Por: João de Sousa Lima
Cem anos se
passaram, chegou o dia 13 de dezembro de 2012, nesse dia, se vivo, o cantor
Luiz Gonzaga completaria cem anos de idade. Durante todo o ano de 2012 o Brasil
se mobilizou em torno da figura e da grandiosidade do Rei do Baião. Trabalhos
escolares, grupos teatrais, culturais e musicais, cantores repentistas,
xilógrafos, escritores e radialistas homenagearam o cantor. Em universidades,
teses, trabalhos de graduação e trabalhos de conclusão de cursos, tiveram por tema o
artista e sua arte. Vários projetos foram finalizados enaltecendo Luiz Gonzaga.
O Rei do Baião representa para o nordeste brasileiro a valorização dos nossos
costumes, das nossas tradições, das nossas raízes culturais, artísticas e
históricas. A cidade de Paulo Afonso teve o privilégio de sediar vários
shows de Luiz Gonzaga; Aqui ele cantou, encantou, fez amigos, foi querido e amado,
recebeu titulo de cidadão Pauloafonsino, cantou em troca de alimentos para
ajudar os sertanejos que enfrentavam a terrível seca de 1983. Aqui ele foi
fotografado, cortejado, adorado, acolhido, venerado.
A música Paulo
Afonso foi a maior prova de amor entre a cidade e o artista. Quando em 1989 o
cantor faleceu, a cidade em peso chorou, hastearam a meio mastro suas bandeiras
em luto; Referencias e comoções tomaram conta da cidade. Agora, em seu
centenário, realizamos algumas homenagens ao Rei do Baião. Eu escrevi um livro
narrando a passagem de Luiz em nossa cidade, resgatando imagens e histórias
acontecidas com nosso povo. Sebastião Carvalho que foi a pessoa encarregada
pela loja Maçônica São Francisco para fazer o contato convidando Luis Gonzaga
para fazer o show beneficente em 1983 prestou sua homenagem ao velho amigo e em
seu Haras Estrada da Vida, colocou dezessete sanfoneiros tocando músicas do Rei
do Baião. O evento que comportou cento e trinta convidados foi embalado pelo
autêntico forró, regado a emoção e a lembrança do inesquecível cantor.
João
de Sousa Lima, Waldonys e Sebastião
No dia 13 de
dezembro, nesse dia, Eu, Sebastião e Carlos Galindo acordamos com o raiar do
sol e seguimos para os festejos em Exú, Pernambuco, lugar onde nasceu Luiz
Gonzaga. Cruzamos Petrolândia, Floresta, Salgueiro, Bodocó e chegamos à terra
do Rei do Baião. Uma multidão aglomerava-se no Parque Aza Branca e no centro da
cidade. Na entrada do parque o cantor Alcimar Monteiro gravava programa para um
canal de televisão. Mais na frente encontramos o comediante e maior imitador de
Luiz Gonzaga, João Cláudio Moreno. Fizemos algumas fotografias com João e com
ele nos dirigimos ao mausoléu do Rei do Baião. Dentro do mausoléu João Cláudio
entrou em profundo silêncio, encostou a cabeça no mármore frio da lápide e em
oração se emocionou e chorou. Eu e Sebastião ficamos de longe olhando a cena e
depois deixamos João Cláudio em seu momento intimo. À tarde, várias autoridades
civis e militares chegaram ao parque onde aguardavam o governador Eduardo
Campos. Uma orquestra militar tocava músicas do Gonzagão. Entre as autoridades
destacava-se Joquinha Gonzaga, sanfoneiro e sobrinho de Luiz Gonzaga. Quando
começou o protocolo Joquinha Gonzaga foi agraciado com a comenda de Cidadão
Pernambucano, recebendo o Titulo das mãos do governador Eduardo Campos. Depois
o governador inaugurou uma estátua dourada de Luiz Gonzaga em frente ao Museu.
Com o cair da
noite, lateral ao palco principal surgiu um cinema ao ar livre. Nas cadeiras
lotadas ouvimos um discurso emocionado e emocionante do governador que tão
justo falou da importância de Luiz Gonzaga para a cultura do Brasil. A casa da
moeda do Brasil lançou a medalha em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga nas
versões ouro, para e bronze. Consegui para meu acervo a versão em bronze e
Sebastião Carvalho adquiriu as versões em prata e bronze. Em público o
governador quebrou as cunhas das moedas. Os correios lançaram um selo em
homenagem aos cem anos de Luiz Gonzaga. Mesa das autoridades desfeita começou a
obra de arte do cineasta Breno Silveira: Gonzaga, de pai para filho. O filme
traça um perfil das turbulências afetivas entre Gonzagão e Gonzaguinha, sem
perder a ternura jamais. A película é de uma emoção pouco vista nas telas
brasileiras, um verdadeiro retrato do que se passa no mais profundo sertão,
sentido nos corações de dois grandiosos artistas ligados por uma áurea divina.
Depois do
filme ouvimos o show de João Silva, um dos parceiros de Luiz Gonzaga. Algumas
músicas mais e fomos procurar um local para descansarmos do dia estafante.
Percorremos os quilômetros que separam Exú do Crato, pois em Exú os hotéis e
pousadas estavam lotados. No Crato ficamos no hotel pasárgada, de onde saímos
cedo, depois de um fato café matinal. Visitamos o Horto e o Museu do Padre
Cícero Romão Batista. Muito próximo a estátua do padre Cícero cruzava em vôos
rasantes um avião azul, depois ficamos sabendo pelo próprio piloto, o
sanfoneiro Waldonys, que ele tinha ido lá, em suas acrobacias, tomar benção ao
famoso Padre.
João
de Sousa Lima e Joquinha Gonzaga
Retornamos a
Exú e ainda cedo, na antiga residência de Luiz Gonzaga, vimos uma aglomeração e
seguimos até lá; Na entrada da casa estava exposto um veraneio verde que pertenceu
a Luiz Gonzaga. Dentro da casa pessoas fechavam um circulo ao redor de uma
pessoa. Entrei com Sebastião e descobrimos que no meio daquela gente toda
estava o Mestre Dominguinhos. Velhos e crianças cercavam o herdeiro musical do
Velho “Lua”. Dominguinhos sorridente e ao mesmo tempo visivelmente abatido
atendia todos com a simpatia que sempre dedicou a seus fãs e que fez parte de
sua carreira artística. Com Dominguinhos estava Paulo Wanderley, um amigo que
fiz em Fortaleza quando realizava palestra sobre o cangaço para o festival de
Cinema daquela capital. Tiramos algumas fotos ao lado de Dominguinhos e
seguimos a casa de Joquinha Gonzaga. Na casa de Joquinha deixamos alguns
presentes com ele e seguimos para o lugar onde nasceu Luiz Gonzaga. Na antiga residência
onde morou Januário, pai do rei do Baião, podemos degustar um carneiro na brasa
e conhecermos o dono do restaurante, o senhor Junior. Junior nos levou para
vermos o local do nascimento de Luiz Gonzaga. Fotografamos o lugar e seguimos
até a casa da heroína Bárbara de Alencar. Da casa de Barbara fomos
até a outra casa onde Luiz Gonzaga morou e que fica vizinha a casa do Barão de
Exú. Na casa do Barão encontramos seu trineto Francisco, que muito educadamente
se deixou ser fotografado com sua mãe e nos proporcionou a oportunidade de
visitar os cômodos da antiga mansão que ainda mantêm móveis e utensílios de
época. No pátio na frente do casarão situa-se a majestosa igreja que também foi
construída pelo Barão. Lateral a igreja uma roda de sanfoneiros chamou nossa
atenção. O sanfoneiro Amazan gravava o programa “Sala de Reboco” e desfrutamos
de uma tarde memorável ouvindo Targino Gondim, Robertinho do Acordeom, Erivaldo
de Carira e Joquinha Gonzaga.
Muitas músicas depois e chegou a hora de retornarmos. Carro na estrada e nas lembranças uma Asa Branca clareando os pensamentos; No coração a satisfação de ter ido lá, de ter prestado essa ho0menagem ao inesquecível Luiz Gonzaga e de ter participado desse momento histórico. Nas terras do Rei do Baião vivi emoções, senti pulsar nas veias o sangue nordestino dos homens invencíveis que se quebrantam na musicalidade e no aboio do vaqueiro, na canção que ecoa daquela sanfona branca que eternizou a bandeira em canto que influencia gerações e se torna marco indestrutível nas estradas cravadas com a arte de Luiz Gonzaga. Pela maestria de Luiz o transformamos no “Embaixador do Nordeste”, cujo canto é paz, é vida, alegria e emoção. Na felicidade de ter vivido tudo isso, deixei minhas preces em cada canto desses cantos que passei e que foram motivos de inspirações que saíram em forma de músicas nos acordes das teclas daquela sanfona branca e que hoje vaga no imaginário de uma nação que derrama em prantos a saudade deixada por Luiz Gonzaga do Nascimento, o eterno Rei do Baião.
Muitas músicas depois e chegou a hora de retornarmos. Carro na estrada e nas lembranças uma Asa Branca clareando os pensamentos; No coração a satisfação de ter ido lá, de ter prestado essa ho0menagem ao inesquecível Luiz Gonzaga e de ter participado desse momento histórico. Nas terras do Rei do Baião vivi emoções, senti pulsar nas veias o sangue nordestino dos homens invencíveis que se quebrantam na musicalidade e no aboio do vaqueiro, na canção que ecoa daquela sanfona branca que eternizou a bandeira em canto que influencia gerações e se torna marco indestrutível nas estradas cravadas com a arte de Luiz Gonzaga. Pela maestria de Luiz o transformamos no “Embaixador do Nordeste”, cujo canto é paz, é vida, alegria e emoção. Na felicidade de ter vivido tudo isso, deixei minhas preces em cada canto desses cantos que passei e que foram motivos de inspirações que saíram em forma de músicas nos acordes das teclas daquela sanfona branca e que hoje vaga no imaginário de uma nação que derrama em prantos a saudade deixada por Luiz Gonzaga do Nascimento, o eterno Rei do Baião.
João de Sousa
Lima
Paulo Afonso,
Bahia,
Madrugada do
dia 15 de dezembro de 2012.
www.joaodesousalimablogspot.com.br
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