Sexta-feira dia 25 deste mês de 2017, encontro do poeta mossoroense Antonio Francisco com a jornalista da Globo Fátima Bernardes.
Antônio
Francisco Teixeira de Melo (Mossoró, 21 de
outubro de 1949) é um cordelista potiguar. É filho de
Francisco Petronilo de Melo e Pêdra Teixeira de Melo.
Graduado em
História pela Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte (UERN). Poeta popular, cordelista, xilógrafo e
compositor, ainda confecciona placas.
Aos 46 anos,
muito tardiamente, começou sua carreira literária, já que era dedicado ao
esporte, fazia muitas viagens de bicicleta pelo Nordeste e não tinha tempo para
outras atividades. Muitos de seus poemas já são alvo de estudo de vários
compositores do Rio Grande do Norte e de outros estados brasileiros,
interessados na grande musicalidade que possuem ele estudou na escola situada
em Mossoró na (UERN). Ele não era analfabeto como Patativa do Assaré
Em 15 de Maio de 2006, tomou posse
na Academia Brasileira de
Literatura de Cordel, na cadeira de número 15, cujo patrono é o saudoso
poeta cearense Patativa do Assaré. A partir daí, já vem sendo
chamado de o “novo Patativa do Assaré”, devido à cadeira que ocupa e à
qualidade de seus versos. (Wikipédia)
Vídeo acima publicado em
16 de mai de 2014
Neste segundo
vídeo o Poeta mossoroense Antônio Francisco declama o poema "A casa que a
fome mora". O artista se apresentou durante o II Seminário Internacional
Diálogos com Paulo Freire, em abril. Você gosta de causos e poemas? Aprecia a
cultura tipicamente nordestina/regional? Então fique ligado, em breve o seu
Canal Extra Classe Web TV disponibilizará mais causos e poemas do poeta de
Mossoró.
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A
CASA QUE A FOME MORA
POESIA DO GRANDE POETA ANTÔNIO FRANCISCO POSTADA POR JOSÉ AUGUSTO EM 14-02-2010.
A Casa que a Fome Mora
Eu de tanto ouvir falar
Dos danos que a fome faz,
Um dia eu sai atrás
Da casa que ela mora.
Passei mais de uma hora
Rodando numa favela
Por gueto, beco e viela,
Mas voltei desanimado,
Aborrecido e cansado.
Sem ter visto o rosto dela.
Vi a cara da miséria
Zombando da humildade,
Vi a mão da caridade
Num gesto de um mendigo
Que dividiu o abrigo,
A cama e o travesseiro,
Com um velho companheiro
Que estava desempregado,
Vi da fome o resultado,
Mas dela nem o roteiro.
Vi o orgulho ferido
Nos braços da ilusão
Vi pedaços de perdão
Pelos iníquos quebrados,
Vi sonhos despedaçados
Partidos antes da hora,
Vi o amor indo embora,
Vi o tridente da dor,
Mas nem de longe via a cor
Da casa que a fome mora.
Vi num barraco de lona
Um fio de esperança,
Nos olhos de uma criança,
De um pai abandonado,
Primo carnal do pecado,
Irmão dos raios da lua,
Com as costas seminuas
Tatuadas de caliça,
Pedindo um pão de justiça
Do outro lado da rua.
Vi a gula pendurada
No peito da precisão,
Vi a preguiça no chão
Sem ter força de vontade,
Vi o caldo da verdade
Fervendo numa panela
Dizendo: aqui ninguém come!
Ouvi os gritos da fome,
Mas não vi a boca dela.
Passei a noite acordado
Sem saber o que fazer,
Louco, louco pra saber
Onde a fome residia
E por que naquele dia
Ela não foi na favela
E qual o segredo dela,
Quando queria pisava,
Amolecia e Matava
E ninguém matava ela?
No outro dia eu saio
De novo a procura dela,
Mas não naquela favela,
Fui procurar num sobrado
Que tinha do outro lado
Onde morava um sultão.
Quando eu pulei o portão
Eu vi a fome deitada
Em uma rede estirada
No alpendre da mansão.
Eu pensava que a fome
Fosse magricela e feia,
Mas era uma sereia
De corpo espetacular
E quem iria culpar
Aquela linda princesa
De tirar o pão da mesa
Dos subúrbios da cidade
Ou pisar sem piedade
Numa criança indefesa?
Engoli três vezes nada
E perguntei o seu nome
Respondeu-me: sou a fome
Que assola a humanidade,
Ataco vila e cidade,
Deixo o campo moribundo,
Eu não descanso um segundo
Atrofiando e matando,
Me escondendo e zombando
Dos governantes do mundo.
Me alimento das obras
Que são superfaturadas,
Das verbas que são guiadas
Pro bolsos dos marajás
E me escondo por trás
Da fumaça do canhão,
Dos supérfluos da mansão,
Da soma dos desperdícios,
Da queima dos artifícios
Que cega a população
Tenho pavor da justiça
E medo da igualdade,
Me banho na vaidade
Da modelo desnutrida
Da renda mal dividida
Na mão do cheque sem fundo,
Sou pesadelo profundo
Do sonho do bóia fria
E almoço todo dia
Nos cinco estrelas do mundo.
Se vocês continuarem
Me caçando nas favelas,
Nos lamaçais das vielas,
Nunca vão me encontar,
Eu vou continuar
Usando o terno Xadrez,
Metendo a bola da vez,
Atrofiando e matando,
Me escondendo e zombando
Da Burrice de vocês.
Postado
por UMA ACORDA DE CORDEL
http://cordeljoseaugusto.blogspot.com.br/2010/02/casa-que-fome-mora_973.html
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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