Por Sálvio Siqueira
Coronéis da primeira República - pessoas.hsw.uol.com.br
Surge
esse fenômeno social no início da República, vindo das raízes do colonialismo
português. Vemos nele, a essência da disparidade social e econômica
entre os roceiros, trabalhadores rurais, e os latifundiários. Das diferenças
sócias, surgem em toda região, a dependência financeira, econômica, intelectual
e política, imposta aos ‘empregados’.
Principalmente a política é caracterizada por ordens, determinações e acuações dos menos favorecidos... Eliminando assim o efetivo sistemático representativo das ou de eleições.
O Estado ,ou quem nele manda, agrupa-se ao coronel regional. Duas forças que
unidas encurralam a massa em cercados feito bois. O Estado precisa, necessita do
apoio político do coronel, e este, embolsa as economias vindas em troca dos
votos de cabrestos. E pasmem, o coronelismo não é entendido como sendo um
fenômeno presente apenas no início vespertino da República, mas sim, como algo
que se estende até os dias atuais, de forma significativa e persistente.
Coronelato - poderes quase ilimitados - blograngel-sertao.blogspot.com
Propositalmente
as carências, juntos e somados aos fenômenos climáticos, o que já eram muito
difícil sobreviver, se faziam sentir, para que com isso a subordinação fosse
uma constante entre a população e o coronel de determinada localidade. Não
possuindo acesso aos serviços básicos, tais como saúde, educação e segurança,
toda a população regional ficava a mercê do coronel ‘fulano de tal’ para
sobreviver. Além disso, o fenômeno do coronelismo se explica também pelo fato
de a população rural não ter acesso as informações escritas, pelo simples fato
de serem semi ou analfabetas por completo. Com isso não possuíam o entendimento
amplo do que seria a política, ou o que significava o ato de participar dos
pleitos eletivos.
Família sertaneja - www.conectemissoes.com
Vendo por esse aspecto, esse modo é, mais um, perceptível na existência de um contexto histórico-social que favoreceu o surgimento do coronelismo. Citando ainda, o surgimento e a existência do coronelismo como o isolamento no qual a população do campo se encontra no início do século XX, já que havia falta de diálogo entre a mesma, implicando na falta de conhecimento sobre fatos e ideais externos à realidade local.
O Coronelismo pode, muito bem, ser entendido como um “Clientelismo”, sendo
instrumento, em um de seus tramites, de cooptação de votos. Refere-se, especificamente,
às práticas de trocas que podem ser econômicas, sociais, ou políticas... Os
velhos e podres favores políticos. Essas características perpassaram pela
cultura brasileira produzindo laços mantidos pela relação desigual e troca de
favores e benefícios. Só se faz possível enxergamos, o Clientelismo, se
podermos ver as desigualdades sociais e a lógica exclusivista das classes ricas
no sistema político.
Pela pequena e
resumida exposição dos temas, percebe-se, portanto, que a formação da
“sociedade” sertaneja, se deteve em meios que desde sempre privilegiaram as
classes mais abastadas econômica e influentes.
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Uma
'artimanha', dentre tantas que os coronéis usaram, para manter o cidadão
sertanejo embaixo da sola de suas botas, foram os Capangas e Jangunços. Na
linguagem sertaneja, nordestina, eram conhecidos como "cabras".
Referiam-se a eles como: 'os cabras do coronel...'. Tratava-se, o primeiro, do
homem, ou dos homens, da confiança do fazendeiro, do coronel, do chefe
político. Tinham confiança íntima do patrão e sua família. Tinham livre acesso
às dependências da casa e acompanhavam o patrão e sua família em suas viagens e
andanças por suas terras. Era o homem de armas. Estava sempre pronto para agir
em defesa do patrão ou cumprir uma ordem do mesmo. Foi usado na zona rural e
nos centros urbanos.
dimensaojornal.com.br
O segundo era mais confiável, discreto e com atividades mais restritas à zona
rural. O jagunço foi muito utilizado nos séculos XIX e XX. Havia uma relação
muito forte entre jagunços e coronéis... Suas existências dependiam uma da
outra. Eram corajosos, valentes, obedientes, fiéis, defendiam, com risco da
própria vida, da honra da família, o patrimônio e a vida do seu patrão. O modus
operandi dessa classe era muito parecido com o do capanga, chegando, em muitas
das vezes, a serem confundidos com os atos 'profissionais' um do outro.
Jagunços do Contestado - cafehistoria.ning.com
O Jagunço escutava, observava e vasculhava tudo nos mínimos detalhes. Eram
verdadeiros instrumentos naturais, capazes até mesmo de revelar, sem errar,
quantos membros existem num grupo que perseguia ou que eles estavam
perseguindo. Não se trata de adivinhação, é um dom desenvolvido pelo
rastejador, o que era uma das qualidades deles, conhecido como ilação, também
utilizado por índios e alguns animais. Uma simples folha que se mexesse, um
pequeno pedregulho que rolasse, um galho quebrado, um capim amassado, um
simples palito de fósforo jogado no chão, um cheiro de algum perfume, o odor do
suor, são pistas importantes para detectarem a presença de alguém próximo ou
mesmo distante. Neles, eram mais importantes a visão, a audição e o olfato do
que mesmo a pontaria... Orientavam e conduziam seus protegidos através do mato
ou caminho desconhecido até atingirem o objetivo, que podia ser o de perseguir
o inimigo ou despistar de uma provável perseguição.
"Um típico cangaceiro nordestino na
década de 1920" - tokdehistoria.com.br
Cansados
de serem explorados pelos ricos fazendeiros, os coronéis, e viverem na miséria,
muitos cidadãos nordestinos se organizaram em bandos armados para praticarem
saques e atos de vandalismo. Os atos dos coronéis fazem com surjam, crie-se,
nas árduas intempéries climáticas da caatinga sertaneja o Cangaceiro. Surgindo,
assim, um fenômeno dentro de outro, sem um, não poderia ter existido o outro. O
Cangaceiro foi uma espécie de sertanejo que sobrevivia praticando atos fora da
"Lei", leis imposta pelos fazendeiros e coronéis nas quebradas do
Sertão. Agiram iguais mercenários, recebiam dinheiro para praticarem
'serviços'. Matavam todos aqueles que podiam para que saíssem das suas veredas.
Usaram em demasia o fator medo, terror, a fim de conquistarem seus objetivos.
Vemos que "O Cangaço" foi um fenômeno social nascido em oposição ao
Coronelismo, mesmo que, com a sequência vivenciada, aconteceram de se aliarem
em prol de sua própria existência, um passou a depender do outro ou teriam tido
um final muito anterior ao prolongado tempo de sua duração. Coronéis passaram a
fazerem parte da malha de fornecedores, fornecendo-lhes armas, munição,
vestimenta e alimentos... em troca, tinham proteção e ganharam somas
altíssimas de dinheiro.
Ofício das espingardas memorial cangaço
http://oficiodasespingardas.blogspot.com.br/
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