Por José Cícero
José Cícero
recebe o Cariri Cangaço no Tipi de Marica Macedo
Contemporânea
da intrépida lavrense Fideralina Augusto Lima, Generosa Amélia da Cruz em
Santana do Cariri; além dos feitos e ações que nos remetem até mesmo
a heroína Bárbara de Alencar; Maria da Soledade Lamdim – Marica
Macedo do Tipi compôs com folga de mérito e valentia o histórico quarteto
das chamadas matriarcas dos sertões do Cariri. Filha de João manuel da
Cruz(Joca da Gameleira) e de dona Joaquina de Sales Landim(D.Quinina) ambos
descendentes dos "Terésios".
Nasceu ao que
tudo indica no início de 1865 na localidade de Gameleira do Pau na
serra do Araripe região do Jamacaru (bem ao lado da fazenda
Serra do mato do não menos famoso cel. Santana – conhecido coiteiro
de Lampião) em Missão Velha.
Em 1891 após
casar com José Antonio de Macedo(Cazuzinha) seu parente, o casal decide ir
morar em Aurora comprando a propriedade do sítio Sabonete onde mais tarde
se formaria a vila Tipi; local onde fixara residência até o fim da vida.
A força do seu nome foi muito além do riacho do Tipi de onde construiu o
seu poder. Que além de político era alicerçado no criatório de
gado, lavoura de milho, algodão, casa de farinha e engenho de
rapadura.
Da casa
grande, quanto da bagaceira do eito dava ordem aos seus
comandados com a mesma autoridade e energia dos coronéis do seu
tempo. Suas determinações tinham verdadeira força de lei. Tornando-se, por
conseguinte, uma mulher de invejável poder e respeito não somente no que tange
às questões familiares, como inclusive na política aurorense onde se
pontificou por vários anos não, diretamente, mas através de filho,
parentes e aliados.
Casais
Lamartine Lima e José Cícero no Cariri Cangaço Aurora com Manoel Severo
Esteve no
centro de questões emblemáticas, a exemplo do chamado “fogo do Taveira” que
redundou na invasão e saque de Aurora em 1908 por mais de 600 jagunços
sob o comando de Zé Inácio do Barro ante os auspícios de quase todos os
coronéis da região. Quando foi deposto por meio das balas o então
intendente municipal Antonio Leite Teixeira Neto(Totonho de Monte Alegre) pondo
em seu lugar o seu fiel aliado, o cel. Cândido do Pavão. Um episódio que de tão
marcante ainda hoje ocupa lugar de destaque nos anais da história do Cariri, do
Ceará e do Nordeste.
O tal 'fogo do
Taveira' aconteceu entre os dias 16 e 17 de dezembro de 1908 no
sítio Taveira de Aurora, situado já nos limites de Milagres e contíguo ao
Barro. Quando num tiroteio fora morto o seu filho mais novo José Antonio
de Macedo(Cazuza) de apenas 14 anos sendo também ferido o proprietário da casa
. Coincidentemente, mesmo dia e na mesma ribeira se dava a
polêmica demarcação das célebres minas do Coxá pertencentes ao
padre Cícero Romão Batista. Objeto de disputa entre o sacerdote e
pequenos sitiantes das imediações. O que decerto, contribuiu ainda mais para o
acirramento dos ânimos entre a gente do coronel Totonho de Monte Alegre, Marica
Macedo, Zé Inácio do Barro e coronel Domingos Furtado de Milagres.
Sabendo disso, Marica solicitou ajuda a Floro Bartolomeu que se encontrava nas
imediações do sítio Maracajá(Pavão) com um grupo jagunços armados até os
dentes. Não querendo participar diretamente do conflito o representante
do padre Cícero apenas usou do seu prestígio junto ao então governador do
estado - Nogueira Acióli que ordenara a retira imediata do destacamento
policial que dava apoio ao cel. Totonho. O que facilitou ainda mais a
estratagema para a invasão e deposição do então intendente municipal.
Assim, o fogo do Taveira representou o verdadeiro estopim para a
invasão e saque de Aurora, por cerca de 600 jagunços a mando dos
coronéis da região a pedido de Marica.
Nada acontecia
na Aurora do seu tempo, tanto na política quanto nas questões mais comezinhas
que não fosse do seu inteiro conhecimento. Influente e respeitada era de fato
uma grande liderança. Ao passo que também, tinha a força de juiz, prefeito,
delegada, assim como senhora de engenho e conselheira familiar.
Uma mulher
sertaneja que, dentre outras qualidades, se notabilizou sobretudo por
está muito além do seu tempo... Morreu supostamente de ataque cardíaco em 6 de
janeiro de 1924 na residência de sua filha, localizada a rua José dos
Santos, na beira fresca de Aurora.
Prof. José
Cícero
Secretário de
Cultura e Turismo
Pesquisador do
Cangaço
e Conselheiro
do Cariri Cangaço.
Aurora – CE.
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/06/marica-macedo-do-tipi-brava-sertaneja.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Ótimo texto este caro Mendes e Professor Cícero, que faz uma descrição sobre as Terras de TIPI.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha