Por José de
Paiva Rebouças
Não, não é
porque ele é uma esperança. Sua falta de experiência com o executivo, seu
desconhecimento em economia e sua postura de segregação das minorias o
incapacitam para administrar até uma bodega, que dirá um país desse tamanho.
Também não é
porque você é racista, sexista, misógino, preconceituoso. Você pode até ter
pensamentos que induzam a isso, mas certamente tem um parente ou amigo gay de
quem gosta muito; provavelmente seja mulher e conviva com gente de toda cor,
jeito e gosto. Nós brasileiros somos agregadores. Preferimos festa ao invés de
briga. Por isso, você também não quer andar armado.
Você vai votar
em Bolsonaro porque uma empresa inglesa teve acesso a suas redes sociais e tem
lhe manipulado criminosamente. É por isso.
A Cambridge
Analytica é uma empresa privada que combina mineração e análise de dados com
comunicação estratégica para o processo eleitora.
Você já ouviu
falar dessa empresa porque ela ajudou, de forma também criminosa, a eleger
Donald Trump nos EUA e, à época, você até criticou por isso.
Mas como isso
aconteceu? Lembra que em setembro passado o Facebook avisou que tinha sido
invadido (hackeado)? Segundo contou, mais de 400 mil usuários tiveram dados
roubados, e, a partir dessas contas, os hackers tiveram acesso a informações de
mais de 30 milhões de pessoas.
Com isso,
acessaram nome, gênero sexual, idioma, estado civil, religião, cidade de
origem, data de nascimento e as últimas pesquisas feitas na internet de cada
pessoa. Para completar, descobriram e-mails e telefones.
Lembra também
daquelas brincadeirinhas no Facebook que fazia você mudar a cara, e depois se
descobriu que eram pessoas tentando roubar seus dados? Você viu isso no Jornal
Nacional.
Aconteceu de
você também ter sido inserido em um ou vários grupos de política sem pedir e,
de repente, começar a receber uma enxurrada de informações de certo candidato:
Pois é, eu também.
Importante
relatar ainda que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho do Bolsonaro
que disse que só precisa de um soldado e um cabo para fechar o STF, esteve em
Nova York, no mês de agosto, para conversar com Steve Bannon, principal
estrategista de Trump.
Em agosto foi lá e, em setembro, o Facebook
foi hakeado no Brasil. Coincidência?
A Cambridge
Analytica chegou ao Brasil em 2014, através de uma parceria com um publicitário
baiano André Torretta, da Ponte Estratégia. Criada em 2014, a empresa inglesa
sempre teve como missão ajudar políticos conservadores.
Ceistopher
Wylie, um de seus colaboradores explicou que era preciso criar um perfil
psicológico do eleitorado para poder manipulá-lo. Para fazer isso, chamou
estudiosos de pesquisas psicossociais. Outro pesquisador, Aleksandr Koganb,
criou um aplicativo de celular para “roubar” dados privados do Facebook.
E assim foi
montado o esquema, reforçando com as malditas Fake Neus.
Bolsonaro
estava estagnado em 16% e ficaria em segundo lugar, atrás do candidato de Lula,
no primeiro turno. Mas, do dia pra noite – e não só por causa da facada –
cresceu para 25, 30, 31%, enquanto Haddad viu sua rejeição aumentar de 23% para
38%.
Neste mundo da
política não existe coincidência, principalmente quando o candidato que passa à
frente é uma pessoas que você não quer como seu amigo.
Não quero lhe
convencer a mudar o voto. Vote em quem quiser. Nem para dizer que você
concordou com as atrocidades de Bolsonaro. Duvido que seja agressivo e que
odeie as pessoas que pensam diferente de você.
Mas é seu
direito saber que foi manipulado através das plataformas digitais. No entanto,
isso não tira sua responsabilidade pelo que pode acontecer de errado depois
deste domingo. Pois lá no fundo, lá no seu íntimo, você também desconfiava
disso, mas achou melhor entrar na onda para ver no que vai dar.
Tomara que não
dê errado.
JORNAL DE FATO
Dia: 28
Mês: Outubro
Ano: 2018
Mês: Outubro
Ano: 2018
Cidade: Mossoró
Estado: Rio Grande do Norte
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