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por Textile
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A simples
menção ao nome de Lampião fazia tremer o cabra mais macho do Nordeste.
Virgulino Ferreira da Silva, seu nome de batismo, aterrorizou o sertão, entre
1916 e 1938, com seu bando que contava 200 homens. Nos sete Estados da
Federação onde a lei parecia ausente e a polícia, chamada de Volante, cometia
excessos, Lampião e sua gangue justificavam seus assassinatos, degolas,
estupros e assaltos com supostas bandeiras sociais e, assim, conseguiam
angariar alguma simpatia da população pobre. Mas, quando não estava praticando
crimes, o cangaceiro se atracava com agulhas e linhas para costurar e bordar,
indamente, roupas, revestimentos para cantil, cinturões, bornais (espécie de bolsa) e os
lenços que usava ao estilo Jacques Leclair, o protagonista costureiro da novela
global “Ti-ti-ti”. Seu sanguinolento bando exibia uniformes bordados com flores, estrelas e símbolos místicos. Embora cause
estranheza, este apuro estético tinha uma finalidade: servia para despertar
admiração entre a população e, também, como patente hierárquica do bando. Lampião acreditava ainda que alguns símbolos blindavam
seus homens contra maus espíritos.
Lampião em sua
máquina de costura
O lado
excêntrico e quase marqueteiro do famoso bandoleiro emerge pelas mãos de uma
das maiores autoridades brasileiras em cangaceiros, o historiador Frederico
Pernambucano de Mello, “o mestre dos mestres quando o assunto é cangaço”, como
dizia o antropólogo Gilberto Freyre.
Mello acaba de
lançar o livro “Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço” (Escrituras, 258
págs.), no qual mostra que, ao impor um estilo próprio de vestuário, Lampião
incutia os valores do cangaço aos homens do seu bando e estabelecia a
diferença entre a sua tropa e os “outros.”
Lampião, aliás, odiava ser confundido com cangaceiros comuns. A força da
roupagem luxuosa que ele criara – e incluía metais e até ouro, além de moedas e
espelhinhos –, chegou a influenciar as vestimentas dos policiais. Antes de
costurar, ele pegava um papel pardo e desenhava, depois levava o papel para a
máquina Singer e cobria o tecido. “Ele não era apenas o executor do bordado.
Era também o estilista”, afirma Mello.
“No início, a moda era ofício masculino”, garante a professora de história da
indumentária e antropologia da moda Silvia Helena Soares, da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ela vê nas criações de Lampião um estilo de moda que remonta à época do Renascimento
(século XVI), quando os homens bordavam as joias na própria roupa. “Era tudo
grandão, pesado. Não tinha nada de delicadinho”, afirma. Para o historiador Luiz Bernardo Pericás, autor de “Os Cangaceiros:
Ensaio de Interpretação Histórica”, os uniformes dos cangaceiros ficaram tão
enfeitados que pareciam fantasias.
Lampião aprendeu a manejar a linha e a agulha muito antes de tomar gosto pelo rifle. Quando menino, quase adolescente, Virgulino fazia tecidos de couro muito bem ornamentados, resistentes e esteticamente valiosos para vender nas feiras. “Era famoso como alfaiate de couro”, afirma o historiador Mello. Ele foi parar no crime porque sua família se envolveu numa guerra com fazendeiros vizinhos. Dizem que era tão hábil com a espingarda que conseguia dar tiros consecutivos que clareavam a noite. Daí a alcunha de Lampião. (Existe outra versão).
“Era um dos aspectos da extrema vaidade daqueles bandoleiros”, diz Pericás.
Lampião aprendeu a manejar a linha e a agulha muito antes de tomar gosto pelo rifle. Quando menino, quase adolescente, Virgulino fazia tecidos de couro muito bem ornamentados, resistentes e esteticamente valiosos para vender nas feiras. “Era famoso como alfaiate de couro”, afirma o historiador Mello. Ele foi parar no crime porque sua família se envolveu numa guerra com fazendeiros vizinhos. Dizem que era tão hábil com a espingarda que conseguia dar tiros consecutivos que clareavam a noite. Daí a alcunha de Lampião. (Existe outra versão).
O Rei do Cangaço morreu aos 40 anos, em 1938, junto com a fiel companheira, Maria Bonita – que, igualmente, andava coberta de roupas, chapéus, cintos e bolsas bordadíssimas. O casal e nove homens do bando foram decapitados e as cabeças expostas como troféus pela polícia nas escadarias da igreja de Piranhas, em Alagoas. Ali, foram fotografadas ao lado de objetos preciosos do grupo, como espingardas e cartucheiras, além de outras armas de Lampião: duas máquinas de costura Singer, o sonho de todas a donas de casa da época. Se tivesse escolhido a profissão de costureiro, Lampião (até hoje constantemente revisitado pela indústria fashion) certamente teria tido uma carreira brilhante.
http://textileindustry.ning.com/profiles/blogs/a-influencia-do-cangaceiro
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