Por Paulo
Britto
- “Se
desejam o término do cangaço com o episódio de Angico considero uma aberração,
final trágico e desabonador da saga de homens assassinos, porém, valentes e
destemidos”.
Tenente João Bezerra, pai de Paulo Britto e matador de Lampião
Paulo Britto:
Desconheço qualquer outro final para o cangaço que não seja o do Combate em
Angico. O final de “Buritis de Minas Gerais” foi um fiasco, que não tem
consistência, nem para ser citado. Quanto ao final trágico e desabonador da
saga “de homens assassinos, porém, valentes e destemidos”, acredito que se a
volante fosse dizimada por causa de um comandante irresponsável e incompetente
atendesse melhor ao final pretendido pelo pesquisador, enquanto aos homens
assassinos, o fato de serem valentes e destemidos, não os credita a ter um
final diferente ao de Angico, no calor do combate e pelo currículo de
atrocidades dos cangaceiros, o comandante do combate teve sim, um comportamento
ético e profissional em segurar os instintos das feras que combatiam os
bandidos perversos e sanguinários.
- “A
descrição concebida pelos escritores, jornalistas, pesquisadores deixam Gengis
Kan, Napoleão, Júlio César (O imperador), Al Capone, Billys the Kid, Kelly (e
seu bando), Hitler e muitos outros, fichinha frente aos cangaceiros”.
Paulo Britto:
A colocação feita aos escritores, jornalistas, pesquisadores é no mínimo
desmerecida e desrespeitosa.
“Os cachorros
pela primeira vez estavam sonolentos e teriam perdido o faro. Dormiam nas
pernas dos seus donos. Junto aos cachorros deveriam estar às sentinelas que
devem ter esquecido as suas responsabilidades junto ao grupo. Falha lamentosa”.
Paulo Britto:
Os comentários sobre os cachorros e sentinelas só demonstra o desconhecimento
do tema ou uma brincadeira equivocada.
-“Tempo de inverno,
água no riacho, onde fixar a tolda e dormir?”
Paulo
Britto:Todos, sem exceção, os que acamparam, os que visitaram, os que
confrontaram, os que averiguaram, constataram a existência do acampamento tão
improvável para o pesquisador.
“Se a
volante possuía duas metralhadoras não ficava um pé de macambira para contar a
história. Por que conseguiram se salvar muitos cangaceiros? O cerco não foi
cerco. É piada.”
Paulo Britto:
Reforçando a tese do pesquisador afirmo ter contado a volante com mais de duas
metralhadoras. Quanto à sobrevivência de 24 cangaceiros ou mais, os
sobreviventes sempre relataram, ao seu modo, como escaparam ao cerco que de
fato a contragosto do comandante não chegou a se efetuar como planejado. A
“piada” e a graça ficam por conta de quem reconta o fato.
“O
suicídio de Luiz Pedro é fantástico. É advertido ao cangaceiro que Lampião
estava morto e que ele fosse à luta. Ao chegar junto ao amigo, assim falou:
“-Compadre, eu lhe disse que lutaria com você até a morte”. No trajeto, o Pedro
perdeu a coragem que foi possuidora desde os tempos em que esteve no Rio Grande
do Norte, em 1927.”
Paulo Britto:
O suicídio de Luiz Pedro do Retiro, para quem toma conhecimento do tema pela
primeira vez, afirmo não ter existido. Ele realmente foi morto por tiro do
volante Antônio Jacó. Quanto à frase supostamente colocada como sendo de Luiz
Pedro, é a primeira vez que vejo a mesma ser citada. E covarde, ele jamais foi.
José
Sereno à esquerda
“Capitão, a
tampa da garrafa tem um pequeno furo”. O chamamento da atenção não foi
levado em consideração. Por quê?”
Paulo Britto:
A observação proferida por José Sereno é uma das demais teses do envenenamento
ocorrido em Angico, que os escritores, pesquisadores e até mesmo os meninos
buchudos já não toleram mais ouvir. Esta foi rechaçada por falta total de
embasamento, principalmente, cientificamente, que o diga o brilhante Dr.
Leandro Cardoso Fernandes.
Obs.: As
colocações por mim destacadas neste primeiro momento, não parecem apropriadas a
uma pessoa que tenha, aparentemente, um conhecimento de pesquisador, que queira
ser levado, pelo menos, um pouco a sério. Assemelham-se mais a uma pessoa
contraditória que quer fazer graça com um tema tão sério.
“Naquela
manhã chovia na área. Comprove esta afirmação no livro de João Bezerra, onde
solicita aos seus comandados que: ““-Tenham cuidado em pisar no chão para não
fazer barulho com as folhas secas””. Parece-nos que a chuva não atingia as
folhas, enquanto o restante do chão corria água”.
Paulo Britto:
Essa colocação, de caráter jocoso, parece a tônica das colocações do pesquisador,
mas que não se coaduna com a formação e experiência que o oficial já era
detentor naquele dia.
“A
coragem da volante (grupo de militares) era tamanha que o comandante permitiu o
uso de cachaça para quem desejasse criar coragem.”
Paulo Britto: A
bebida jamais foi o indutor de coragem na volante de João Bezerra, a partir do
seu comandante e componentes, como o Sargento Aniceto Rodrigues, soldado
Antônio Jacó e tantos outros de reconhecida valentia.
“Aos registros
feitos por todos que escreveram sobre o tema, mostram que as relações entre o
chefe cangaceiro e o militar aconteciam para um jogo de 31, compra e venda de
armas e munição”.
Paulo Britto:
Declarar a unanimidade, dizer que “todos os escritores” afirmam ter havido um
relacionamento entre João Bezerra e Lampião para jogo, bebida e/ou venda de
armas e munições, é no mínimo uma colocação insana, irresponsável e descabida.
Paulo Britto:
O ganhador do prêmio oferecido pelo governo da Bahia, não só é do conhecimento
da grande maioria dos escritores e pesquisadores, como está registrado em
muitas obras, só é surpreendente o fato do pesquisador, até o momento, ainda
não seja detentor deste conhecimento. Mas vamos informá-lo: Em, 22-dez. 39 –
Recebeu do interventor federal deste estado, referente a prêmio instituído a
coluna que extinguiu “Lampião”, assim distribuído: pelo estado de Alagoas –
5:000$000 (cinco contos de réis), pelo estado da Bahia – 20:000$000. Bol. Nº
289. Boletim da Polícia Militar de Alagoas.
“Quem nominou
as cabeças errou gravemente. Muitos escritores colocam nos seus relatos que
metade das cabeças tem o mesmo nome. A partir do meio (fotos das cabeças) para
cima seja como Deus quiser. Encontraram um cangaceiro que só aparece naquele
momento chamado de Desconhecido?.”
Paulo Britto:
Me surpreende o suposto despreparo dos escritores, alegada pelo pesquisador,
que nem a informação dos nomes dos cangaceiros mortos em Angico conseguiram
identificar, e que o nome de Desconhecido é desconhecido, ou melhor: o nome do
cangaceiro morto, se desconhece, portanto, foi posto no cruzeiro de Angico,
Desconhecido. E na relação dos nomes consta “Não conhecido”.
“O matador dos
onze cangaceiros diz que feito o cerco tiveram que recuar. Ora, difícil era
chegar perto daquelas feras, quanto mais, ter a chance de ir e voltar.”
Paulo Britto:
O cerco objetivado em Angico, mesmo que ele não tenha se efetuado na plenitude,
gerou um ataque crescente, sem recuo. Desconheço nos combates travados pela
volante formada por meu pai, qualquer tipo de recuo.
“Quem traiu?
Afirmam que o grande traidor foi o homem que se caracteriza como seu
matador, ou seja, João Bezerra.”
Paulo Britto:
João Bezerra foi um perseguidor empenhado em não dar trégua aos cangaceiros,
reconhecido pelos seus pares e superiores, ao ponto de ganhar de Lampião o
apelido de “Cão Coxo”, coxo em decorrência da redução de 04 cm em uma
das pernas e cão, imagine o motivo. Em entrevista dada pelo então Cap. Manuel
Neto, após a morte de Lampião, referia-se a meu pai dizendo: - “O Tenente João
Bezerra a quem conheço pessoalmente, é um official disposto, disciplinado e
muito bem quisto no seio da Polícia Alagoana e dos Estados vizinhos”.
Como
imputar a um homem deste um relacionamento com Lampião?
Paulo Britto
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2011/03/joao-bezerra-e-o-angico.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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