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quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O TRAUMÁTICO EXÍLIO DA FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA



Há exatos 129 anos atrás, um golpe de estado liderado por setores do exército apoiados por uma camada da elite insatisfeita com o Império, derrubou a Monarquia no Brasil e Proclamou a República. Naquela época, o Império já havia degradado quase toda a sua sustentação política, mesmo assim, a aprovação do imperador ainda era grande por parte da população.

O imperador estava em Petrópolis quando soube dos acontecimentos daquele 15 de novembro de 1889 e foi levado ao Rio de Janeiro. O desejo de Dom Pedro II era permanecer no Brasil, mas acabou sendo banido com toda a família real. Além do banimento, o governo republicano confiscou e leiloou muitos dos bens da família imperial. Em 1890, treze leilões de bens da Casa Imperial foram realizados.

No dia 7 de dezembro, o navio que os levou para o exílio chegou em Lisboa, porém a chegada da família imperial coincidiu com as cerimônias de ascensão do rei D. Carlos I, e logo o governo português informou Pedro que a presença de um soberano deposto não era bem vinda na capital naquele momento. Humilhados pela recepção, o imperador e a imperatriz foram para a cidade do Porto enquanto que Isabel e seus filhos partiram para a Espanha.

A MORTE DA IMPERATRIZ E DO IMPERADOR

No dia 24 de dezembro de 1889, véspera de Natal, a imperatriz e o imperador receberam a notícia oficial informando que estavam proibidos de retornar ao Brasil. A "notícia aniquilou a vontade de viver de D. Teresa Cristina". Pedro escreveu em seu diário no dia 28 de dezembro: "Ouvindo a Imperatriz queixar-se fui ver o que é. Está com frio e dor nas costas; mas não tem febre". A respiração de Teresa Cristina ficou cada vez mais pesada enquanto o dia passava. Após uma falha no seu sistema respiratório que a levou a uma parada cardiorrespiratória, a imperatriz veio a falecer às 14h daquele mesmo dia.

Em seu leito de morte, ela disse a Baronesa de Japurá, cunhada do Marquês de Tamandaré: "Maria Isabel, não morro de doença. Morro de dor e de desgosto". Suas últimas palavras foram: "Sinto a ausência de minha filha e de meus netos. Não posso abençoar pela última vez. Brasil, terra linda ... não posso lá voltar"

As ruas do Porto ficaram lotadas de pessoas que se reuniram para assistir a procissão fúnebre. O corpo de Teresa Cristina foi carregado até a Igreja de São Vicente de Fora perto de Lisboa e enterrado no Panteão dos Braganças, de acordo com o pedido de Pedro. A morte da imperatriz também trouxe grande comoção ao Brasil.

Após a morte da esposa, Dom Pedro II se estabeleceu em Paris. Seus últimos dois anos de vida foram solitários e melancólicos, vivendo em hotéis modestos com quase nenhum recurso, ajudado financeiramente pelo seu amigo Conde de Alves Machado e escrevendo em seu diário sobre sonhos em que lhe era permitido retornar ao Brasil.

Pedro morreu em 5 de dezembro de 1891, em razão de uma pneumonia. Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses últimos desejos, paz e prosperidade para o Brasil." Enquanto preparavam seu corpo, um pacote lacrado foi encontrado no quarto com uma mensagem escrita pelo próprio imperador: "É terra de meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria". O pacote que continha terra de todas as províncias brasileiras foi colocada dentro do caixão. A princesa Isabel desejava que fosse feita uma cerimônia fúnebre discreta para o pai, porém acabou aceitando o convite do governo Francês que pretendia realizar um funeral de Estado para o imperador. Milhares de personalidades compareceram, incluindo diversos membros da nobreza europeia. Apesar das tentativas do governo brasileiro em abafar as notícias sobre a morte do imperador, missas solenes ocorreram por todo o país, seguidas de pronunciamentos fúnebres em que se enalteciam D. Pedro II e o regime monárquico.

Os restos mortais do imperador e da imperatriz foram repatriados para o Brasil em 1921. Ambos receberam um local de descanso final na Catedral de S. Pedro de Alcântara, Petrópolis, em 1939, com uma cerimônia que contou com a presença do presidente Getúlio Vargas.

A foto abaixo mostra o corpo de Dom Pedro II em seu leito de morte. O livro embaixo do travesseiro sob a sua cabeça simboliza que, "mesmo após a morte, sua mente descansa sobre conhecimento".

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