Por José Cícero
Cerca de 13 km
separam a sede de Aurora das velhas jazidas do Coxá que, por sinal
encontram-se ligadas geograficamente, ao Sul com os sítio Antas e o
não menos famoso serrote do Diamante, que passou à história como um dos lugares
escolhidos por Lampião e seu bando para se esconder e descansar quando das
vezes que estiveram no território de Aurora. Todos acoitados e na segurança do
coronel Izaías Arruda, Zé Cardoso e Miguel Saraiva. Trata-se do primeiro
acampamento antes dos cangaceiros chegarem à fazenda Ipueiras onde se deu toda
a trama com vistas à invasão de Mossoró em 1927.
Sem esquecer que daquele riacho, ou seja, do sítio Antas pelo menos quatro cangaceiros/jagunços compuseram o temível bando de Massilon e em seguida, o de Lampião quando da malograda invasão à cidade norte-rio-grandense. A saber: Zé Cocô, José de Lúcio, Antonio Soares e Zé de Roque.
Sem esquecer que daquele riacho, ou seja, do sítio Antas pelo menos quatro cangaceiros/jagunços compuseram o temível bando de Massilon e em seguida, o de Lampião quando da malograda invasão à cidade norte-rio-grandense. A saber: Zé Cocô, José de Lúcio, Antonio Soares e Zé de Roque.
Floro e seus
jagunços (acervo SOUSA NETO)
Naquele tempo,
tais minas foram denominadas de “Jazida cuprífera Zaíra” numa referência à
filha do engenheiro de minas francês, o conde Adolfo Van de Brule (amigo de
Floro conhecido na Bahia por volta de 1905) que pela primeira vez ventilou com
a possibilidade de haver ouro, cobre e outros minérios naquelas terras
distantes de tudo, quase inóspitas do Coxá da Aurora.
E que aliás, fez o velho taumaturgo do Juazeiro acreditar piamente nesta possibilidade. Para tanto, sob a ótica analista do conde Adolfo gastou uma soma significativa na ânsia de ver tal projeto de exploração em pleno curso. Uma investida inglória, como se percebeu ao longo dos anos.Contudo não desistira.
Até que em 1910 quando tudo parecia caminhar para este propósito, um poderoso sindicato francês do ramo de mineração sob os apelos de De Brule enviara por fim um comissão de especialistas. Estava decidido a assumir os negócios das minas do Coxá. O velho padre ficara exultante pelo acontecimento. Parte do pessoal francês já se encontrava na cidade de Milagres nos rumos do serrote quando o pior aconteceu. O chefe do projeto Dr. Frochot acometido de febre amarela terminou falecendo subitamente no Recife onde estava hospedado antes de vir à Aurora.
E que aliás, fez o velho taumaturgo do Juazeiro acreditar piamente nesta possibilidade. Para tanto, sob a ótica analista do conde Adolfo gastou uma soma significativa na ânsia de ver tal projeto de exploração em pleno curso. Uma investida inglória, como se percebeu ao longo dos anos.Contudo não desistira.
Até que em 1910 quando tudo parecia caminhar para este propósito, um poderoso sindicato francês do ramo de mineração sob os apelos de De Brule enviara por fim um comissão de especialistas. Estava decidido a assumir os negócios das minas do Coxá. O velho padre ficara exultante pelo acontecimento. Parte do pessoal francês já se encontrava na cidade de Milagres nos rumos do serrote quando o pior aconteceu. O chefe do projeto Dr. Frochot acometido de febre amarela terminou falecendo subitamente no Recife onde estava hospedado antes de vir à Aurora.
Imagem de
Padre Cícero no serrote do Coxá
Uma desgraça.
A empreitada se desfez, mesmo antes de começar. Desiludido o padre empreendeu
esforços desde então, no sentido de vender o quanto antes o
Coxá. Mas foram em vão. Não encontrou nenhum comprador mesmo
escrevendo longas missivas de apresentação, até mesmo à exploradores do
exterior. Estava deveras predestinado a morrer com as suas minas.
Como uma
maldição, desde o desenlace do decano sacerdote muitas outras disputadas ainda
haveriam de se suceder sobre aquelas terras. A paz do Coxá ainda estaria
distante, assim como sua completa exploração mineral. As disputas seguiram a
partir dos próprios inventariantes, até se chegar a grande peleja(anos depois)
entre os Fernandes e os Macambiras do lugar.De sorte que ainda hoje, a situação
relacionada às minas do Coxá não se encontra completamente bem resolvida.
Fragmentada em várias porções de terras e sítios, as antigas minas do Coxá
ainda se mantêm tanto nebulosas quanto indefinidas em seus desdobramentos
futuros e também atuais.
De
maneira tal que, ainda conseguem mexer com os ânimos e a imaginação,
não somente dos que se debruçam a estudar sua história, mas inclusive dos que
ainda alimentam o antigo sonho de extrair para si todas as riquezas que aquele
serrote encerra. Muito se fala. Pouco se sabe. Nada se faz de concreto.
Rocha
encontrada na jazida do Coxá
Volta e meia,
no entanto, homens e máquinas da tal CPRM* são vistos rasgando
o serrote, em explosões, perfurações e outras ações inusitadas que
no mais das vezes não se combinam com a antiga tranquilidade sonora da bela
serra. Deixando, ao contrário do passado, um longo rastro de destruição na mata
virgem. Infelizmente num dos últimos pedaços do bioma sertanejo,
onde a caatinga com sua flora e fauna ainda se encontra
relativamente preservada. Algo difícil de se presenciar nos dias atuais em toda
a região. E ninguém sabe nada. Nada se ver, nada se
diz, nada se pergunta. Tudo é segredo. Um clássico top secret que
se instalou nos sertões destes grotões caririenses.
Tudo é
silêncio. Tudo é mistério. Como de mistério é a própria história... E de
silêncio e solidão tudo o mais que se relaciona e diz respeito
à serra do Coxá em seu itinerário bucólico do mais puro realismo
fantástico. Quem sabe por isso, devotos de “padim Ciço” residentes nos
sítios circunvizinhos ao serrote, num esforço conjunto acabam de colocar uma
estátua do padre no cume mais alto da serra. Num local de difícil acesso em
face dos enormes blocos de pedras e o emaranhado da mata fechada e
espinhenta.
José Cícero e
equipe no Coxá
Do cume do
serrote é possível enxergar toda a região, numa visão privilegiada, em um
raio de 360 graus. Uma visão das mais belas e estonteantes do Cariri. Como se
estivéssemos todos a estender as mãos e o olhar sobre Aurora e o
próprio vale lá embaixo ao lado do velho
padre. Um pouco mais abaixo da estátua já edificada os
moradores estão a construir uma capelinha também em sua homenagem. Quem
sabe, uma esperança baseada no 'eterno retorno'. Como se todos, num sentimento
uníssono e coletivo compartilhassem da ideia de devolvê-lo o quanto antes as
suas terras de antigamente.
Portanto, como
se percebe, o esquecimento não caberá jamais na rica história das minas do
Coxá. Uma história que de tão rica, arrebatadora e instigante, desde muito se
confunde com a própria história do Cariri.
Fonte:http://blogdaaurorajc.blogspot.com.br/2014/06/aurora-padre-cicero-e-as-minas-do-coxa.html
José Cícero
Silva
Pesquisador e
Escritor do Cangaço.
Conselheiro
Cariri Cangaço
http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendesa.blogspot.com
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