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sábado, 18 de novembro de 2017

ATAQUE DA COLUNA PRESTES À CIDADE DE PIANCÓ

Material do acervo do pesquisador do cangaço José João Souza

O ataque dos revoltosos à cidade de Piancó, no Estado da Paraíba, realizado no dia 9 de fevereiro de 1926, comandado por Cordeiro de Farias, no qual foi assassinado o Padre Aristides Ferreira da Cruz e mais uma dezena de combatentes, pode ser classificado como sendo um acontecimento trágico, acontecimento este que poderia ter sido relevado a um acontecimento banal e rotineiro. 

Padre Aristides Ferreira da Cruz

Mas, o alheamento dos dirigentes da Coluna com relação à sociedade sertaneja, sua cultura e seus valores éticos, enfim, o desconhecimento total da história da região, acabou por determinar o ataque brutal e insensato. O líder de Piancó era o Padre Aristides, nascido no ano de 1872, na fazenda Alegre, hoje município de Pombal. Sacerdote, político e professor em todas estas atividades. Exercendo o sacerdócio, adquiriu um grande respeitabilidade entre os habitantes da região. O seu trucidamento às mãos dos revoltosos provocou uma grande indignação entre os sertanejos. 

Sobre esse assunto, escreve Souza Barros o seguinte: “esse incidente talvez tivesse ditado a atitude dos sertanejos na sua resistência à Coluna.

O padre católico recebia e ainda recebe no interior uma consagração e respeito integrais. Uma população fanatizada a ponto de criar o mito de Padre Cícero não admite que seus líderes carismáticos sejam atingidos”.

Cordeiro de Farias, que foi o chefe do destacamento da Coluna que atacou Piancó pagou um alto preço no decorrer de sua vida pública, por ter cometido um erro político de tal dimensão. Este ataque a uma obscura cidade do sertão deslustrou sua carreira de militar e prejudicou suas aspirações políticas.

Quando candidatou-se ao Governo de Pernambuco, para suceder Etelvino Lins, circulou um folheto entre a população do Estado responsabilizando-o pela morte do Padre Aristides. O folheto dizia o seguinte:

“Alerta pernambucanos
Da praça e do cafundó
Que Cordeiro de Farias
Foi quem matou sem ter dó
O Padre Aristides da Cruz
Da cidade de Piancó
No açude sangrou o Padre
Com seu ferro tirano
Fez ele beber o sangue
Com seu gênio desumano
Como quem não tinha vindo
Do ventre do ser humano
Depois que ele fez o Padre
Beber sangue em golfadas
Cortou os membros do Padre
E com ações desgraçadas
Botou na boca do Padre
As partes emasculadas”.


Os efeitos negativos da desastrada operação militar comandada por Cordeiro de Farias logo se fariam sentir, aumentando o fosso que existia entre o mundo subjetivo dos dirigentes da Coluna e o mundo objetivo formado pela história sertaneja.

Apesar da evidência palpável do erro político cometido ao ataque de Piancó, manifestado no imediato retraimento da população sertaneja com relação à Coluna. O General Cordeiro de Farias tentou justificar a sua atitude, afirmando o seguinte: 

“O Padre Aristides, cujas ordens religiosas estavam suspensas, era um chefe político que, embora tivesse seus aliados, tinha também inimigos em toda aquela região da Paraíba. Então, começamos a receber manifestações de regozijo por termos acabado com ele”.

Fonte: Sertão Sangrento - Luta e Resistência
De: Jovenildo Pinheiro de Souza

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