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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

MOSSORÓ EM 1877 - 30 DE AGOSTO DE 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

Manuel Ferreira Nobre ocupou, por dois anos, o cargo de Oficial Maior da Assembleia Provincial do Rio Grande do Norte. Cabia a ele, no exercício da função, passar informações sobre os diversos municípios da província para as Comissões Permanentes, quando as mesmas solicitavam alguns dados. A dificuldade maior para essa função era o fato de não haver bancos de dados ou publicações, cabendo a ele fazer todo o trabalho de pesquisa. E foi por esse motivo que em 1877 resolveu publicar um pequeno livro com os dados por ele levantados. 

Manoel Ferreira Nobre - jotamaria-ospioneirospmrn.blogspot.com

Esse trabalho recebeu o título de “Breve Notícia sobre a Província do Rio Grande do Norte – baseada nas leis, informações e factos consignados na história antiga e moderna”. Esse livro foi publicado pela “Typographia do Espírito-Santense, de Vitória, Província do Espírito Santo, tratando pioneiramente da história, geografia e economia do Rio Grande do Norte.
               
Na introdução do seu livro, disse: “Não escrevo a história preciosa e interessante do Rio Grande do Norte: publico apenas tradições e pequenas reminiscências, que são sempre agradáveis ao torrão, por mais estéreis que pareçam: é um ligeiro ensaio.”
               
No capítulo referente ao município de Mossoró, no ano de 1877, diz:
               
“Descobrimento, situação e extensão - Setenta e duas léguas ao Norte da Capital e sete longe do mar, está a comercial e populosa cidade de Mossoró à margem esquerda do rio do mesmo nome. Afirma a tradição que a sua primeira exploração teve lugar no correr do ano de 1633. É bem repartida, muito arejada e assenta sobre um bel plano. Os seus limites são os seguintes: principiam da Praia do Tibau, no lugar onde confina esta província com a do Ceará e daí pelo cimo da Serra Mossoró até o Sítio Pau do Tapuia, inclusive; desde compreendendo o Sítio das Aguilhadas, no Rio Mossoró, até a Fazenda Chafariz, da freguesia do Campo Grande, no Rio Upanema; e daí pelo rio abaixo, por uma e outra parte, até a sua emborcadura no mar. Este território foi desmembrado do município do Apodi, a quem então pertencia.
               
Criação: Foi povoado e depois vila, com o título de Vila de Santa Luzia do Mossoró (Leis Provinciais nº 87, de 27 de outubro de 1842 e nº 246, de 15 de março de 1852). 18 anos depois, a Lei Provincial nº 620, de 9 de novembro de 1870, conferiu-lhe as honras de cidade, com a denominação de Cidade de Mossoró.
               
Clima: O seu clima é sadio. Raras vezes se desenvolvem moléstias com caráter epidêmico.
               
Costumes: O povo se lança ao trabalho com uma atividade verdadeiramente pasmosa. Os rigores do tempo, a rudeza dos campos e a falta de braços não o fazem empecer. As mulheres distinguem-se por sentimentos sublimes, profundos e generosos. O luxo, esse cancro, companheiro fiel dos vícios, é completamente desconhecido da população de Mossoró.
               
Barra: A barra de Mossoró é uma das mais abrigadas e a mais calma do Norte do Brasil. Navios de todo porte podem descarregar e tomar seus carregamentos ali com muita economia e prontidão. As tempestades lá são desconhecidas. O canal é regular e formando um meio círculo, se acha livre de pedras. Seu fundo é composto de lama e areia. Os comandantes de vapores e seus práticos e Capitães de navios, que frequentam a mesma barra, afirmam que é a melhor do Norte. A distância entre ela e a cidade é de sete léguas.
               
Ancoradouro: O espaço para ancoradouro é mui extenso e abrigado. A distância entre este espaço e o porto é de 10 quilômetros.”
                
Muitas outras informações sobre a Mossoró daquela época estão nesse livro que é, cronologicamente, a primeira história do Rio Grande do Norte, citada obrigatoriamente por todos os compêndios de história e geografia que saíram posteriormente.
               
Esse livro, que foi publicado em 1877, teve uma segunda edição em 1971, noventa e quatro anos após a primeira edição, graças ao esforço do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, comentada e anotada pelo escritor Manoel Rodrigues de Melo. Mesmo assim é um livro raro, encontrado em poucas bibliotecas.
               
Manuel Ferreira Nobre nasceu em Natal em 1824. Exerceu os cargos de vereador, Deputado Provincial, Oficial Maior da Assembleia Legislativa Provincial, Capitão da Guarda Nacional, Ajudante de Ordens do Presidente da Província do Rio Grande do Norte, Leão Veloso e Encarregado da Biblioteca Nacional, cargo no qual se aposentou.
               
Morreu em Natal em 1897, aos 73 anos de idade.

Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte:
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