Por Geraldo Maia do Nascimento
História
do Cooperativismo em Mossoró
Geraldo
Maia do Nascimento
Gemaia1@gmail.com
Em
25 de fevereiro de 1915, numa quinta-feira, era criada a Sociedade “Mossoró
Novo”, que se constituía em um sindicato rural, que tinha como sede a cidade de
Mossoró. De acordo com os estatutos da sociedade, a mesma tinha como fins
gerais:
1.
O desenvolvimento, estudo e defesa dos interesses da agricultura, pecuária e
indústrias conexas, como elementos fundamentais da economia sertaneja;
2.
A reorganização da vida econômica do sertão seco, sobre as bases do mutualismo
e do cooperativismo, no sentido de máxima resistência, direta e indireta,
contra os efeitos da instabilidade climática.
Para
alcançar os fins desejados, ainda de acordo com os estatutos, o sindicato tinha
como objetivos imediatos: promover a criação metódica e continuada propaganda
de instituições mútuas e cooperativistas, de toda ordem, estendendo esse
esforço por toda região periodicamente flagelada pela seca; fomentar, por meio
dos institutos formados, o ensino primário e elementar agrícola e o técnico em
geral, subministrando em círculo de estudos, bibliotecas rurais, cursos,
conferências, campos de demonstração e oficinas-escolas; e organizar no
sindicato e em todas as instituições anexas, reservas especiais para criação na
sede sindical de um hospital e de uma escola ou aprendizado de artes e ofícios,
compreendendo estes um curso de agricultura prática.
O
Sindicato Rural Sertanejo teve como seus primeiros dirigentes: Dr. Filipe Nery
de Brito Guerra, Presidente; Dr. Silvério Soares de Souza, Secretário;
Farmacêutica Tércio Rosado Maia, Gerente; Cel. Manoel Cirilo dos Santos,
Tesoureiro; Afonso Freire de Andrade, Arquivista. Tinha ainda no Conselho
Administrativo: Dr. Antônio Soares Júnior, Cel. Bento Praxedes Fernandes
Pimenta, Cel. João da Escóssia Nogueira. Dr. Manoel Benício de Melo Filho e o
Dr. Rafael Fernandes Gurjão. Esse Sindicato foi, na verdade, a semente do
movimento cooperativista do Rio Grande do Norte e teve como mentor o
Farmacêutico Tércio Rosado Maia. Sobre esse assunto, escreveu o historiador
Filipe Guerra: “Tércio Rosado Maia quis abrir caminho para o cooperativismo.
Fundou uma cooperativa sob a denominação de “Mossoró Novo”. Salvo engano, foi
essa a primeira vez que se falou, no Estado, em sociedade cooperativa. Foi ele
seu propagandista, fundador e gerente. Trabalhou, fez funcionar pequeno
estabelecimento, mesmo sofrendo prejuízos materiais”.
O
jornal “Comércio de Mossoró, em sua edição de 10 de janeiro de 1916,
registrava: “Em reunião presidida pelo Cel. Bento Praxedes, realizou-se a
Assembléia Geral da “Mossoró Novo”, sendo definitivamente instalada essa
sociedade. Leu bem confeccionado relatório do período organizacional dessa
sociedade, o Farmacêutico Tércio Rosado Maia, que falou muito bem e com inteira
competência sobre o assunto. O Cel. Bento Praxedes felicitou o Farmacêutico
Tércio Rosado Maia pela realização de seu ideal e concitou a todos os membros
da Diretoria para se forrarem de perseverança a fim de vencer o indiferentismo
público pelas instituições cooperativistas tão úteis e proveitosas nos meios em
que se desenvolvem”.
O
Farmacêutico Tércio Rosado Maia, o pioneiro do cooperativismo do Rio Grande do
Norte, nasceu em Mossoró a 19 de agosto de 1892, sendo o terceiro filho do
também Farmacêutico Jerônimo Rosado e d. Maria Amélia Rosado Maia. Em 1910
formou-se em Farmácia pela Escola de Medicina da Bahia; em 1929 em Odontologia
na cidade do Recife; em 1940 formou-se em Direito e cursou ainda até o 4º ano de
medicina, na mesma capital.
Em
Mossoró lecionou na Escola Normal e no Ginásio Diocesano Santa Luzia.
No
Recife exerceu o magistério nos seguintes estabelecimentos de ensino: Faculdade
de Comércio, Escola Politécnica, Escola Normal Pinto Júnior, Ateneu
Pernambucano, Faculdade de Farmácia da Universidade do Recife, Ginásio
Pernambucano, Colégio Santa Margarida e Colégio Vera Cruz.
Tércio
Rosado Maia faleceu em 8 de setembro de 1960, aos 68 anos. O Cônego Francisco
de Sales Cavalcanti registrou sobre sua morte: “Desaparecido já da vivência
leal dos que souberam admirá-lo, continuou vivo nos seus trabalhos admiráveis
porque PASSOU PELA TERRA FAZENDO O BEM!...”.
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Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:
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