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quinta-feira, 21 de abril de 2016

O MARTÍRIO DE HERCULANO


Naquele tempo, nos sertões baianos, Corisco e seus “cabras” andavam aprontando das suas.

Por essas ‘andanças’, alguém lhe conta que seu antigo inimigo, Herculano Borges de Sales, que tinha sido subdelegado e o tinha trancafiado numa cela, estava dando seu ar da graça pelo povoado de Santa Rosa de Lima, levando mercadorias para vender na feira.


Pois bem. O sanguinário cangaceiro tinha jurado vingar-se dele. E, sabedor de onde estava transitando, resolve armar-lhe uma “arapuca” mortal.

Manda ele, o ‘Diabo Loiro’, um bilhete para, o agora ex, sub delegado o ameaçando de morte.

A falta de sorte do mercador ou a sorte do cangaceiro aflora certo dia. 

Tendo viajado o dia inteiro, o almocreve faz parada perto de uma cacimba, nas terras do sítio Bom Despacho, para dar água aos animais.


Tinha, na ocasião uma espécie de ajudante, chamado Higino. Esse, sem pressa, começa a amarrar os animais nos troncos das árvores ali existentes.

De repente... Sombrias figuras de chapéus de couro com abas largas e quebradas para cima, começam a fechar um cerco em suas voltas.


Faz-se ouvir a voz de um cangaceiro de estatura grande, cabelos avermelhado e de um porte físico avantajado:

“ - Estes animais são seus?” – (pergunta o cangaceiro).

“ - Não senhor; não são meus. Eu sou apenas um empregado. Estamos seguindo para Uauá.” – (responde o inquirido).

“ - E onde está o dono desses bichos?” – (insiste o chefe do sub grupo).

“ - Desceu o riacho em busca da cacimba, 1prá modo’ de encher as borrachas. É Herculano Borges, conhece?” – (diz Higino inocentemente). ( “Corisco – A Sombra de Lampão” – Sérgio Dantas),

Nesse momento abri-se um largo sorriso nos lábios do cangaceiro. Aquele nome, pronunciado, e dizendo que estava tão próximo, era como se fosse uma dádiva.

Passa a ordem para que seus ‘cabras’ vão e prendam o comerciante. No que, de imediato, é atendido. Trazem-no dando-lhe solavancos para que andasse mais rápido e, também, é uma maneira de humilhar, para junto de seu chefe, quando cai por ser empurrado o comerciante.

Corisco, transbordando de satisfação, diz ao mercador:

“ - Levante-se para morrer! Você está com Corisco pela frente” – ( Ob. Ct.)

Mas, a vingança do cangaceiro não vai resumir-se apenas ao assassinato daquele homem. Ela tem que ter requintes de crueldades para quer, além de tudo, sirva de lição para os outros.

Ordena o chefe que o levem e o amarrem mais para fora da estrada. 

Assim os comandados fazem. O amarram em um pé de aroeira, frondoso, perto da cacimba.

Faltando umas duas horas para a hora da ave Maria, corisco chega junto do prisioneiro e diz:

“ - Vosmicê não está lembrando de mim não, cabra ordinário? 
Vosmicê não lembra que um dia eu quis viver sossegado e por conta de uma besteira você não quis deixar? Está lembrando agora? Lembra o que vosmicê fez com meu primo arvoredo? O que é que um homem deve fazer com um safado como você, Herculano?” (Ob. Ct.)

Sabedor da sua situação, Herculano não tem muito o que dizer. Mesmo assim, tenta justificar as ações de seu passado:

“ - Mas eu era delegado. Tinha que cumprir as ordens!” – (diz).

“ - Que ordem, que nada! Eu bem que podia deixar passar, mas não deixo! Eu jurei me vingar e graças a Deus o dia chegou! – (rebate Corisco)(Ob. Ct.)

O velho ex sub delegado se desespera vendo que não tem argumento que faça Corisco mudar de ideia.

Corisco pega em seus troços um lápis e um pedaço de papel e manda que seu prisioneiro faça uma carta se despedindo da sua família.

Herculano permanece amado ao troco da aroeira a noite quase que por inteira. Já são alta madrugada, os galos da redondeza já tinham cantado por diversas vezes, quando corisco manda que Higino vá embora, desapareça de sua frente.

Nesse momento, ordena que seus comandados amarrem, dependurado de cabeça para baixo, o ex sub delegado, Herculano Borges.

Inicia-se a fase cruel de torturas com pontas de punhais adentrando na pele do prisioneiro.

Gritos e lamúrias. Implorando que parassem com aquilo, que o deixassem viver para terminar de criar seus filhos. Nada. Apenas os gritos de satisfações dos cabras, ao verem seu corpo contorcendo-se de dores, e o líquido vermelho eu já escorria em suas vestes, rumo a terra.
O sofrimento é tanto, que a certa altura o pobre mercador pede, implorando que o matem logo...

Corisco satisfaz seu pedido, “saca a pistola do coldre e atira”. O sofrimento chega ao fim.

O chefe do subgrupo diz aos comandados:

“ 
- Agora a festa é de vocês”. (Ob. Ct.)

Meus amigos, nesse instante, os cabras desamarram o corpo inerte e começam a profana-lo. Começam a retirar parte de seu ‘couro’, pele, e partem em vários pedaços seu corpo.

Após repartirem o cadáver, corisco ordena:

“ - Juntem esses pedaços, porque quero deixar eles no curral da Fazenda Bom Despacho, para o povo ver quem é corisco e o que ele faz com gente que não presta.” ( Ob. Ct.)

Assim foi o assassinato de Herculano Borges de Sales, na beira de uma cacimba, pendurado no tronco de uma aroeira... nas quebradas do sertão.

Fonte Ob. Ct.
Foto Ob. Ct.

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/permalink/622994194531367/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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