Por Geraldo Maia do Nascimento
Em
velhas atas da Câmara Municipal de Mossoró do início do Século passado,
pescamos algumas informações, reminiscências da cidade, que nos dão exata
dimensão do seu cotidiano. As decisões tomadas pela edilidade, como era a
cidade na época, quais os seus moradores de destaque e muitas outras
curiosidades que ajudam a conhecer como se formou a Mossoró de hoje.
Através
desses documentos ficamos sabendo, por exemplo, que em 1905 a cidade era
formada por 920 casas, entre térreas e sobrados, excetuando-se desse número os
seguintes edifícios: Igreja Matriz, Igreja Coração de Jesus, Capela da
Conceição, Cemitério Público e Capela de São Sebastião, Mercado Público,
Matadouro, Casa de Detenção, Colégio Diocesano, Casa de Aulas Municipais, um
colégio em construção e o edifício da Loja Maçônica 24 de junho. Dessas casas,
620 eram de tijolos, cobertas de telhas e 300 de taipa.
Numa
ata datada de 17 de janeiro desse mesmo ano tomamos conhecimento de que a
Intendência (Prefeitura) elevou a verba da Limpeza Pública para 2.000$, dois
contos de réis, e renovou o contrato com Antônio Pompílio que há nove anos
vinha sendo contratado. Assinou contrato também para a iluminação pública que
era constituída de 60 lampiões a gás e postes em seus pontos convenientes. Há
uma informação interessante sobre o uso dos lampiões. Os mesmos seriam acesos
três dias depois da lua cheia até cinco dias depois da lua nova. Em noites de
lua cheia não era preciso acender os lampiões pois a lua clareava mais que os
mesmos. No contrato ainda dizia que os lampiões deveriam ser mantidos limpos,
asseados e eficazes. Para que isso acontecesse, existia a figura do Acendedor
de Lampiões. Toda tarde aquele profissional seguia pelas ruas, ‘a boquinha da
noite”, levando uma escada e um galão de querosene, abastecendo os lampiões,
limpando a fuligem e acendendo os mesmos. Na manhã seguinte seguia o mesmo
trajeto apagando os que permaneciam acesos, menos nos dias mencionados acima ou
quando estava chovendo.
A
30 de julho o Decreto 6.059 criou uma Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional
na Comarca de Mossoró.
Tomamos
conhecimento também que em 10 de agosto, ainda do ano de 1905, João Dionísio
Filgueira, Sebastião Fernandes, Antônio Filgueira Filho, Francisco Tavares Cavalcanti,
respectivamente Juiz de Direito, Promotor Público, Presidência da Intendência e
Vice-Presidente, além do corpo comercial, pessoas gradas do município, enviaram
memorial ao Exmo. Sr. Presidente da República e Exmos. Ministros, reivindicando
a construção da Estrada de Ferro de Mossoró. (A Estrada de Ferro de Mossoró
teve o seu primeiro trecho inaugurado em 1915, ligando Porto Franco à Estação
de Mossoró – hoje Estação das Artes).
Em
08 de dezembro inaugurava-se a capela de Nossa Senhora da Conceição, construída
no governo do Pe. Moisés Ferreira, sucessor do Pe. João Urbano na paróquia de
Mossoró. A capela foi inaugurada nessa data para comemorar o cinquentenário do
Dogma da Imaculada Conceição. Nesse mesmo dia, e com a denominação de “Bilhar
Eureka”, inaugurou-se na cidade uma casa de diversão e jogos lícitos, de
propriedade e sob a gerência do Sr. Raimundo Couto.
Nesse
ano de 1905 o município teve uma arrecadação de 24:100$000 e uma despesa de
23:100$000. Foi um ano seco, sem inverno. O ano entrou com o povo sentindo as
consequências desastrosas da seca do ano anterior. Em 1905 apenas o mês de
março foi chuvoso. Em seu livro “Secas contra a Seca” Felipe Guerra Registrou:
“Finda-se
o ano sem indício de inverno; entretanto, o gado conserva-se bem, há pastagem e
aguadas. Os gêneros continuam abundantes e por preços baixos. Admira como um só
mês de inverno tenha trazido tanta facilidade de vida e abundância no correr do
ano”. Em Mossoró choveu 463 mm, naquele ano.
São
desses pedaços de informações que construímos a História de Mossoró.
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Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:
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