Por Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Não tenho
dúvidas que outros cemitérios foram construídos para atender ao povo de Pombal.
Pela tradição católica devo crer que o primeiro tenha sido construído nas
proximidades da Igreja do Bonsucesso (hoje igreja do Rosário), do qual não
existe mais o menor indicio, e que atendia ao Clero e as “famílias benfeitoras”
da Vila. Uma cidade com 245 anos não pode ter apenas um cemitério com 157 anos.
A pergunta é: onde estão os resquícios dos cemitérios anterior a 1860?
Já ouvi
conversas de pessoas mais antigas que dão notícias de escavações de alicerces
nas imediações da Igreja do Rosário onde foram encontradas ossadas, de forma
que o nosso povo condicionou a chamar o local de “cemitério dos índios”. Mas, a
pergunta continua: onde Pombal sepultava seus mortos antes da construção do
Cemitério de Nossa Senhora do Carmo?
Cemitério
Nossa Senhora do Carmo - Pombal - Paraíba
Destaca-se o
portão descrito por Verneck Abrantes de Sousa, confeccionado em ferro fundido,
com o escudo da Coroa Imperial: “a beleza do seu portão trabalhado em ferro,
duas figuras do anjo Guardião com asas, esculpidos ao alto e a olhar para o
céu. Como um mistério, ninguém mais sabe desse portão, simplesmente
desapareceu. ”
Há notícias de
um cemitério improvisado, nas imediações do local onde foi erguida a Cadeia
nova da cidade (existe ali um projeto de novo Cemitério). O local passou a ser
conhecido como “cemitério do Cólera”. Na verdade, era apenas um local onde
“despejavam-se” as vítimas dos surtos do cólera de 1856 e 1862. (Não havia um
cercado ou uma Capela, como é da tradição católica).
Meu tio, Negro Cândido, irmão da minha avó, que nasceu no início do século XIX, certa vez me
apontou aquele local como sendo o “cemitério do cólera”.
-Você sabia
que no inverno aqui davam as melhorias melancias de Pombal? Isso por que essas
terras eram adubadas com os corpos das vítimas do cólera. Disse-me em tom de
brincadeira.
Nos dias
atuais um outro cemitério foi construído, acho que no ano de 1974: o São
Francisco de Assis, no bairro Francisco Paulino.
O primeiro
cemitério no sertão, construído após a peste do Cólera, teve início em 1855, na
vila de Piancó. Porém, em 1850 que já havia uma aprovação da Assembleia
Provinciana para a criação do cemitério nas cidades da Paraíbas. Mas, somente
em 1856 foram criados cemitérios nas vilas de Sousa, Pombal, Patos, Catolé do
Rocha, Alagoa Nova, Pilar, Bananeiras, Cabaceiras e Santa Rita, lugares mais
afetados pela epidemia do cólera. ( *)
Já a
construção do Cemitério de Nossa Senhora do Carmo, teve início em 1860.
Eu acredito
que o local onde foi construído o Cemitério de Nossa Senhora do Carmo já era um
local de sepultamento improvisado, e que entre 1856 e 1860 veio a verba para a
construção. Ao contrário, teríamos indícios de um outro cemitério pré 1860, já
que a tradição de cuidados com os mortos era muito forte até o fim do sec. XIX,
não havendo a menor possibilidade de um cemitério simplesmente desaparecer da
face da terra após a construção de um novo.
Na fotografia
acima observa-se, por descrição de Verneck Abrantes “a beleza do seu portão
trabalhado em ferro, duas figuras do anjo Guardião com asas, esculpidos ao alto
e a olhar para o céu. Como um mistério, ninguém mais sabe desse portão,
simplesmente desapareceu. ”
Cemitério
Nossa Senhora do Carmo - Pombal - Paraíba
Pelo menos no
século XX o Cemitério de Nossa Senhora do Carmo passou por duas ampliações,
mas, o que mais nos chamar a atenção é o desaparecimento desse portão descrito
por Verneck, confeccionado em ferro fundido, com o escudo da Coroa Imperial.,
que sumiu do nada, sem deixar nenhum rastro. Portão idêntico existe no
cemitério da vizinha cidade de Sousa (foto colorida), que segundo os nossos
vizinhos, foi doado, concomitante ao de Pombal, pelo imperador dom Pedro II
(Reinado de 7 de abril de 1831; a 15 de novembro de 1889).
Cemitério
São João Batista - Sousa - Paraíba
Um dos túmulos
mais antigos do Cemitério de Nossa Senhora do Carmo, em bom estado de
conservação, é o do Dr. Francisco Leal de Miranda, que faleceu há 132 anos, no
dia 19 de fevereiro de 1885, com apenas 36 anos de vida.
Cemitério
São João Batista - Sousa – Paraíba
O Juiz
Francisco Leal de Miranda presidio o primeiro julgamento de Maria da Conceição,
que aconteceu no dia 27 de setembro de 1883, fato que eu conto no meu livro “O
CRIME DA RUA DA CRUZ”, (Editora Imprell, 2012)
(*)Fonte:
Revista História e Estudos /Fênix/UFPB “O Medo Anunciado: a febre amarela e o
cólera na província da Paraíba 1850-1860” Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano*
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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