Material do acervo do pesquisador Geraldo Júnior
A morte desse
cangaceiro aconteceu em 5 de agosto de 1935, devido a fatos totalmente
imponderáveis.
Resumindo, o que aconteceu foi o seguinte: O grupo de Cirilo certa vez estava acoitado em uma fazenda no Salgadinho, povoado do município de Paulo Afonso, e trouxeram uma bacia para uso geral. O chefe fez uma viagem rápida, e na sua ausência, Moça (companheira de Cirilo), disse a Zé Sereno:
- Zé, apanhe
água, bote no fogo pra morná, e lave meus pés;
Sereno
recusou-se a obedecer, o que causou discussão com a mulher de seu tio que
terminou com a seguinte ameaça:
- Quando
Cirilo voltar você vai ver se lava ou não lava.
No dia
seguinte, ao retornar, ele foi colocado ao par do ocorrido, e para demonstrar
seu poder, apanhou uma vara e ordenou ao sobrinho:
- Ou vai lavar
ou vai apanhar!.
Zé Sereno
manobrou o fuzil e disse:
- Se me bater
não conto os buracos, e não fico mais junto.
Manoel. Moreno
e Jararaca, parentes de Cirilo e também de Sereno se equiparam e acompanharam o
jovem, deixando só o casal. Pouco tempo depois “Moça” deu a luz e os únicos que
receberam o casal foram Corisco e Dadá.
CIRILO E MOÇA
Era tempo de inverno,
chovia muito e Moça ficou na chuva. O marido queria que ela ficasse dentro de
casa por dois motivos: proteção contra a chuva e evitar ser descoberta pelas
volantes que sempre passavam por ali. Houve discussão e o cangaceiro acabou
dando uns safanões na mulher que era muito teimosa.
Corisco ordenou que
Limoeiro fosse no dia seguinte buscar o enxoval de seu filho que estava para
nascer, e o Cirilo resolveu acompanhar o jovem a fim de esfriar a cabeça.
Viajaram logo
cedo. Quando chegaram na serra da Mata Grande viram uma casa, e foram até lá
pedir comida. Estavam conversando com os moradores quando foram avistados e
atacados pelo subdelegado Agripino Feitosa e seus cinco acompanhantes armados.
Os cangaceiros
fugiram, cada um indo para um lado. Limoeiro por ser moço e forte escapou
ileso. Cirilo foi ferido, e para esconder o rastro, desceu para dentro do riacho
e seguiu andando por dentro d'água, despistando os perseguidores. Mas a
hemorragia do ferimento minou-lhe a resistência, e ao tentar subir pela margem do
riacho, desmaiou pela perda de sangue e acabou morrendo. Ao ser encontrado ainda
estava ereto apoiado no barranco, com as mãos crispadas.
CIRILO MORTO
AO LADO DE SEUS ALGOZES
Limoeiro ao
retornar ao grupo de Corisco contou o que acontecera. Não sabia ainda da morte
do companheiro, mas logo a notícia espalhou-se pelo sertão, e até foto com os
matadores ladeando o cadáver, que se vê em pé e amarrado em uma tábua, foi
exibida por coiteiros ao grupo.
Moça ficou
muito abalada com a morte do marido. Chorou. Lastimou-se, julgando-se culpada
pela morte dele. Quando lhe foi sugerido que procurasse um novo companheiro,
entre os componentes dos outros grupos e não entre os "meninos" de
Corisco, a Joana Conceição dos Santos (este, seu nome real) recusou terminantemente
essa possibilidade.
MOÇA
Dadá
costurou-lhe algumas roupas e num vestido escuro colocou na bainha do mesmo o
dinheiro que era do finado. e também uma certa importância arrecadada entre os
componentes do grupo de Corisco.
Após permanecer algum tempo na casa dos
familiares, Moça foi denunciada e presa. Teve sorte. Não foi judiada na cadeia
onde permaneceu por pouco tempo, sendo logo libertada.
Fonte: Livro
LAMPIÃO E AS CABEÇAS CORTADAS de Antônio Amaury Corrêa de Araújo
2ª. Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Link: https://www.facebook.com/groups/ocangaco/permalink/1212617922084657/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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