*Rangel Alves
da Costa
Palavras,
palavras. Nada mais que palavras, alguém erroneamente já asseverou. Não há
palavra vã. Não há palavra que não cause imediata consequência em que a ouve.
Palavras,
palavras. Sempre com sua força e pujança. Tanto assim que as palavras põem fim
aos relacionamentos, dão ordem de ataque, acariciam e destroem. E certamente as
palavras movem montanhas do coração e abrem caminhos na alma.
Nada mais se
deseja ouvir que uma boa palavra, um carinho na voz, uma sábia lição. Do
contrário, o veneno respingado pode causar mortal sofrimento.
Está em
Provérbios 16,24: Palavras gentis são um favo de mel, doçura para a alma e
saúde para o corpo.
No mesmo
Provérbios, 12,6, consta que as palavras dos ímpios são emboscadas mortais. E
ainda: Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura.
(12,18).
Já dizia
Victor Hugo que as palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade. A
verdade é que as palavras possuem muito mais consequências do que imagina
aquele que pronuncia.
Ao ouvido e ao
coração de quem são dirigidas, as palavras podem chegar como punhais
lancinantes, como lâminas ávidas por ferir, como espinhos pontudos, como jatos
envenenados de ódios e de calúnias.
Como afirma
Ana Lopes (“Certas palavras machucam...”, em
http://analopes9.blogspot.com.br/2012/08/certas-palavras-machucam.html):
“Certas palavras machucam como espinhos que fincam no peito e deixam marcas.
Tais palavras incertas rasgam por dentro e ferem por fora, e te ferem tão
profundo quanto um corte e faz uma cicatriz invisível e permanente, e que
constantemente será lembrada, mas serve para evitar novos erros e espalhar mais
dessas cicatrizes pela sua alma. Certas palavras machucam e não se vê o quanto
você chora por dentro. Palavras de tão incertas, escapam às vezes. Machucam
depois de serem ditas. Mal-ditas. Nem sempre são ditas com verdade, são
pronunciadas por causa da dor, da raiva, do medo, do momento… E se soubessem a
dor que causam, antes nunca seriam ditas. Certas palavras carregam consigo uma
força enorme, às vezes não pelo peso de si mesmas, mas pelo valor que
atribuímos a quem diz tais palavras... A força com que elas são proferidas
deixam marcas, e dói. A palavra que fere e dói, ditas no calor de mágoas ou
discussões penetram como flecha envenenada”.
Já disse o
profeta que o amanhã é feito da palavra de agora. E com razão. Não há como
frutificar na palavra má, no ódio, na calúnia, na difamação. Ademais, ou há
encorajamento na palavra ou esta carente ficará de sua seiva maior.
Malditas as
bocas que se abrem para proferir aleivosias, para as falsidades, para as
covardias. Imagina-se que logo se dissiparão ao vento. Mas não. Diferentemente
do que ocorre com a doce palavra, que intimamente acaricia, a palavra ferina
logo se torna em turbilhão devastador.
Quem já não
foi acometido pelas consequências de uma mentira, de uma falsidade ou de uma
vileza de alguém? Quem já não sentiu o chão se abrir aos pés ao ouvir - ou
ficar sabendo por outra pessoa - um mal injusto contra si proclamado? Quem já
não teve vontade de reagir com palavras ainda mais desproporcionais às
afirmações covardes e mentirosas?
Mas também a
busca pela palavra mais doce ainda que aquela palavra doce ouvida. Qual o
enamorado não gosta de ouvir do outro um leve e terno “te amo”? Qual coração
não palpita ante a palavra desde muito esperada?
As palavras
existem em profusão. Ferem, retalham, matam, causam terríveis sofrimentos. Mas
as palavras doces também existem. E são estas que alentam espíritos, almas e
corações, pelas verdades sublimes nelas contidas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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