, grande número de cangaceiros a seu serviço. O padre Pedro foi chamado pelo representante de Dom João VI para prestar esclarecimento sobre os mesmos. Compareceu acompanhado de alguns cangaceiros armados até os dentes. Chegando ao Recife declarou que não tinha culpa de o sertão ser violento, não havia criado aquela situação, porém precisava de proteção, e a solução que encontrara para se resguardar dos inimigos veio por meio dos cangaceiros.

Historiador e Pesquisador do Cangaço. Sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História - Cadeira número 09.


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