Por José Mendes Pereira
O lugarejo
todo já tinha sido informado que o sanguinário e perverso Virgolino Ferreira da
Silva o capitão Lampião estava para chegar. O cangaceiro não tinha dó de
ninguém, e cada indivíduo, tomasse um lugarzinho para se proteger dos absurdos
que ele praticava. Intimidava o sujeito só com um grito. Enfiava seu punhal com
mais de 80 centímetros pela clavícula do marcado para morrer, rasgando todo o
intestino, e atirava sem escolher quem, só para ver a queda do infeliz.
O vigário da
pequena capela do vilarejo celebrava a missa, mas não temia a sua chegada,
porque Lampião não batia e nem matava padre. O seu medo, era que, além de bater
nos fiéis da igrejinha, ele poderia levar todo o dinheiro que arrecadara no
momento da missa.
O dono de uma
pequeninha lanchonete precisava se ausentar do seu comércio, e ao sair, disse
ao seu empregado:
- Eu tenho que
resolver algumas coisas na feira, e talvez eu não volte mais hoje. Se você
ouvir falar que o capitão Lampião está no lugarejo, dê por encerrado o
movimento de fregueses. Cuida logo de baixar as portas, e não se demore, faça
fiapo em busca de casa. O capitão Lampião não tem nem um tico de dó de ninguém,
e o melhor mesmo é prevenir, para não passar por vexames. O que a gente sabe o
que ele faz por aí, não evitará de fazer também aqui no nosso vilarejo.
- Sim senhor!
- Respondeu o empregado.
Mas assim que
o dono da lanchonete saiu, infelizmente, chegou pelas laterais da lanchonete um
homenzarrão usando chapéu de couro, um facão, uma espingarda e um enorme
bornal. O suposto cangaceiro parecia o "king Kong", barbudo, braços
grossos, de voz assustadora. Chegara montando numa égua brava. Mas ela parecia
temê-lo, e ficou quietinha em seu lugar. Nem precisou ser amarrada. E foi
aquela correria. Mulheres, meninos, e até os homens estavam nervosos.
E alguém que
já corria pelas avenidas com medo, desesperadamente, gritava:
- Pelo amor de
Deus, gente, corra que o capitão Lampião já está no nosso vilarejo! E traz nas
mãos, um facão, uma espingarda e um enorme bornal cheio de balas.
Um velho
sapateiro que cochilava em uma espreguiçadeira de frente à rua, ao ver o
suposto capitão Lampião, ficou morrendo de medo, e ao se levantar, caiu lá
embaixo da calçada. E assim que ficou em pé, tentou correr, mas caiu desmaiado.
Um comerciante
ambulante que vendia miudezas em uma bicicleta, ao correr, perdeu todas suas
bugigangas, restando-lhe apenas em seu poder, a bicicleta, que logo cuidou de
montar, e, rapidamente, mesmo desajeitado, entrou de mata adentro pedalando.
Os homens do
vilarejo não esperaram por nada, e não quiseram saber nem um pouco do capitão
Lampião, entraram de mata adentro.
O dono de um
barzinho de pinga, no alvoroço, querendo se salvar das enormes mãos do
cangaceiro, enrolou-se a uma cadeira ginga-ginga, e foi ao chão. E ao levantar
a vista, viu o valentão entrando com seus passos longos e desajeitados, e foi
logo de encontro a ele, gritando com um assustador vozeirão:
- Me dá uma
cachaça aí logo, sua peste!
E lá se veio o
homem correndo com a garrafa de cachaça nas mãos. Caso demorasse a servi-lo,
poderia pagar caso para ele.
O capitão
Lampião não esperou que o empregado abrisse a garrafa. Arrebatou-a das suas
mãos, quebrou o gargalho sobre o balcão, e bebeu tudo de uma vez só, nem ligou
para pedaços de vidro.
O comerciante
já havia dito a Deus que iria devolver o seu espírito, pois diante daquele
homenzarrão, já sabia qual seria o seu caminho.
- O senhor
quer outra! - perguntou o empregado procurando agradá-lo, já se desmanchando em
urina e outras coisas estranhas.
- Não, peste!
A que eu tomei já é o suficiente! – Dizia ele com a cara de mal.
O cangaceiro
saiu do bar, cuspiu fortemente, pigarreou, pôs uma enorme marca de fumo na
boca, sempre observando o espaço prum lado e pro outro, montou-se na sua égua
brava, e antes de sair, o comerciante perguntou-lhe:
- O senhor é
Virgolino Ferreira da Silva o capitão Lampião?
- Por que sua
peste me pergunta isto?
- É porque nos
jornais de hoje publicaram que o capitão Lampião já entrou no lugarejo, e com
certeza, irá decepar muitas cabeças de quem é morador daqui. Peste ruim, ele
não deixa um vivo, degola todos! E vem com uma grande quantidade de
marginais...
- O que me
diz? - perguntou ele com espanto.
- Sim
senhor...!
- Eu quero lá
saber do capitão Lampião! Deus me livre eu encontrar com aquela peste! Deus me
livre!
E sem mais
demora o suposto capitão Lampião esporeou a sua égua, e saiu rapidamente do
lugarejo, com medo do capitão Lampião. Ao sair do bar, esqueceu de levar o
bornal. Verificado o que carregava dentro dele, estava cheio de rolinhas,
avoantes, asas-brancas, preás, Inhambus, papagaios,...
O homenzarrão
era apenas um veterano caçador, e não fazia mal a ninguém, só tinha tamanho e
avantajado corpo. Medroso ao extremo.
"Não usa este material como sendo da literatura lampiônica".
"Não usa este material como sendo da literatura lampiônica".
Minhas simples
histórias
Se você não
gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixa-me pegar outro.
ALERTA AO
LEITOR E LEITORA!
Quando estiver
no trânsito, cuidado, não discuta! Se errar, peça desculpas. Se o outro errou,
não deixa ele te pedir desculpas, desculpa-o antes, porque faz com que o erro
seja compreendido por ambas as partes, e não perca o seu controle emocional,
você poderá ser vítima. As pessoas quando estão em automóveis pensam que são as
verdadeiras donas do mundo. Cuidado! Lembre-se de pedir desculpas se errar no
trânsito, para não deixar que as pessoas coloquem o seu corpo em um caixão.
Você pode não conduzir arma, mas o outro, poderá ter uma maldita matadora, e
ele poderá não perdoa a sua ignorância.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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