Por Leonardo Mota
Zé Pinheiro, o
celebérrimo facínora que tão sinistramente se afamou na sedição de Juazeiro
contra o presidente Franco Rabello, era um cangaceiro perversíssimo, autor de
dezenas de homicídios bárbaros.
O seu renome se fez no período que mediou entre
o obumbramento da estrella de Antônio Silvino e o fulgor infernal da triste
glória de Lampião.
Romeiros e jagunços de Padre Cícero Romão Batista - oberronet.blogspot.com
Essa vingança
foi terrível: convenientemente amarrado, não lhe deram pancadas nem tiros –
esfolaram-no vivo, supplicio que o bandido supportou, rilhando os dentes e sem
a humilhação do inútil pedido de misericórdia.
Quando Zé
Pinheiro morava nos domínios do Padre Cícero, vivia também, a esse tempo, em
Joazeiro, o Antônio Godê, outro cangaceiro famoso. O Godê era mais valente que
Zé Pinheiro: este tinha apenas mais perversidade .
Incomodado com
a fama do rival, Zé Pinheiro bravateou, um dia, que ainda havia de mostrar ao
Godê quem dos dois era o homem mais homem. A ameaça chegou aos ouvidos de
Antônio Godê que, sem dizer palavra, saiu ao encontro daquelle que assim jurara
despachal-o, antes de tempo, deste para outro mundo. Encontrou-o a beber
cachaça e a contar proezas, num quarto de feira. Approximando-se bateu-lhe
levemente no ombro e pediu em tom camaradesco:
- Zé Pinheiro,
meu cabôco, deixa eu ver a fralda de tua camisa!
- Que negócio
é esse, Antônio Godê?
- Nada. É uma
brincadeira, uma caçoada que eu quero te ensinar...
E, dando o exemplo poz para fôra das calças a camisa. Zé Pinheiro fez o mesmo e o Godê, dando forte nó com ambas as peças de roupas, falou, noutro tom:
- Agora que
nós “estamo” amarrado um no outro e nenhum de nós pode correr, bate mão a sua
faca, cabra severgonha, que chegou a hora se de decidir quem de nós dois é o
home mais home!
E já
empunhando a sua pajehuzeira, deu vários pannos no peito e no rosto do bandido
acovardado, que não teve coragem de saccar o punhal e se desmanchou em
desculpas e protestos de amizade. Cansado de o provocar, Antônio Godê, falou
com desprezo:
- Eu não te
mato, mundiça, porque cabra frouxo como tu um home como eu inzempla é assim
como eu fiz agora. Mas olha: tu larga meu nome de mão, deixa de paléio com
minha vida, senão eu te arranco o coração pelas costas! Tu cuida que eu não sou
o negro Quintino, que se o Padre Cisso não chega tão depressa, tu tinha comido
a língua do cadáver delle crua e com cachaça!
E poz termo a
estranha xyphopagia, cortando com certeiro golpe de faca a união que
ardilosamente conseguira para o duello mortal. Mas, cortando como? Por
derradeiro escarneo, cortando do lado da camisa do Zé Pinheiro e pondo para
dentro das calças, como trophéo, o nó cego que fizera...
Obs: Texto
original acompanhando a ortografia utilizada na época.
Fonte principal: ?
Material encontrado no: facebook
Na página do pesquisador: Geraldo Júnior
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Caro Geraldo Júnior e Mendes, tirando a conclusão por Zé Pinheiro e Antonio Godê poderemos entender como era a tamanha coragem desses nossos sertanejos dos velhos tempos. HAJA CORAGEM!
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha