LAMPIÃO INTRODUZ O BUSTIER ENTRE SEUS GRUPOS CANGACEIROS...

Por Verluce Ferraz

A idéia de submeter à investigação determinadas pessoas e suas obras não são minhas, vem do pai da psicanálise, Sigmund Freud, que acreditava que as ciências poderiam revelar os desejos inconscientes de alguns personagens da história. 

Mesmo sabendo que algumas pessoas veneradas das mais diversas atividades artísticas, ao serem investigadas, pudessem se mostrarem constrangidas e até aqueles os que os cultuam também fossem levados à desilusão. Freud analisou obras de Leonardo da Vince, de Shakespeare, Jensen, Dostoievski, de Moisés (personagem bíblica), entre outros. E eu estou utilizando o mesmo método freudiano para analisar Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, para entender o porquê do uso dos penduricalhos e criação de seu figurino.

O cenário onde viveu o sertanejo de Villa Bella, no século passado, sem dúvida constituído a principal fonte de prazer. Toda sua história foi vivida no ambiente árido dos sertões. Sua vida e pensamentos eram atraídos pelo lugar; seus pensamentos e criações se harmonizavam perfeitamente. O cangaceiro mais temido da história dos sertões nordestinos, bem descreveu suas fantasias eróticas na letra de sua composição musical “mulé rendeira”. 

Ainda considerando como elementos mentais, suas vestimentas serão determinadas pelos elementos psíquicos; conseguia o prazer criando roupas e seus bordados. Embora não chegassem à imaginação de seus significados fetichistas, seus seguidores, homens e mulheres, usavam os modelos ‘Unissex’. Certamente o uso de faixas bordadas em volta dos bustos, estendeu-se a todos os cangaceiros lampiônicos. Sem causar quaisquer suspeitas nos seus usos, os bustiês faziam parte da indumentária dos cangaceiros. 

Os homens continuam usando os culotes; cabendo costume das saias às mulheres. O próximo passo de Lampião foi flexionar os modelos de bustiês “unigênero” a todos os seus grupos. Nos homens tem representação do califon (sutien) feminino. As usadas pelas mulheres comprimem os seios, revelando suas faltas de feminilidade. O uso de bustiês unissex entre grupos cangaceiros consegue o seus objetivo sem contudo despertar quaisquer suspeitas do seu conteúdo erótico...

Bibliografia:
Símbolos da transformação, d C.G. Jung
Obras Completas, Edição Standard Brasileira.Sigmund Freud.

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