Por Raul Meneleu Mascarenhas
Quando foi
morto foram encontradas com ele algumas orações (rezas) e quero destacar e
assentar por escrito ipsis litteris a da Pedra Cristalina, cuja origem é
desconhecida e que hoje em dia está mudada um pouco.
Todas essas das fotos,
estão no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, em Maceió.
Oração da
Pedra Cristalina
“Minha pedra christalina, que no mar fostes achada, entre o Cálice Bento e a
Hóstia Consagrada. Treme a terra, mas não treme nosso senhor Jesus Christo no
alta assim tremem os corações dos meus inimigos quando olharem para mim eu te
benzo em cruz i não tu a mim entre o sol a lua i as estrelas e as três pessoas
distintas da Santíssima Trindade meu Deus na Travessia avistei meus inimigos
meu Deus o que fasso com elles i com o manto da Virgem sou cuberto e com o
sangue de meu Senhor Jesus Christo sou valido tem vontade de atirar porem não
atira si mi atirar água pelo cano da espingarda correrar se estiver vontade de
mi fura a faca da mão cahira se me amarrar os nós se dizatarão e si mi trancar
as portas si abrirão.
Offiricimento
salvo fui salvo sou e salvo serei com a Chave do sacrario Eu me fecho.
1 P. ...: 3 Ave Maria i 3 Gloria a... i offereci a 5 Chagas de Nosso Senhor Jesus Chisto.”
O Poder e Seus Símbolos
Em seu livro
"Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro", muito
raro, e apenas nas mãos de colecionadores e amantes da literatura de cangaço,
Elise Grunspan-Jasmin em um dos capítulos sob o tema "O Poder
e Seus Símbolos" diz que ao soarem as doze badaladas do meio dia, Lampião
apeava do seu cavalo, ajoelhava-se, transfigurava-se, e erguia o único olho bom
que possuía, olhava bem para o céu e exclamava suplicante:
— Meu Deus! Quando terminará a missão que me destes na terra? Já é tempo de ter concluído o meu trabalho!
Os bandidos criam naquela força e um terror mistico se apoderava deles, tornando maior o respeito que nutriam por ele. Afirma Elise Grunspan que nenhum deles desconfiava que aquilo "tudo não passava de uma artimanha usada para faze-los acompanhar sempre o chefe e respeita-lo cada vez mais".
Pessoalmente não acredito nessa afirmativa da escritora; ela não tinha o sentimento do sertanejo e nem chegou a conviver por tempo suficiente para ler a alma sertaneja. No nordeste brasileiro temos uma força religiosa muito grande, aliada à supersticiosas.
— Meu Deus! Quando terminará a missão que me destes na terra? Já é tempo de ter concluído o meu trabalho!
Os bandidos criam naquela força e um terror mistico se apoderava deles, tornando maior o respeito que nutriam por ele. Afirma Elise Grunspan que nenhum deles desconfiava que aquilo "tudo não passava de uma artimanha usada para faze-los acompanhar sempre o chefe e respeita-lo cada vez mais".
Pessoalmente não acredito nessa afirmativa da escritora; ela não tinha o sentimento do sertanejo e nem chegou a conviver por tempo suficiente para ler a alma sertaneja. No nordeste brasileiro temos uma força religiosa muito grande, aliada à supersticiosas.
crendices. Vimos naquela época beatos saírem perambulando pelas cidades, vilas e povoados, pregando ao povo a salvação. Conhecemos a história de Antonio Conselheiro, de Padre Cícero, de Padre Ibiapina, a de José Lourenço e seus companheiro no Caldeirão.
Nesse seu livro, Elise Grunspan continua, "Os cangaceiros acreditam na "força" de Lampião e, diz-nos Vitor de Espirito Santo (N.A. Jornalista), "um terror mistico deles se apodera, reforçando o respeito que nutrem por seu chefe". Segundo ele, nenhum deles jamais duvidou de que se tratava de um estratagema destinado a fazer que o acompanhem "eternamente" e o respeitem sempre mais.
O misticismo de Lampião seria, para esse jornalista, um simulacro ao qual a comunidade sertaneja e alguns de seus padres deram sua caução. Essa imagem messiânica do bandido leva o jornalista a denunciar o abismo que separa dois mundos estranhos: o litoral civilizado e o sertão bárbaro, prisioneiro de um catolicismo ancestral e de um paganismo primitivo."
Ranulfo Prata
em seu livro "LAMPIÃO", Segundo relatos, foi lido pelo próprio
Lampião, que jurou mata-lo, fala que "sua religiosidade é feita de um
fetichismo bárbaro e abusões católicas, que se condensam em um misticismo extravagante
e selvagem."
Continua, "Traz pendentes do pescoço, saquinhos encardidos contendo rezas salvadoras, bentinhos milagrosos, medalhas protetoras... Não esquece a oração do meio dia, hora má, como a da meia noite, em que o diabo se solta para perder as criaturas."
Todos os escritores da saga cangaço, escrevem e dão testemunho da grande religiosidade de Lampião. Ranulfo Prata nos diz que - "Quando o sol se empina e lhe cai em raios verticais sobre a cabeça, a sombra minguada aos pés, nos pousos, nas estradas, nos combates, ele verga os joelhos, genuflexo, no chão duro, pende a cabeça humilhada, e, contrito, com a grande mão ossuda e escura a bater no peito, reza com fervor. Os companheiros, em torno, fitam-no cheios de estranho respeito. Faz encenações que o revelam homem de mandigas. No povoado Novo Amparo almoçou em uma casa pobre com quatro velas acesas nos cantos da sala, fazendo a sua hospedeira acreditar que era senhor de rezas fortes que o protegiam. Jamais desrespeitou um padre. Trata-os como pessoas sagradas. intocáveis, merecedoras de respeito e garantias. Quando os topa pelos caminhos apeia-se, pressuroso, e humildemente lhes beija as mãos" (pg 30 sem data e editado pela Traço Editora)
Continua, "Traz pendentes do pescoço, saquinhos encardidos contendo rezas salvadoras, bentinhos milagrosos, medalhas protetoras... Não esquece a oração do meio dia, hora má, como a da meia noite, em que o diabo se solta para perder as criaturas."
Todos os escritores da saga cangaço, escrevem e dão testemunho da grande religiosidade de Lampião. Ranulfo Prata nos diz que - "Quando o sol se empina e lhe cai em raios verticais sobre a cabeça, a sombra minguada aos pés, nos pousos, nas estradas, nos combates, ele verga os joelhos, genuflexo, no chão duro, pende a cabeça humilhada, e, contrito, com a grande mão ossuda e escura a bater no peito, reza com fervor. Os companheiros, em torno, fitam-no cheios de estranho respeito. Faz encenações que o revelam homem de mandigas. No povoado Novo Amparo almoçou em uma casa pobre com quatro velas acesas nos cantos da sala, fazendo a sua hospedeira acreditar que era senhor de rezas fortes que o protegiam. Jamais desrespeitou um padre. Trata-os como pessoas sagradas. intocáveis, merecedoras de respeito e garantias. Quando os topa pelos caminhos apeia-se, pressuroso, e humildemente lhes beija as mãos" (pg 30 sem data e editado pela Traço Editora)
Também tenho
dúvidas nesse relato de Ranulfo Prata pois mesmo sendo ele nascido na
cidade de Lagarto-SE. em 1896, foi estudar medicina em salvador e concluiu no
Rio de Janeiro em 1919. Clinicou em algumas cidades do interior de São Paulo e
Minas, até fixar-se em Santos-SP onde dirigiu o Centro de Radiologia da Santa
Casa e Beneficência Portuguesa, mostrando por esse breve histórico, que não
tinha muita vivência dos melindres religiosos dos sertanejos e se bem que em
Sergipe, não temos casos de figuras beatas aos moldes que se deu nas demais
partes do nordeste.
O que leio e
pesquiso em livros e em conversas com confrades, nesse pouco tempo de devoto à
saga Cangaço, e pelas estórias contadas por minha avó dona 'Santa', mãe de meu
pai, que visitou Jararaca na prisão da cadeia dos Paredões, que viu tarde da
noite, a passagem da polícia com Jararaca para ser morto por traz do cemitério,
e pelas contadas por minha mãe, que fugiu quando menina, de Lampião, junto com
a inteira população de Mossoró, quando seu pai 'Chico Santeiro' ficou guardando
a casa da mãe do Prefeito de Mossoró, é que ele era muito religioso e se tivesse
sabido que a Padroeira da Cidade era Santa Luzia, jamais a teria atacado.
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