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terça-feira, 26 de abril de 2016

A MORTE DE CIRILO DE INGRÁCIA (ENGRÁCIA)

Material do acervo do pesquisador Geraldo Júnior

A morte desse cangaceiro aconteceu em 5 de agosto de 1935, devido a fatos totalmente imponderáveis.

Resumindo, o que aconteceu foi o seguinte: O grupo de Cirilo certa vez estava acoitado em uma fazenda no Salgadinho, povoado do município de Paulo Afonso, e trouxeram uma bacia para uso geral. O chefe fez uma viagem rápida, e na sua ausência, Moça (companheira de Cirilo), disse a Zé Sereno:

- Zé, apanhe água, bote no fogo pra morná, e lave meus pés;

Sereno recusou-se a obedecer, o que causou discussão com a mulher de seu tio que terminou com a seguinte ameaça:

- Quando Cirilo voltar você vai ver se lava ou não lava.

No dia seguinte, ao retornar, ele foi colocado ao par do ocorrido, e para demonstrar seu poder, apanhou uma vara e ordenou ao sobrinho:

- Ou vai lavar ou vai apanhar!.

Zé Sereno manobrou o fuzil e disse:

- Se me bater não conto os buracos, e não fico mais junto.

Manoel. Moreno e Jararaca, parentes de Cirilo e também de Sereno se equiparam e acompanharam o jovem, deixando só o casal. Pouco tempo depois “Moça” deu a luz e os únicos que receberam o casal foram Corisco e Dadá.

CIRILO E MOÇA

Era tempo de inverno, chovia muito e Moça ficou na chuva. O marido queria que ela ficasse dentro de casa por dois motivos: proteção contra a chuva e evitar ser descoberta pelas volantes que sempre passavam por ali. Houve discussão e o cangaceiro acabou dando uns safanões na mulher que era muito teimosa. 

Corisco ordenou que Limoeiro fosse no dia seguinte buscar o enxoval de seu filho que estava para nascer, e o Cirilo resolveu acompanhar o jovem a fim de esfriar a cabeça.

Viajaram logo cedo. Quando chegaram na serra da Mata Grande viram uma casa, e foram até lá pedir comida. Estavam conversando com os moradores quando foram avistados e atacados pelo subdelegado Agripino Feitosa e seus cinco acompanhantes armados.

Os cangaceiros fugiram, cada um indo para um lado. Limoeiro por ser moço e forte escapou ileso. Cirilo foi ferido, e para esconder o rastro, desceu para dentro do riacho e seguiu andando por dentro d'água, despistando os perseguidores. Mas a hemorragia do ferimento minou-lhe a resistência, e ao tentar subir pela margem do riacho, desmaiou pela perda de sangue e acabou morrendo. Ao ser encontrado ainda estava ereto apoiado no barranco, com as mãos crispadas.

CIRILO MORTO AO LADO DE SEUS ALGOZES

Limoeiro ao retornar ao grupo de Corisco contou o que acontecera. Não sabia ainda da morte do companheiro, mas logo a notícia espalhou-se pelo sertão, e até foto com os matadores ladeando o cadáver, que se vê em pé e amarrado em uma tábua, foi exibida por coiteiros ao grupo.

Moça ficou muito abalada com a morte do marido. Chorou. Lastimou-se, julgando-se culpada pela morte dele. Quando lhe foi sugerido que procurasse um novo companheiro, entre os componentes dos outros grupos e não entre os "meninos" de Corisco, a Joana Conceição dos Santos (este, seu nome real) recusou terminantemente essa possibilidade.

MOÇA

Dadá costurou-lhe algumas roupas e num vestido escuro colocou na bainha do mesmo o dinheiro que era do finado. e também uma certa importância arrecadada entre os componentes do grupo de Corisco. 

Após permanecer algum tempo na casa dos familiares, Moça foi denunciada e presa. Teve sorte. Não foi judiada na cadeia onde permaneceu por pouco tempo, sendo logo libertada.

Fonte: Livro LAMPIÃO E AS CABEÇAS CORTADAS de Antônio Amaury Corrêa de Araújo

2ª. Fonte: facebook
Página: Geraldo Júnior
Link: https://www.facebook.com/groups/ocangaco/permalink/1212617922084657/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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