Nos informou João de Sousa Lima
Vinte e cinco recebeu o escritor João de Sousa Lima no dia 29 de Abril de 2014.
Depos de Neco de Pautilia a memória do cangaço perde mais um ícone. Faleceu hoje 15 de junho, na capital alagoana José Alves de Matos o ex cangaceiro "25". Aos 97 anos de idade, Vinte e cinco era "oficialmente" o ultimo ex cangaceiro vivo. Dos remanescentes do cangaço "lampionico" resta apenas Dulce que foi companheira do cangaceiro "Criança".
Aposentado como funcionário público estadual, ao longo dos anos o ex cangaceiro recebeu visitas em sua residência para falar do seu tempo de cangaceiro. O que ajudou a costurar a história desse movimento tão complexo.
Vinte e Cinco era de uma família numerosa, sendo oito irmãos e seis irmãs. Do
segundo casamento do seu pai nasceram mais cinco homens e três mulheres. Teve
vários primos e sobrinhos com ele no cangaço, tais como: "Santa
Cruz", "Pavão", "Chumbinho", "Ventania" e
"Azulão 3". No dia que entrou para o bando de Corisco o seu sobrinho
Santa Cruz era aceito no grupo de Mariano.
Por conta de uma discussão com a cangaceira Dadá saiu do grupo de Corisco para o grupo de Lampião.
No fatídico 28 de Julho de 1938 ele não se encontrava entre o bando porque havia sido incumbido de ir junto com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões e umas munições.
Por conta de uma discussão com a cangaceira Dadá saiu do grupo de Corisco para o grupo de Lampião.
No fatídico 28 de Julho de 1938 ele não se encontrava entre o bando porque havia sido incumbido de ir junto com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões e umas munições.
Na
ocasião das entregas junto com vários cangaceiros.
Após a morte de Lampião Vinte e cinco se manteve escondido até se entregar as autoridades em novembro de 1938 junto com outros cangaceiros. Permaneceu preso por quatro anos em Maceió e dentro da cadeia começou a estudar, quando recebeu o alvará de soltura conseguiu através de um amigo emprego no estado como Guarda Civil. Quando o governador Ismar de Góis Monteiro descobriu que ele havia sido cangaceiro convocou o secretário de Justiça do Estado, o senhor Ari Pitombo e disse que não podia admitir um criminoso na guarda ja que ele havia sido cangaceiro, o secretário procurou o chefe da guarda, o major Caboclinho que afirmou com toda convicção que entre os 38 guardas José Alves era o melhor profissional entre eles.
Vinte e
Cinco, Cobra Verde e Santa Cruz a disposição
da justiça.
O Secretário resolveu fazer um concurso entre os guardas e José Alves contratou duas professoras. Esqueceu as festas e curtições e foi estudar bastante o que lhe rendeu o primeiro lugar na primeira fase, na segunda fase se classificou entre os melhores mas quase foi reprovado justamente na "prova" de tiro, pois era acostumado com a Parabellum e teve que atirar com um revolver 38, abriram uma exceção para o candidato que então conseguiu provar sua habilidade e destreza. Atirando com uma parabellum ele acertou o alvo, depois de duas sequencias de erros com a outra arma.
Segue abaixo uma entrevista concedida a Antonio Sapucaia para o Jornal Gazeta de Alagoas edição de 16 de setembro de 2012.
José Alves de Matos, o conhecido ex-cangaceiro “Vinte e Cinco”, que por cinco anos integrou o bando de Lampião.
Era casado com Maria da Silva Matos desde 1959, pai de uma prole de sete filhos, entre os quais há dentista, economista, assistente social, técnica de saúde e uma funcionária pública federal. Acerca do casamento, dizia que acreditava no destino, considerando que a esposa nasceu em 1938, exatamente no ano do extermínio do grupo de Lampião; ambos não tinham pai nem mãe, e o matrimônio, realizado em Maceió, já dura 55 anos de felicidade.
Considerava-se um homem de bem com a vida, não se arrependeu de nada que fez, principalmente no tempo de cangaceiro, de cuja época dizia ter saudades, “porque ali todo mundo era tratado como igual e todos eram amigos confiáveis. A vida era bastante complicada”, disse com certo ar de tristeza, “mas era muito boa, e se havia momentos de agonia, os momentos de alegria e de prazer eram maiores"
Nascido no dia 8 de março de 1917, em Paripiranga, na Bahia, ingressou no mundo do cangaço aos 16 anos de idade, no dia 25/12/1933, razão porque Corisco o apelidou de "Vinte e Cinco".
“Ao
ingressarem na vida do cangaço”, “todos esqueciam os seus verdadeiros nomes e a
partir daí passavam a ser conhecidos pelos apelidos que recebiam. Também
recebiam ordem de manter o máximo de respeito entre eles, pois seriam tratados
como verdadeiros irmãos e irmãs. Se alguns deles se dispersavam do bando, após
algum tiroteio, mesmo que fossem homem e mulher, havia respeito total entre
ambos, até que novamente o grupo se reencontrasse. Uma coisa que Lampião fazia
questão de manter, aumentando o vigor da voz, era o respeito absoluto entre
todos”.
Vinte e Cinco
confessou:
“A Polícia era
cheia de analfabetos, havia oficial que não sabia sequer atender a um
telefonema. Além disso, eram excessivamente violentos, e foi essa violência
desmedida que levou muitos jovens a ingressar na atividade do cangaço, entre os
quais eu me incluo”.
E
continuou:
“Os policiais,
conhecidos como macacos, chegavam à casa dos agricultores e indagavam se
Lampião havia passado na localidade; se a resposta fosse negativa, eles
apanhavam porque poderiam estar mentindo; se a resposta fosse positiva,
apanhavam ainda mais porque não informaram, antes, sobre a presença deles no
local”.
A respeito do
seu ingresso na vida do cangaço, respondeu:
“Havia uma
família que tinha parentes na Polícia, e fez uma denúncia de que a nossa tinha
admiração por Lampião. Daí, terminaram dando uma pisa em um sobrinho meu, que
passou três dias acamado. Dias depois, encontramos com um membro dessa família,
que já não gostava do meu sobrinho por causa de uma namorada, terminou havendo
uma briga entre nós, pelo que fiquei foragido durante dois anos, carregando
como lembrança uma cicatriz na cabeça, cujo ferimento foi curado com pó de
café”.
“Ao regressar,
fui a uma feira colocar sola em um sapato, cujo sapateiro era cabo da Polícia,
de nome Passarinho, que me reconheceu. Terminei preso durante doze horas e,
como consequência, resolvi fazer parte do bando dos cangaceiros onde eu já
tinha cinco parentes. Mantive contato inicialmente com Corisco, que chefiava um
grupo, tendo-o encontrado junto com Dadá, sua companheira, e um cachorro de
nome ‘Seu Colega’”.
Vinte e Cinco
recordou que vez por outra Lampião pedia a Corisco que o colocasse à sua
disposição e, em meio a essas oportunidades, terminou ficando com o Rei do
Cangaço, até quando ocorreu a chacina de 28 de julho de 1938, em Angico, no
Estado de Sergipe.
O regime que imperava no cangaço era rigoroso, mas todos viviam satisfeitos. Não faltava comida – carne de bode, carneiro, boi, farinha, sal, queijo –, uma vez que os fazendeiros ordenavam aos vaqueiros para abastecer os grupos, o que não acontecia com relação aos que faziam parte da Polícia. Do mesmo modo, não faltavam bebidas, mas aquele que as adquiriam era obrigado a experimentá-las antes de serem servidas a Lampião.
O regime que imperava no cangaço era rigoroso, mas todos viviam satisfeitos. Não faltava comida – carne de bode, carneiro, boi, farinha, sal, queijo –, uma vez que os fazendeiros ordenavam aos vaqueiros para abastecer os grupos, o que não acontecia com relação aos que faziam parte da Polícia. Do mesmo modo, não faltavam bebidas, mas aquele que as adquiriam era obrigado a experimentá-las antes de serem servidas a Lampião.
Escritor
Sergio Dantas em visita à "Vinte e cinco"
A
propósito – lembrou Vinte e Cinco – Lampião quando passava em lugar que não
tinha aguardente ou conhaque, ele deixava dinheiro com alguém para que os
produtos fossem comprados. Tinha mais: orientava no sentido de que as bebidas
fossem enterradas no quintal da casa, bem arrolhadas, e que um dia retornaria
para degustá-las.
Sabe-se que certa vez Lampião deixou alguma importância com determinada mulher para a compra de bebidas e, dias depois, retornou para saboreá-las. Antes de ingeri-las, pediu à mulher que as experimentasse, o que foi recusado por ela. A mulher terminou confessando que a Polícia a havia obrigado a colocar veneno na aguardente. Depois de perguntar como é que a Polícia soube que a bebida estava enterrada no quintal, mandou que a mulher ficasse despida, saísse correndo e se abraçasse com um pé de mandacaru que estava mais adiante.
Nada faltava ao grupo, conforme relata Vinte e Cinco. Havia alegria, principalmente em razão de alguns tocarem realejo, e dinheiro também não faltava, distribuído por Lampião, periodicamente, não sendo verdade que recebiam semanalmente importância fixa, como já foi noticiado.
Não faltavam mulheres para a prática sexual, pois alguns tinham as suas companheiras no bando. Para os solteiros também não faltavam mulheres, quando chegavam às fazendas, e muitas vezes eram mandadas para as suas companhias pelos próprios maridos, pois além de serem bem compensadas financeiramente, presenteavam-nas com brincos, cordão de ouro, anel etc. – relatou Vinte e Cinco
Os cachorros de nome “Seu Colega” e “Guarani” exerciam papel importante, haja vista que, além de serem adestrados para despertar a atenção do grupo quando algum estranho se aproximasse, muitas vezes comiam antes uma parte das comidas que seriam servidas aos cangaceiros para terem a certeza de que não estavam envenenadas.
Sobre Lampião, explicou que “era um tanto fechado, mas em alguns momentos se mostrava brincalhão. Era portador de uma espécie de enxaqueca e, quando amanhecia acometido do mal, falava muito pouco com a gente. Em nenhum momento ouvi dele dizer-se arrependido da vida que levava e, igualmente, nunca manifestou a intenção de abandonar o cangaço, como já foi dito por aí”. Era católico; das 4h30 da manhã para as 5 horas, os cangaceiros acordavam, colocavam os joelhos no chão e começavam a rezar.
Vinte e Cinco confessou que somente Lampião, Luiz Pedro e Quinta Feira sabiam quando e onde eram adquiridas as armas utilizadas pelos bandos. Algumas eram guardadas em ocos dos paus até que delas precisassem, mas era proibido perguntar onde eram adquiridas. Além dos chapéus de couro que portavam e dos apetrechos que conduziam, eram indispensáveis dois cobertores de chitão, um servia para forrar o chão e o outro para cobrir-se.
Sabe-se que certa vez Lampião deixou alguma importância com determinada mulher para a compra de bebidas e, dias depois, retornou para saboreá-las. Antes de ingeri-las, pediu à mulher que as experimentasse, o que foi recusado por ela. A mulher terminou confessando que a Polícia a havia obrigado a colocar veneno na aguardente. Depois de perguntar como é que a Polícia soube que a bebida estava enterrada no quintal, mandou que a mulher ficasse despida, saísse correndo e se abraçasse com um pé de mandacaru que estava mais adiante.
Nada faltava ao grupo, conforme relata Vinte e Cinco. Havia alegria, principalmente em razão de alguns tocarem realejo, e dinheiro também não faltava, distribuído por Lampião, periodicamente, não sendo verdade que recebiam semanalmente importância fixa, como já foi noticiado.
Não faltavam mulheres para a prática sexual, pois alguns tinham as suas companheiras no bando. Para os solteiros também não faltavam mulheres, quando chegavam às fazendas, e muitas vezes eram mandadas para as suas companhias pelos próprios maridos, pois além de serem bem compensadas financeiramente, presenteavam-nas com brincos, cordão de ouro, anel etc. – relatou Vinte e Cinco
Os cachorros de nome “Seu Colega” e “Guarani” exerciam papel importante, haja vista que, além de serem adestrados para despertar a atenção do grupo quando algum estranho se aproximasse, muitas vezes comiam antes uma parte das comidas que seriam servidas aos cangaceiros para terem a certeza de que não estavam envenenadas.
Sobre Lampião, explicou que “era um tanto fechado, mas em alguns momentos se mostrava brincalhão. Era portador de uma espécie de enxaqueca e, quando amanhecia acometido do mal, falava muito pouco com a gente. Em nenhum momento ouvi dele dizer-se arrependido da vida que levava e, igualmente, nunca manifestou a intenção de abandonar o cangaço, como já foi dito por aí”. Era católico; das 4h30 da manhã para as 5 horas, os cangaceiros acordavam, colocavam os joelhos no chão e começavam a rezar.
Vinte e Cinco confessou que somente Lampião, Luiz Pedro e Quinta Feira sabiam quando e onde eram adquiridas as armas utilizadas pelos bandos. Algumas eram guardadas em ocos dos paus até que delas precisassem, mas era proibido perguntar onde eram adquiridas. Além dos chapéus de couro que portavam e dos apetrechos que conduziam, eram indispensáveis dois cobertores de chitão, um servia para forrar o chão e o outro para cobrir-se.
Barreira,
Santa Cruz, Vila Nova e Peitica. Sentados -
Pancada, Vinte e Cinco e Cobra Verde.
Vinte e Cinco participou de vários tiroteios, mas preferiu não relacioná-los,
referindo apenas ao que ocorreu em Pedra d’Água, em Sergipe, quando morreu
"Barra Nova". Nunca foi vítima de ferimentos graves, carregando nos
ombros alguns arranhões que não lhe causaram mal algum. Recordou que
"Barreira" que foi funcionário da Secretaria da Fazenda de Alagoas –
degolou Atividade, colocou a cabeça em um saco e foi se entregar à Polícia.
Sobre Pedro de Cândido, diz que era o homem de maior confiança de Lampião,
entre os coiteiros. Recorda que a intimidade era tanta entre os dois que havia
uma certa ciumeira por parte dos cangaceiros, ou seja, ele “não entrou no
espinhaço do grupo”, expressão que significava não simpatizar, não gostar do
outro.
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Aos familiares e amigos do senhor JOSÉ ALVES DE MATOS, apresento os meus pêsames. A ausência do ex-cangaceiro VINTE E CINCO, fará uma enorme falta, nem só para a família como para todos que privavam da sua presença e amizade.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha