Lampião tinha
sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias, um inspetor da Standard Oil Company. O
fato aconteceu na estrada de Triunfo para Vila Bela (atual Serra Talhada).
Pedro Paulo era natural da cidade de Sabará, em Minas Gerais, e, por isso,
ficou conhecido como Mineiro. Lampião pedia vinte contos de réis para
libertá-lo, o dinheiro deveria ser entregue na Fazenda Varzinha, local indicado
por Lampião.
Quando o bando
chegou a Fazenda Varzinha, foi direto à residência de Silvino Liberalino, o
qual tinha sido subdelegado de Vila Bela, no ano de 1911. Logo que viu a tropa,
Silvino não percebeu que estava diante dos comandados de Lampião, pois, naquela
época, as roupas dos cangaceiros eram iguais às da polícia. Então, saltou na
calçada, com um rifle na mão, e fez a seguinte pergunta:
- É Lampião ou é Força?
O bando respondeu:
- É a Força Volante.
Silvino Liberalino se sentiu mais seguro e disse:
-Então podem entrar. Se fosse Lampião, ia comer bala.
Os cangaceiros entraram e pediram água para beber, quando Silvino colocou a mão no pote para retirar água, os cangaceiros o seguraram e se identificaram:
- Você está falando é com Lampião cabra.
E o prenderam, e para comemorar, deram alguns tiros em frente da residência, ainda hoje, existem algumas marcas de balas nas portas da casa.
Casa de
Silvino Liberalino
Furo de bala
disparada por cangaceiro em 1926
Os
bandoleiros, que já vinham com o refém, Pedro Paulo Magalhães Dias (o Mineiro),
levaram também, Silvino Liberalino, os dois presenciaram a Batalha na Serra
Grande.
A intenção do
bando de Lampião na Fazenda Varzinha, além de receber o resgate, era uma
vingança por um antigo assassinato, ocorrido na Serra Negra, no município de
Floresta, cometido por José de Esperidião, que se mudara para Varzinha.
O resgate foi
levado por intermédio de Manuel Macário, homem da confiança de Cornélio Soares,
no entanto, já na Fazenda Varzinha, o portador foi flagrado pela força policial
do sargento Manuel Neto, que lhe aplicou severas torturas e recolheu o
dinheiro.
O bando seguiu
em direção à casa de José de Esperidião, cuja esposa, Rosa Cariri de Lima, ao
ver de longe, a multidão, avisou o marido, alertando-o para que se retirasse.
José de Esperidião perguntou:
- Quantas pessoas você acha que vêm?
Ela respondeu:
- Uns vintes homens.
Ele disse:
- Não corro com medo de vinte homens.
A mulher calculou muito mal, o quantitativo do bando era de aproximadamente, 68 cangaceiros.
José de
Esperidião pegou seu rifle e dois bornais de balas e ficou entrincheirado no
quarto. O tiroteio foi grande, de toda ribeira se ouvia o barulho das balas,
após certo tempo de tiroteio, o bando resolveu colocar fogo na casa. Para
tanto, retiraram toda madeira do curral, que ficava em frente da residência.
Segundo o livro, o Canto do Acauã de Mariloudes Ferraz, na Varzinha o bando encurralou
um rapaz que, sozinho, lutou até esgotar a munição.
Tiburtino
Estevão ainda tentou socorrer o amigo. Pegou seu rifle e tentou se aproximar,
mas foi visto por alguns cangaceiros, que passaram a atirar em sua direção. Uma
bala atingiu uma galha de xique-xique, próximo da cabeça de Tiburtino. Vendo
que nada podia fazer, o homem retornou à sua residência.
No dia seguinte, foram retirar o corpo de José de Esperidião para fazer o sepultamento, não encontraram marcas de balas no corpo dele, portanto, chegou-se à conclusão de que a morte fora por asfixia provocada pela fumaça.
José Pereira
Lima, conhecido por Cazuza, filho da vítima, com apenas sete dias de nascido,
encontrava-se deitado em uma rede na sala, no momento do tiroteio. Foi baleado,
ficando com uma marca no pé pelo resto de sua vida. Geralmente, quando ia
comprar sapatos, adquiria dois pares, um par 41 e outro par 42, pois o pé
defeituoso ficara menor.
O bando seguiu
viagem rumo às ribeiras do tamboril, chegando até o Sítio dos Nunes no município
de Flores, de onde voltaram. Ao chegar ao Sítio Morada, hoje município de
Calumbi, Lampião estava ciente que a policia estava no seu encalço, portanto,
ali mesmo, abasteceu o bando e pegou o rumo da Serra Grande.
O sequestro de
Pedro Paulo Magalhães Dias e os fatos acontecidos na Fazenda Varzinha foram
interpretados como sendo um desrespeito às autoridades, por terem ocorridos na
comarca de Vila Bela, na época, a sede do comando militar de combate ao cangaço
no interior de Pernambuco. Portanto, foi preparado um destacamento com mais de
300 soldados, chefiados por seis comandantes de volantes, todos fortemente
armados, inclusive com duas metralhadoras Hotchkiss, e muita munição, era um
verdadeiro exército. Tudo inspirava confiança e dava a certeza da vitória.
Lampião
estrategicamente com seus 68 cangaceiros, subiram a serra, e prepararam uma
emboscada, em um local onde existem grandes pedras e fendas profundas, que lhe
dava uma visão completa sobre o campo da batalha.
O combate teve
início antes das 9 horas da manhã e terminou ao anoitecer, a polícia mesmo com
um quantitativo superior, e os soldados atacando corajosamente, não conseguiram
vencer a resistência do capitão Virgulino Ferreira e seus comandados.
Fonte: facebook
Página: Paulo George
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Pois é companheiro Mendes, o Pedro Paulo e o senhor Silvino Liberalino não tiveram bons momentos. Presenciar a batalha de Serra Grande, não foi arte para qualquer um. Só mesmo tendo sangue de guerra.
ResponderExcluirAntonio Oliveira