Por Geraldo Maia do Nascimento
Na
próxima segunda-feira, 21 de dezembro de 2015, completa dez anos do falecimento
do professor Jerônimo Vingt-un Rosado Maia. Mas apesar de todos esses anos, sua
presença continua viva na memória de todos aqueles que tiveram o privilégio de
sua convivência. Eu fui um desses privilegiados. Por cinco anos fiz parte do
seu círculo de amizade e me tornei seu discípulo. Eu, que vim de outra cidade,
passei a amar essa terra por ele denominada de “pais de Mossoró”, e a divulgar
a sua história e a saga do seu povo.
Em
25 de setembro de 1920, num dia de sábado, nascia em Mossoró, num velho casarão
da Rua 30 de Setembro, Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, sendo filho do patriarca
Jerônimo Rosado e dona Isaura Rosado Maia. Era o vigésimo primeiro filho de uma
família numerosa e numerada, como ele mesmo gostava de dizer, já que seu nome
vem exatamente da seqüência à ordem numérica francesa dos nomes que Jerônimo
Rosado dava aos filhos.
Teve
uma infância normal, de brincadeiras telúricas, embora dando a impressão de ser
um pouco contemplativo. Desde cedo se dedicou aos empreendimentos intelectuais,
preferindo acompanhar a atividade do irmão mais velho, Tércio, filho do
primeiro matrimônio do seu pai, que era um homem culto, poeta, amante dos
livros e pioneiro do cooperativismo no Estado. E foi ainda na juventude que
começou a cultivar o gosto pelos livros e pela pesquisa histórica. Na
adolescência atuou como bibliotecário no Colégio Santa Luzia. E esse gosto
pelos livros o acompanharia durante toda a sua vida.
Em
1940 parte para Lavras/MG para estudar agronomia. Lá chegando, o seu
envolvimento com os livros, as letras e a pesquisa tornaram-se mais intensa.
Nesse mesmo ano, com apenas 20 anos, publicou o seu primeiro livro, que recebeu
o título de “Mossoró”. Concluindo o curso em novembro de 1944, voltou para
Mossoró para desenvolver atividades junto à empresa familiar que atuava na área
de exploração de gesso e paralelamente começou a desenvolver um trabalho no
campo cultural, que culminou com a criação da Coleção Mossoroense.
Apesar
de pertencer à tradicional família de políticos que comanda Mossoró por
gerações, preferiu enveredar mesmo pelo caminho da cultura. Na verdade, chegou
mesmo a disputar dois cargos eletivos. A primeira vez candidatou-se a Prefeito
de Mossoró, perdendo por uma margem de 0,4% em 1968. Em 1972 elegeu-se vereador
com a maior votação proporcional da história de Mossoró, até aquela data. Mas
foi mesmo na área cultural que se destacou, tornando-se ícone da cultura local.
Em 1940, com apenas 20 anos, publicou o seu primeiro livro, que recebeu o
título de “Mossoró”. A esse, seguiram mais de duzentos, que foram da antropologia
ao estudo das secas.
Como
convocado de guerra em 1945, sofreu uma punição por transgressão disciplinar,
ficando detido na cadeia da Companhia Escola de Engenharia de Ouro Fino/MG, por
15 dias. O motivo da pena foi ter fugido para encontra-se com sua namorada,
América Fernandes Rosado, que seria sua companheira por toda a vida. Segundo um
depoimento do próprio Vingt-un, ao terminar a carreira militar, o seu
comportamento foi considerado insuficiente.
Vingt-un
esteve sempre presente em várias frentes de atividade cultural, tanto no
município como no Estado. Foi professor fundador de três faculdades e
idealizador da URRN, hoje Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Foi
fundador e duas vezes diretor da ESAM, hoje Universidade Federal Rural do
Semi-Árido e professor Honoris Causa da UERN. Integrou o Conselho Estadual de
Cultura, foi membro de quatro Academias em dois Estados da Federação, tendo
sido criador e ex-presidente de duas delas, a Academia Norte-rio-grandense de
Ciências e a Academia Cearense de Farmácia.
Jerônimo
Vingt-un Rosado morreu no dia 21 de dezembro de 2005, aos 85 anos de idade.
Morreu não; encantou-se. Continua vivo na memória do povo da terra que tanto
amou, ao ponto de idealizar nela um país, o País de Mossoró. Nesta sua
Pasárgada, ele era amigo do rei, mas era amigo também de qualquer homem do
povo. Fez-se General da Cultura e nessa área abraçou várias causas, venceu
várias batalhas: a batalha da cultura, a batalha da água, a batalha do petróleo
e tantas outras batalhas que estão documentadas na sua grande obra. É nessa
obra que deixou como legado que Vingt-un vive, pois esse é o segredo da
imortalidade: ressurgir sempre que um livro seu é aberto, que uma frase sua é
repetida e que um gesto seu é lembrado. Lembrando Celso Carvalho, “é triste
passar pela vida como a sombra pela estrada. Quando passa é percebida... passou
não resta mais nada”. Por isso Vingt-un fez-se luz. E assim criou o País de Mossoró.
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Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
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