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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Lampião e outras histórias - Benjamim Abraão

Por Doizinho Quental
 
Jamil Ibrahim, mais conhecido no meio histórico como Benjamim Abrahão, por volta de 1914-1918, no período da primeira guerra mundial, aportou na cidade de Recife PE. Como quase todo libanês que veio para o Brasil, também ele era mascate. Com aproximadamente 15 anos, chegou a Juazeiro do Norte CE, montado num cavalo e tangendo dois burros. 

Rapidamente, Abraão conquistou a amizade do Padre Cícero, tendo em vista que o libanês era de princípios cristãos, além de ter nascido em uma região próxima à Terra Santa. Por bastante tempo, Benjamim foi secretário particular do iluminado “padim Cíço.”

Padre Cícero e Benjamim Abraão

Segundo alguns autores, Benjamim nasceu na cidade de Zahlah na região central do Líbano.

A história nos ensina que os sírios e libaneses possuem tendência comercial e são nômades. A verdade é que, desde os tempos mais remotos, as suas terras foram, frequentemente, invadidas por estrangeiros, forçando-os a deixar as suas pátrias.

O Brasil e também o Ceará têm muito que agradecer a estes comerciantes natos, uma vez que aprendemos bastante as suas técnicas e artes do comércio e de pequenas indústrias.

O aventureiro mascate libanês resolveu deixar a casa do patriarca de Juazeiro, após desentendimento com a Beata Mocinha. E viajou em seguida para o sul do país.

 A beata Mocinha do Padre Cícero com quem Benjamim Abraão se desentedeu

A resolução de filmar o bando do famigerado Lampião veio somente depois que o mesmo assistiu ao filme “Lampião, fera do Nordeste.”

Contam que a iniciativa partiu da discordância e a decepção que o mesmo teve ao ver o referido filme. Conhecedor, como era da vida dos cangaceiros e tendo em vista o sucesso que poderia ter uma fita mais verdadeira, partiu para realizar este sonho. Para isto, já guardava em seu poder, uma carta datada de 1934 do próprio punho do Padre Cícero, pedindo permissão à Lampião para filmar o seu bando.

 Corisco e Dadá

O primeiro encontro com Virgulino Ferreira, Lampião foi, segundo conta Dadá, mulher de Corisco, recebido com muito cuidado do cangaceiro que, resolveu inicialmente rodar a manivela da filmadora para ter certeza de que dali não sairia bala. Foram realizados mais dois encontros e por fim o filme foi revelado em Fortaleza, mas precisamente na Aba Film.

A importância histórica de Benjamim Abraão é em razão do mesmo ter sido o único que conseguiu permissão de Lampião para filmá-lo e a seus cangaceiros, como também, ter a felicidade de conviver com o nosso “padim pade cíço,” dois personagens mitológicos.


Apesar do cineasta improvisado que foi, legou a posteridade as melhores fotografias que existem sobre o rei do cangaço e a sua mulher Maria Bonita.

Encontramos duas versões sobre o motivo da morte deste jornalista. Benjamim foi assassinado no dia 10 de maio de 1938, em Águas Belas, município de Pernambuco, portanto, mais de dois meses antes da chacina de Lampião.

 Águas Belas, município de Pernambuco

Uma vertente afirma que o mesmo foi morto em virtude de ter sido muito mulherengo e a outra corrente diz que o mesmo foi assassinado porque sabia muito. Alguns historiadores confirmam a existência, naquela época, de comandantes da polícia envolvidos com venda de armamento à Lampião, e disto Benjamim tinha ciência. Posteriormente, esta hipótese foi comprovada através de anotações em sua agenda particular, porém tudo escrito em grego. 

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