*Rangel Alves da Costa
Todos de Poço Redondo - e até da capital sergipana e outras distâncias nordestinas - sabem muito bem o quanto venho lutando pelo reconhecimento e valorização de nosso potencial, histórico, cultural, turístico e geográfico. E uma luta não apenas para dizer que Poço Redondo tem, que é rico em potencialidades, que é um orgulho para o conterrâneo e para o sertanejo, mas principalmente para que nossas riquezas passem a ter visibilidade, sejam responsavelmente exploradas e, por consequência, passem a gerar emprego, renda, benefícios às comunidades ribeirinhas, de artesãos, de artistas, de pequenos empresários da gastronomia regional, de guias turísticos, enfim, de todos aqueles que se envolvam com nosso produto econômico mais precioso e que nunca foi explorado: o turismo histórico, o turismo geográfico, o turismo cultural.
Ora, temos Angico, temos Maranduba, temos a Serra e o Quilombo da Guia, temos a Estrada de Curralinho, temos cavalhadas, cavalgadas, vaquejadas, temos o Mestre Tonho, temos Zefa da Guia, temos a memória de Alcino Alves Costa, temos grupos de xaxado da melhor qualidade, temos folguedos e tradições, temos maravilhosos artesãos do couro e do barro, do bordado e da renda, temos artistas surpreendentes, temos cordelistas e escritores, tempos uma riqueza sem fim.
E onde tudo sempre permaneceu? Quase no esquecimento ou no esquecimento total. As demais gestões, ao promoverem eventos relacionados à cultura poço-redondense, sempre o fizeram no âmbito escolar, em datas que chamavam às escolas municipais à participação. Mas nunca para traçar uma estratégia de cuidado contínuo com as nossas riquezas, atrativos e potencialidades. E isso também foi um erro de meu pai Alcino quando prefeito por três gestões, pois nunca teve a visão de semear desde aqueles idos aquilo que mais tarde seria muito cobrado por ele próprio. Como todos sabem, já afastado de disputas eleitorais, Alcino se entregou de corpo e alma à defesa da história e da cultura de seu tão querido Poço Redondo. E foi a partir de sua luta que Poço Redondo passou a ser conhecido e valorizado noutros rincões brasileiros. E também ele próprio, pois é infinitamente mais valorizado como escritor e pesquisador noutras regiões brasileiras do que no seu berço de nascimento e luta.
Meu pai ainda estava entre nós quando eu já - e desde muito - seguia os passos de sua luta. Sempre fui defensor do alavancamento de nossas potencialidades e também crítico voraz de todo aquele administrador que sempre negligenciou nossa história, nossa cultura, nossas potencialidades turísticas, nossas imensas riquezas. Mas jamais fui ouvido pelos gestores, jamais tive ressonância em qualquer pleito que fizesse na luta por uma política cultural séria para o nosso município. O que pedi pelo Memorial também me foi negado, que era uma simples ajuda para sua manutenção. Mas mantive e manterei assim mesmo, ainda que somente eu saiba o quanto dói saber que uma administração municipal simplesmente dá “banana” para tudo que permita valorização de nossa história e de nossa cultura.
Mas, enfim, sinto que algo de bom vem lentamente surgindo. Como escrevi outro dia, aquela luz tão esperando no fim do túnel já começa a faiscar, já começa a acender. Afirmo isso por que sinto no prefeito Júnior Chagas um real comprometimento com aquilo que Alcino, Rangel, Belarmino e tantos outros, sempre lutaram, mas que sempre foi negligenciado, simplesmente deixado de lado. Sinto em Júnior Chagas não só a palavra de compromisso como a ação efetiva. Exemplo maior é a sua postura com relação ao Cariri Cangaço Poço Redondo 2018: Vamos fazer. Vamos fazer e o mais bonito que possa existir. Para tal a prefeitura municipal de Poço Redondo não medirá esforços.
Ora, não é todo dia que um prefeito vai sentir de perto, em terras distantes, a importância de um evento tão grandioso como o Cariri Cagaço. E o prefeito Júnior Chagas esteve em Exu para conhecer e manter os primeiros contatos com os responsáveis pelo evento. Igualmente não é todo dia que um prefeito faz questão de receber na prefeitura um grupo imenso de conselheiros, escritores, pesquisadores e estudiosos, todos envolvidos com o Cariri Cangaço. E isso ocorreu no último dia 08.
E mais. Fez questão de comparecer a Curralinho, local da primeira reunião geral para o Cariri Cangaço Poço Redondo 2018, levando consigo grande parte de seus auxiliares. Tal atitude não objetivou mostrar força administrativa, e sim fazer com que seus auxiliares, desde aquele momento, conhecessem a importância do evento e chamassem para si também a responsabilidade pelo seu sucesso.
E o prefeito surpreendeu-me ainda mais. Fez questão de convidar Manoel Severo (curador e principal responsável pelo Cariri Cangaço) e também Rangel para que o acompanhasse na viagem, no seu veículo. O que ouvi do prefeito durante o percurso me deu a certeza de que doravante - e com fé em Deus - Poço Redondo vai se orgulhar ainda mais de suas riquezas históricas e culturais. Enfim, aquela luz tão esperada!
Escritor
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