Por: Manoel Severo
Manoel Severo e Antonio Amaury
A mais longa e
emblemática oligarquia da velha república no Ceará teve como principal
protagonista Antônio Pinto Nogueira Accioly, que durante mais
de dezesseis anos comandou com mão de ferro e um aguçado senso
de sobrevivência política os destinos do Ceará em um dos mais conturbados e
violentos períodos políticos da república.
Nogueira
Accioly
Nogueira
Accioly, nasceu na cidade cearense de Icó em outubro de 1840, era filho de
portugueses e casou com dona Maria Teresa de Sousa, filha do casal, Tomas
Pompeu de Sousa Brasil; senador e sacerdote; e dona Felismina Filgueiras; uma
das mais tradicionais famílias do estado.
Em 1864
formou-se em direito em Recife e acrescentou o Accioly , da
avó materna a seu nome. A partir do prestígio de seu sogro, senador Pompeu,
tomou gosto pela política, ao qual quase veio a suceder na cadeira senatorial
cearense, logo após o império, fato que não se concluiria em função da
proclamação da república.
D. Felismina
Filgueiras, matriarca da família Souza Brasil, e sogra de Nogueira Accioly
Senador
Pompeu, sogro de Accioly
Logo após a
proclamação da República assume o governo do Ceará o General Bezerril Fontenelle
tendo como seu vice, Nogueira Accioly que acabou o sucedendo, à frente do
governo cearense a partir do ano de 1896, inciando ali uma das mais fortes e
significativas oligarquias da velha república no nordeste.
Em seu
primeiro governo o estado do Ceará foi castigado por uma seca cruel entre os
anos 1898 e 1900 e uma forte epidemia de varíola. Ao final de seu governo
assumiu o comando do Ceará seu sucessor, Dr. Pedro Borges que durante o
quadriênio 1900 a 1904 continuou recebendo forte influência política de Accioly
fazendo com que o governante retornasse à frente dos destinos do Ceará
novamente a partir de 1904 e novamente em 1908, iniciando seu último governo
que foi marcado por sua deposição em 1912.
Nogueira
Accioly, de pé, recebendo no Ceará a visita do Presidente Afonso Pena em
1906
Barricadas
contra Accioly em 1912
Os desmandos;
como violentas repressões à imprensa e a adversários políticos, o conjunto de
privilégios sempre envolvendo parentes e apadrinhados de Accioly
unidos às manobras que envolviam fraudes eleitorais contando com o apoio da
política dos governadores, vinham criando constantes insatisfações junto a
sociedade cearense.
Em 1911
iniciou no Brasil ; a partir da necessidade do Presidente Hermes da
Fonseca conter sua forte oposição nos estados; o movimento encabeçado por
setores militares e alguns segmentos da sociedade civil denominado de
"Salvacionismo". O objetivo seria o de defenestrar do estado
brasileiro as oligarquias espalhadas por todo território nacional que ameaçavam
Fonseca . Esse movimento com forte apoio do governo federal acabou vindo a
calhar e foi aproveitado pela oposição aciolyna em Fortaleza, quando foi
lançada a candidatura do coronel Franco Rabelo, personalidade
"salvacionista" para as eleições de 1912 ao governo estadual , contra
o candidatura de Nogueira Accioly.
Franco Rabelo
A capital
cearense conheceu ali, as primeiras grandes passeatas de sua história, o
ineditismo da iniciativa, envolvendo as moças e as crianças, acabaram
cristalizando e fortalecendo o sentimento de ruptura da sociedade de Fortaleza
com Accioly.
Particularmente
na Passeata das Crianças, no dia 21 de janeiro de 1912, a polícia militar
investiu sobre os manifestantes comextrema violência resultando na
morte de uma criança, sendo o estopim de uma verdadeira batalha campal de três
dias, com manifestações, combates e muitos mortos pelas ruas de
Fortaleza, terminando no dia 24, com a derrocado do governo Acciolista.
Passeata das
Crianças, 21 de janeiro de 1912
O
salvacionista Coronel Franco Rabelo viria a ser eleito, inaugurando o período
de libertação do Ceará da oligarquia de Accioly, entretanto, por ironia do
destino, as mesmas manobras federais que o haviam favorecido , agora
se colocariam contra ele e dois anos depois de sua eleição, Franco
Rabelo seria deposto no ápice do que viríamos a chamar de a Sedição
de Juazeiro.
Continua...
Manoel Severo
- Cariri Cangaço
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