Por: João de Sousa Lima(*)
Santílio
Barros era o verdadeiro nome do cangaceiro Gato e não se tem na história do
cangaço, outro homem que tenha sido tão sanguinário, perverso e frio como foi
este cangaceiro. Era filho de Ana (Aninha Bola) e Fabiano, um dos
sobreviventes da guerra de Canudos, seguidor do reverenciado beato Antonio
Conselheiro. Era índio da tribo Pankararé.
Inacinha e Gato
Além de Gato,
duas irmãs sua foram pro bando: Julinha, amante de Mané Revoltoso e Rosalina
Maria da Conceição, companheira de Francisco do Nascimento, o cangaceiro
Mourão.
Mourão mesmo
sendo cunhado e primo de Gato, acabou sendo morto por ele, depois que Mourão e
Mormaço acabaram uma festa, acontecida no Brejo do Burgo, onde deram alguns
tiros colocando a população em pavorosa fuga, Gato sendo cobrado por Lampião
que pediu providências por ser o pessoal de sua família, perseguiu e matou os
dois companheiros enquanto eles pegavam água em um barreiro, em um dos coitos
no Raso da Catarina. Mourão deixou Rosalina grávida e desta gravidez,
nasceu Hercílio Ribeiro do Nascimento, ainda vivo e residindo no Brejo do
Burgo.
Gato por pouco não matou sua própria mãe por esta ter feito comentários sobre as constantes passagens dos cangaceiros por sua casa. Gato foi até a casa da mãe com a finalidade de corta sua língua, quando foi dissuadido por alguns familiares do macabro intento, mostrando pra mãe dois facões e dizendo: Este aqui é o cala boca corno e este é o bateu cagou! Gato ainda matou sete pessoas de sua família, em represália a um sumiço de bodes e cabras que estava acontecendo e sendo creditado a Lampião. O cangaceiro perseguiu os envolvidos e encontrando em uma casa de farinha, Calixto Rufino Barbosa e Brás, ceifando a vida dos dois e seguindo até a casa de Valério, na fazenda Cerquinha, onde assassinou Luiz Major e os dois filhos Silvino e Antônio e o sobrinho Inocêncio. Um duro castigo para um pago sem provas.
Gato foi casado com Antônia Pereira da Silva (foto acima, ainda viva, com 104
anos), também índia Pankararé como seu marido. O casamento aconteceu “Nas
Caraíbas”, fazenda de Sinhá, no Brejo do Burgo. Gato carregou a outra prima
Inacinha e na justificativa de permanecer com as duas primas, teve seu projeto
descartado por Antônia, espancando-a. Antônia contou a Lampião o acontecido e
no outro dia, fugiu pra casa de um tio que morava na beira do Rio São
Francisco, onde ficou por muito tempo escondida.
Gato encontrou
a morte depois do ataque a cidade de Piranhas, em Alagoas. Fato acontecido
depois da prisão de sua amada Inacinha, realizada pelo tenente João Bezerra.
Inacinha
Inacinha estava grávida e neste combate saiu ferida. O tiro entrando nas
nádegas e saindo no abdômen. Por muita sorte a criança não foi ferida. Gato
pede ajuda a Corisco e este organiza o ataque a cidade Alagoana. No trajeto,
Gato sai disseminando a morte. A data se tornaria, para algumas famílias, uma
lembrança dolorosa. Era 29 de outubro de 1936. Dentre os mortos feitos por
Gato, estavam Abílio, Messias, Manuel Lelinho e Antônio Tirana. Sendo refém de
Gato, o jovem João Seixas Brito, que seria sangrado alguns minutos depois,
quando jurou que não havia policiais na cidade e ao romper o som dos primeiros
disparos, ocasionados pe los poucos moradores que se negaram a fugir,
abandonando a cidade, o rapazinho de 15 anos de idade foi barbaramente
assassinado.
Assim que os cangaceiros entraram na cidade, o delegado Cipriano Pereira e mais
oito soldados fugiram deixando os moradores desguarnecidos. Os populares
tiveram que suprir a falta dos “Homens da Lei”. Formaram-se poucos grupos de
resistência e entre alguns dos habitantes que lutaram estava
Cira Britto e o tenente João Bezerra, o matador de Lampião
Cira Brito, esposa
do tenente João Bezerra. No cemitério estava Joãozinho Carão e mais alguns
companheiros e em um dos sobrados, estavam Chiquinho Rodrigues e Joãozinho
Marcelino.
Chiquinho
Rodrigues portava um rifle cruzeta e tinha um estoque de 260 cartuchos, dos
quais deflagrou 170. Existe uma polêmica em razão do tiro que atingiu o
cangaceiro Gato. Uns dizem que o autor do tiro foi Chiquinho Rodrigues, outros
creditam o certeiro disparo a Joãozinho Carão. A verdade é que Gato saiu
baleado e morreu três dias depois do confronto, acabando-se assim um dos mais
cruéis homens que engrossaram as fileiras do cangaço.
João de Sousa Lima
Membro da
SBEC,
Conselheiro
Cariri Cangaço
http://www.joaodesousalima.com/
Postado em
primeira mão por CARIRI CANGAÇO (Manoel Serevo)
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