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terça-feira, 24 de maio de 2016

JESUÍNO BRILHANTE ROMANTIZADO

Por Francisco Antônio de Paiva

A história do banditismo no sertão brasileiro sempre leva os amantes da história ao grupo de cangaceiros mais famoso do Nordeste liderado por Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Mas a história revela outros personagens que podem trazer tantas outras revelações de um fenômeno que deixou de existir oficialmente, o cangaço.
  
O fenômeno do banditismo rural está ligado muitas vezes à rebeldia, esses sujeitos chegam até a ser pensados como bandidos sócias, uma espécie de “Robin Hood”, aquele que tira dos ricos e dá aos pobres.
            
É preciso separar o que é banditismo social do banditismo comum. O primeiro é romantizado, transformados em heróis que lutam contra a opressão do estado e dos senhores de terra. O segundo é o banditismo comum que roubam, matam e estupram. O fenômeno do cangaço pode reunir essas duas vertentes que podem ser analisadas por diversos estudos.

É nesse contexto de banditismo rural que surge Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno Brilhante, ele nasceu em Patu, Rio Grande do Norte no ano de no ano de 1844 e, devido a rixas com outra família protegida por grandes proprietários de terras da região fez-se chefe de cangaceiros, o sítio tuiuiú foi seu reduto de onde comandava suas ações.
            
As grandes ações de Jesuíno foram à resistência à prisão em Martins e o ataque à cadeia de Pombal para libertar seu pai e seu irmão que ali se encontravam presos. Sua área de atuação era o semiárido potiguar e paraibano, mas ele ficou conhecido mesmo, segundo relatos, como o cangaceiro romântico. Um homem que procurava combater as injustiças dos poderosos da região.
            
Para Eric Hobsbawm (2010, p.36) “Os bandidos sociais são camponeses que os senhores de terras e o estado encaram como criminosos”, mas “continuam a fazer parte da sociedade camponesa, que os considera heróis, campeões vingadores, os que lutam por justiça, talvez até vistos como líderes da rebelião e, sempre como homens a ser admirados”.
            
Jesuíno Brilhante morreu em 1879 em uma emboscada comandada por um inimigo seu da família Limão em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba. As histórias sobre ele o transformaram em herói, um camponês que foi perseguido por poderosos da região, defensor dos humildes, mulheres defloradas e roubava dos ricos para dar aos pobres.
            
O Jesuíno Brilhante romantizado pode ser o mais próximo de bandido social que pode ter havido no sertão nordestino, mas é preciso fazer ressalvas. Um bandido social pode ser um homem que luta contra as injustiças  em seu espaço de convivência e ser um bandido comum em outras áreas. Neste caso trabalhamos com a imagem romantizada de Jesuíno, uma visão não problematizada e simplista já que muitos bandidos precisavam de apoio de pessoas influentes para manter-se na ativa.

http://www.jornalfolharegional.com.br/2016/05/24/jesuino-brilhante-romantizado/

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